terça-feira, 10 de abril de 2018

Do que mais sofrem adolescentes e jovens e do que mais morrem? Para colaborar com escolas, equipes de saúde, de assistência social e iniciativas culturais.

O que mais mata os jovens no Brasil e no mundo, segundo a OMS

  • 16 maio 2017

A violência interpessoal é a principal razão pela qual jovens de 10 a 19 anos perdem a vida precocemente no Brasil, revelou a Organização Mundial da Saúde (OMS) à BBC Brasil. A informação vem de um estudo global sobre óbito de adolescentes, publicado nesta terça-feira. A OMS estima que 1,2 milhão de adolescentes morrem por ano no mundo - três mil por dia.
De acordo com a entidade, as principais causas de mortes entre adolescentes brasileiros de 10 a 15 anos são, nesta ordem: violência interpessoal, acidentes de trânsito, afogamento, leucemia e infecções respiratórias.
Já jovens na faixa de 15 a 19 anos morrem em decorrência de violência interpessoal, acidentes de trânsito, suicídio, afogamento e infecções respiratórias.
A OMS repassou esse ranking estimado com exclusividade à BBC Brasil, mas não ofereceu números absolutos para ilustrar a lista, pois o estudo foi organizado por regiões.

Mortalidade de jovens no mundo

O que mostra o levantamento da OMS

1,2 milhão
de óbitos precoces por ano
  • 3 mil mortes por dia no ano de 2015
  • 43% de mortes em países de baixa-média renda nas Américas (incluindo Brasil) são atribuídas à violência
Getty Images
O Global Acceleration Action for the Health of Adolescents (Ação Global Acelerada para a Saúde de Adolescentes, em tradução livre) não avalia países individualmente, mas áreas econômicas do planeta. O Brasil está inserido na categoria "países de renda baixa-média das Américas".
A tendência observada dentro desse grupo também aponta a violência interpessoal como principal causa da morte, representando 43% dos óbitos.
"O Brasil se insere exatamente no perfil da região", disse à BBC Brasil, por email, Kate Strong, especialista da OMS para o monitoramento de crianças e jovens.

Violência interpessoal

O conceito de violência interpessoal explorado no documento é bastante amplo, pois engloba desde a preponderante agressão relacionada às gangues e ao narcotráfico até o feminicídio.
"Inclui assassinatos, agressão, brigas, bullying, violência entre parceiros sexuais e abuso emocional", descreve o documento.

Direito de imagem iStock
Image caption Violência doméstica também tem papel preponderante entre as causas de óbitos
De acordo com números da edição de 2016 do relatório, publicado pela iniciativa Mapadaviolência.org.br, a situação é preocupante. "A principal vítima da violência homicida no Brasil é a juventude", afirma o documento nacional.
Nesse levantamento, que compilou dados de 2014, foi observado que jovens de 15 a 29 anos de idade representavam aproximadamente 26% da população do país, mas a participação deles no total de homicídios por armas de fogo era desproporcionalmente superior. O peso demográfico dos jovens nos casos de mortes com armas correspondem a quase 60% dos crimes.
No resto do mundo, as cinco principais causas de morte entre jovens de ambos os sexos, de 10 e 19 anos são: acidentes de trânsito, infecções respiratórias (pneumonia), suicídio, infecções intestinais (diarreia) e afogamentos.
Mais de dois terços dessas mortes ocorrem em países em desenvolvimento, revelam os dados de 2015 da OMS.
Dividindo por sexo, a estimativa aponta que, no mundo todo, meninos de 10 a 19 anos morrem principalmente por acidentes de trânsito, violência interpessoal, afogamento, infecção do sistema respiratório e suicídio.
As meninas da mesma faixa-etária têm mortes atribuídas a infecções do sistema respiratório, suicídio, infecções intestinais, problemas relacionados à maternidade e acidentes de trânsito

Essas tragédias poderiam ser evitadas se os países investissem mais em educação, serviços de saúde e apoio social, diz a OMS.
"O período da adolescência é um momento particularmente importante para a saúde, porque definirá hábitos que terão impacto na qualidade de vida pelas próximas décadas. É nessa época que a inatividade física, a má dieta e o comportamento sexual de risco têm início", disse a OMS.
A organização critica a falta de atenção dada a essa faixa-etária da população nas políticas públicas. "Adolescentes estiveram completamente ausentes dos planejamentos de saúde nacional por décadas", lamentou Flávia Bustreo, Diretora-Geral assistente da OMS.

Soluções

O documento aponta ainda soluções que podem ajudar a evitar essas mortes precoces. São sugestões de políticas públicas que podem ter grande impacto nas estatísticas. Um exemplo é a recomendações da implementação de leis e campanhas de conscientização pelo uso do cinto de segurança. Em 2015, acidentes de trânsito mataram 115 mil jovens de 10 a 19 anos no mundo todo.
O Brasil é citado no documento como caso bem sucedido no combate a mortes no trânsito. "Entre 1991 e 1997 o Ministério da Saúde do Brasil registrou aumento dramático na mortalidade de jovens em acidentes de trânsito", afirma o documento.
"Em resposta, legisladores introduziram um novo código de trânsito em 1998 que tornava mais severa as punições aos infratores". O novo código de trânsito teria ajudado a salvar 5 mil vidas no período entre 1998 e 2001 segundo a OMS.

Apesar de o trânsito ser um problema universal, há marcantes diferenças entre as regiões quanto às causas de óbito. Nos países de renda baixa-média da África, doenças transmissíveis como HIV-AIDS, infecções do sistema respiratório, meningite e diarréia são os principais vilões. A anemia, doença causada pela deficiência de ferro no sangue, também é um mal muito comum, que atinge milhares de jovens no mundo todo em países pobres e ricos.
O suicídio, ou a morte acidental causada por atitudes auto-destrutivas, foi a terceira causa de mortalidade de adolescentes em 2015, totalizando 67 mil mortes. Em sua maioria, as vítimas são adolescentes mais velhos.
Em regiões com boas condições econômicas como a Europa, o suicídio também aparece entre as principais causas. Cortar a si mesmo é o tipo de auto-violência mais comum observado no continente.
A estimativa global da OMS é de que até 10% da população adolescente mundial cometa algum ato de violência contra si.

O documento recomenda fazer mais investimentos e dar atenção especial às pessoas nessa fase da vida, onde grandes frustrações e incertezas despontam: "jovens normalmente tomam responsabilidades de adultos como cuidar de irmãos menores, trabalhar, ter de abandonar os estudos, casar cedo, praticar sexo por dinheiro, simplesmente porque precisam dar conta das necessidades básicas de sobrevivência. Como resultado, eles sofrem de desnutrição, acidentes, gravidez indesejada, violência sexual, doenças sexualmente transmissíveis e transtornos mentais", resume o documento.
"Melhorar a forma como o sistema de saúde atende aos adolescentes é apenas uma parte da melhora da saúde deles", diz Anthony Costello, médico da OMS.
"Uma família e uma comunidade que apoia os seus jovens são extremamente importantes", completa.
Entre as políticas básicas que os países devem tentar implementar para diminuir o risco de mortes precoces estão: programas de orientação sexual na escola, aumento da idade mínima para consumo de álcool, obrigatoriedade do uso do cinto de segurança nos automóveis e de capacetes para ciclistas e motociclistas; redução do acesso a armas de fogo, aumento da qualidade da água e melhoria da infra-estrutura sanitária.

 A VIOLÊNCIA QUE ATINGE ADOLESCENTES E JOVENS DE UMA REGIÃO DO ESPÍRITO SANTO
Edinete Maria Rosa, Erly Euzébio dos Anjos, Gutemberg Hespanha Brasil, Karina de Andrade Fonseca, Julia Alves Brasil

Resumo

Objetivo: Investigar como a violência tem afetado a vida de adolescentes e jovens de uma região composta por sete bairros considerada altamente violenta do estado do Espírito Santo. Método: A metodologia consistiu na realização de dois grupos focais com 13 participantes com idades entre 12 e 26 anos. Resultados e discussões: Os resultados indicam que há diferenças na percepção da violência. Entre os jovens esta se mostrou mais institucional, vinda principalmente da polícia, de forma discriminatória contra seu estilo de se vestir e seu local de moradia. Entre os adolescentes, a violência foi mais perceptível nas relações interpessoais entre os próprios moradores, nos espaços locais como a escola e/ou nos seus arredores e como fruto do envolvimento com drogas. Considerações finais: As soluções para a violência, segundo ambos os grupos, consistem em uma ação mais efetiva e preventiva da polícia, que até o momento tem se comportado de modo descomprometido com a comunidade local.
Leia mais:

 https://periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/view/19721

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Estudo revela como a violência atinge jovens de áreas carentes

Pesquisa com estudantes da periferia da Grande Curitiba mostra que eles não confiam na polícia e quase todos tiveram parentes ou conhecidos assassinados

 http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/estudo-revela-como-a-violencia-atinge-jovens-de-areas-carentes-eflimls8gbsdkj4yv3h2po2fi

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Adolescência e violência:
mais uma forma de exclusão
Feizi M. Milani 

  RESUMO
  O presente ensaio se propõe a discutir algumas das interfaces entre a questão da violência e a fase da adolescência na
sociedade brasileira contemporânea. O texto traz em destaque a complexidade das causas e manifestações da violência,com ênfase nos contextos da família e da escola. A partir de uma revisão de dados epidemiológicos, o autor pontua diferentes manifestações do fenômeno da exclusão e sinaliza possíveis estratégias de prevenção à violência cometida por, contra e entre adolescentes.
  Palavras-chave
: adolescência, violência, prevenção.
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