quinta-feira, 10 de julho de 2014

A força da ancestralidade no canto afro-sacro de nossos compositores e interprétes brasileiros..



Os 3,5 milhões de africanos que vieram para o Brasil como escravos ao longo de 300 anos deixaram marcas profundas, em especial na religião.
Entenda os cultos brasileiros inspirados em rituais que atravessaram o Atlântico: http://abr.ai/1j7tRNO








O Chão e a Gira 

Zezito de Oliveira

Texto baseado na fala "inspirada" durante a minha participação no seminário do coletivo investigador para a elaboração do plano integrado de cultura e educação.Iniciativa do MINC e Casa da Arte de Educar, realizado em Recife nos dias 15 e 16 de junho de 2012.

O processo educativo precisa aterrar, descer abaixo do chão e subir possibilitando a gira girar de forma bem tranquila.A “crise” da escola advém daí. 
Quando falamos em aterramento estamos tratando dos saberes de nossos ancestrais, estamos querendo dizer que precisamos buscar referenciais na memória das nossas comunidades , das nossas tribos, dos nossos terreiros, dos povos originários.Deixar a gira girar é garantir um ambiente favorável dentro da escola para liberar corpos e mentes para poderem se relacionar de forma mais sincera e criativa, inclusive com o conhecimento.
Por isso não acontecer é que nos deparamos com pessoas completamente perdidas e a mercê dos modismos de ocasião em matéria de valores e comportamentos estimulados, fabricados e /ou disseminados com vistas ao fortalecimento da sociedade materialista, consumista e predatória que nos é imposta pelas elites capitalistas. Portanto, não é preciso temer nada daquilo que é novo ou diferente, desde que seja dedicado uma atenção especial aquilo que vem de muito longe e que nos liga com os elementos naturais e culturais que recebemos das gerações que nos antecederam.Falo das brincadeiras, dos folguedos, dos ritos religiosos, das lendas, não reduzidas a folclore, espetáculo, lazer ou coisa que o valha, mas entendendo que tudo isto é fonte de conhecimentos, significados e saúde. 
Falo também das águas, das florestas, da terra e do ar.Quando falo em deixar a gira girar, me refiro a possibilidade de recriar, ressignificar ou revitalizar aquilo que herdamos sem medo e sem falsos pudores. 
Porque a vida está sempre fazendo isso, sob a aparência de algo estático e imóvel, o movimento e a transformação estão sempre acontecendo.O movimento de rotação e translação da terra é um bom exemplo. Se é verdade que se repetem os dias e as estações, também é verdade que sempre surge algo novo nestes dias e nestas estações que se repetem.Em suma, uma educação atenta aos ciclos naturais e culturais da vida, pode ser a saída para as crises nossas de cada dia.
Se temos dificuldade para que isto seja assimilado pelo sistema acadêmico e educacional como um todo, poderemos começar em aliança com parte daqueles que compreendem isto e que atuam em universidades, escolas, órgãos públicos, artistas, ONGs, empresas e meios  de comunicação.

Para saber mais:

http://www.artedeeducar.org.br/promovendo-a-integracao-entre-cultura-e-educacao


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