terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Rap Kaiowaá: ritmo e poesia do povo Guarani - Ouça na Cultura AM de SP.

Para o povo Kaiowaá, a palavra é expressão sagrada. Acima, o grupo Brô MC's, indígenas da aldeia Jaguapiru Bororó, em Dourados (MS). Divulgação

Rap Kaiowaá: ritmo e poesia do povo Guarani

Ouça. Aqui

Julio de Paula | 05.01.2012
Tekohá é o lugar físico onde se realiza o teko, o modo de ser Guarani. Desde os anos 1980, o povo Kaiowaá, assim como seus parentes próximos, os Nhandeva, lutam pela retomada de seu território sagrado no Mato Grosso do Sul. Confinados em reservas superlotadas, os índios passaram a constituir acampamentos em pequena faixa de terra à beira das estradas ou ocupações em trechos de fazendas. Em ambos os casos, famílias extensas Guarani vivem sob a ordem de despejo. Em nome do desenvolvimento, o pasto, a soja e a cana de açúcar tomaram lugar da mata nativa. “Toda essa produção é irrigada pelo sangue Kaiowaá-Guarani”, diz o cacique Faride Mariano, da Terra Indígena Laranjeira Nhanderu, em encontro solidário promovido pelo Centro de Cultura Judaica, em São Paulo, em dezembro de 2011.
Natureza degradada, os Kaiowaá têm consciência de que o passado não volta. “Estamos cientes que a imensidão de fartura que a natureza oferecia antigamente não vai existir mais”, diz o índio. “Mas nós queremos os lugares onde estão tombados nossos tataravós e nossos parentes. A constituição federal nos garante isso”.



PALAVRAS VERBALIZADAS

A história de um Guarani é a história de suas palavras: escutadas e ditas, inspiradas e rezadas, pronunciadas em assembleia ou sussurradas na intimidade. Para o pesquisador Bartomeu Melià, a palavra está presente na educação e no convívio em comunidade. Ao Guarani, a palavra pode ser própria, poética, vinda pela inspiração, mas sempre colocada ao serviço de todos.
Más palavras nos noticiários de todo o Brasil anunciam subsequentes perseguições, assassinatos e chacinas com objetivo de extermínio das lideranças desse povo resistente. Os índios gritam por socorro. Empunhando o mbaraká, pronunciam suas palavras pedindo auxílio ao criador pela manutenção de seu modo de vida e salvaguarda do grupo.
“Nós somos o broto da terra do Brasil. Nós nascemos aqui, somos herdeiros dos nossos avós”, diz o cacique Faride, sobrevivente, na luta pelos Kaiowaá desde a adolescência.

É nesse panorama que quatro garotos se destacam na Reserva de Dourados: Bruno, Clemerson, Kelvin e Charlie, os Brô MC’s, o primeiro grupo de rap indígena que se tem notícia no Brasil. Neste programa um pouco da realidade Kaiowaá sob os cantos tradicionais e os novos cantos da aldeia.
 

  • Rap Kaiowaá: ritmo e poesia do povo Guarani - Veredas
_______________

BIBLIOGRAFIA

Spency Pimentel: “Cantos xamânicos: as palavras que agem” - Revista Índio, São Paulo, maio 2011.
Bartomeu Melià: “A história de um guarani é a história de suas palavras”

Cristiano Navarro: “Tem aldeia no hip hop” + CD Brô MCs

 

LINKS
Documentário “À sombra de um delírio verde”

ISA/Povos Indígenas no Brasil

_______________

Veredas

Rap Kaiowaá: ritmo e poesia do povo Guarani

Apresentação e produção: Julio de Paula

Nenhum comentário: