sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Mobilização Social e Prevenção ao Uso de Drogas

Mobilização Social e Prevenção ao Uso de Drogas

O projeto Refletir, desenvolvido pelo Instituto Recriando com o patrocínio do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Aracaju e apoio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) de Aracaju, sugere, através das pautas que seguem, propostas de abordagem referentes à prevenção ao uso de drogas entre crianças e adolescentes. As pautas são lançadas para a imprensa na perspectiva de mobilizar a sociedade e fomentar um debate público aprofundado sobre o tema, levando ao conhecimento das pessoas que a problemática da drogadição e suas consequencias não se detêm ao consumo de drogas em locais públicos, ao tráfico e a atos violentos decorridos do uso de substâncias psicoativas.

Diante disso, é fundamental tratar o uso de drogas como um fenômeno social que repercute em diversos setores da sociedade, a exemplo da saúde, trabalho infantil, rendimento e evasão escolar, e convívio familiar. Sem esquecer a importância de apontar meios para resolver a problemática e de sensibilizar a família, a sociedade e o poder público para exercerem seu papel na prevenção e no enfrentamento ao uso de drogas.   




Trabalho infantil: uma grave conseqüência do uso de drogas

A utilização da mão-de-obra de crianças e adolescentes no narcoplantio e no tráfico de drogas constitui uma das piores formas de trabalho infantil, segundo relatório da Organização Internacional do trabalho (OIT)

Diversas constatações são feitas diariamente a partir dos problemas causados pelo uso e pelo tráfico de drogas, uma realidade que gera dependência, dor, violência, crimes, prisões e mortes. Neste panorama, entretanto, dificilmente o consumo de substâncias psicoativas é associado à violação dos direitos de crianças e adolescentes. Não só o consumo, mas a produção e o tráfico de drogas ferem direitos fundamentais para o desenvolvimento saudável de meninos e meninas, além de causar danos muitas vezes irreparáveis em suas vidas.

O direito à saúde, à dignidade, ao respeito, à convivência familiar e comunitária e até mesmo à vida é violado não só pelo consumo da droga, mas também quando meninos e meninas são submetidos ao trabalho infantil, ao serem seduzidos ou obrigados a trabalhar no sistema de produção (narcoplantio) e no tráfico de entorpecentes. De acordo com a Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma das piores formas de trabalho infantil é a utilização da criança e do adolescente em atividades ilícitas, particularmente na produção e no tráfico de drogas. Além de terem a saúde prejudicada e de serem obrigadas a deixar a escola, muitas crianças e adolescentes perdem a liberdade e todos os dias correm riscos de serem violentadas e mortas por causa da violência que permeia o tráfico de drogas.   
As diversas etapas do processo de produção das drogas e a atuação desses meninos e meninas no tráfico comprovam o quanto esse tipo de trabalho é prejudicial. Um exemplo é apresentado pela coordenadora do Instituto Nacional de Estatística e Informática (IDEI), Sandra Namihas, alerta sobre os perigos do envolvimento de crianças e adolescentes no narcotráfico. “Crianças que participam da colheita da folha usam objetos cortantes afiados, como facões, pás, ganchos e ancinhos para trabalhar o solo ou abrir fossas”, diz. O mercado das drogas é cruel e submete essas crianças e adolescentes a um universo que o afasta cada vez mais da infância, jogando-os precocemente numa vida adulta e na maioria das vezes curta.

Causas - Um estudo realizado em 2002 pelo Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS), sob encomenda da OIT, entrevistou 100 pessoas, entre julho e dezembro daquele ano, sendo 50 delas empregadas no tráfico em 21 favelas – entre estas 40 crianças e adolescentes e dez adultos. O intuito do estudo foi obter conclusões sobre o que leva crianças e adolescentes a entrarem no tráfico de drogas. Este estudo reforça uma proposta que, muitas vezes, não é compreendida pela sociedade ao analisar o fenômeno do narcotráfico: a concepção de redes sociais. Dentro das periferias existe uma imensa teia de relações interpessoais e simbólicas que constroem a forma como esta atividade e outras tantas são desenvolvidas. Esta concepção aliada a uma situação de exclusão e estereotipação social, alimenta uma série de tabus e falsas realidades no entorno do tema do tráfico de drogas.

Dentro do aspecto financeiro, que é uma das molas motrizes tanto do tráfico como de uma série de outras violações, a relação do consumo e a sociedade do materialismo conduzem e seduzem estas crianças e adolescentes a buscar bens de consumo que elas visualizam através das vitrines, dos meios de comunicação e em seu próprio entorno. O desejo por estes bens e a possibilidade do acesso rápido servem de fundamento para o ingresso ao tráfico. A busca pelo respeito e reconhecimento também pode ser encarada como razão para a entrada no tráfico de drogas, porém esta justificativa precisa ser analisada com o olhar de quem faz parte do universo periférico, de um ambiente marginalizado e excluído, tanto pela mídia quanto pela própria sociedade.

É preciso, entretanto, destacar que esta prática é extremamente degradante aos meninos e meninas que se envolvem. Primeiro porque muitas delas entram no tráfico não por prestígio ou pela questão financeira, mas pela dependência. Trabalhar para sustentar a dependência é um ciclo comum e que revela uma teia de envolvimento muito mais cruel do que se imagina. Dessa forma, neste leque de fatores que leva crianças e adolescentes ao tráfico de drogas a própria dependência química ou simplesmente o fato dos pais entenderem a atividade como uma forma de incrementar a renda familiar ainda são as causas que mais persistem e levam meninos e meninas a esse tipo de trabalho infantil.



Contatos
Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Trabalhador Adolescente do Estado de Sergipe (FEPETI/SE)
Verônica Passos Rocha Oliveira - coordenadora do FEPETI
Tel.: (79) 3213-0385

Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRT/SE)
Tel.: (79) 3211-1434 / 3211-1435
Fax: (79) 3211-3053

Organização Internacional do Trabalho (OIT)
Severino Goes, Oficial de Comunicação e Imprensa
Tel.: (61) 2106-4600
Fax: (61) 3322-4352

Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA)
Robson Anselmo, presidente
Tel.: (79) 3179-1341/1349

Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA)
Danival Falcão, presidente
Tel.: (79) 3246-1395


Família e escola são importantes agentes de prevenção ao uso de drogas
                   

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 4º, preconiza que ‘É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Considerando-se que a dependência química pode levar o indivíduo a perder sua liberdade, afastar-se da família e em casos mais extremos colocar em risco a própria vida, é importante que os diversos segmentos da sociedade, em especial a família e a escola, contribuam com a prevenção do uso de drogas entre a parcela infanto-juvenil da população.

A infância e a adolescência são momentos especiais na vida do indivíduo. O adolescente, em especial, não aceita orientações, pois está testando a possibilidade de ser adulto, de ter controle sobre si mesmo. É um momento de diferenciação em que ‘naturalmente’ afasta-se da família e adere a um determinado grupo, do qual acaba absorvendo valores. Nesse período de vulnerabilidade, o contato com a droga torna-se ainda mais preocupante porque expõe a criança e o adolescente a uma série de riscos. Esse contato do adolescente com a droga é um fenômeno muito mais freqüente do que se pensa e, por sua complexidade, difícil de ser abordado.

Contudo, a família não pode fugir da responsabilidade de orientar e de promover o diálogo dentro do ambiente doméstico, visto que é dever dos pais transmitir informações qualificadas para seus filhos principalmente quando a questão é prevenir o uso de drogas e suas perigosas conseqüências. Mas nem sempre a conversa com eles conseguirá evitar o contato com substâncias psicoativas. Dessa forma, a família precisa compreender que a prevenção é mais ampla que apenas uma conversa com o filho sobre drogas.

Outras ações são fundamentais para a prevenção, a exemplo de dar amor e respeito, transmitir valores, estabelecer limites e um diálogo permanente. Além disso, é importante que os pais incentivem seus filhos a realizarem atividades prazerosas e interessantes, estimulem a criatividade deles para buscarem alternativas saudáveis em suas vidas, nas quais eles possam encontrar prazer e satisfação. Os pais também precisam ter o hábito de aproximarem-se de seu filho para elogiá-lo, valorizá-lo e reconhecer seus méritos e sucessos sem excluir a importância dos limites, da repreensão ou mesmo da punição. O mais importante é que o jovem possa confiar em seus pais, sinta-se amado mesmo tendo imperfeições e dificuldades. Demonstrar interesse pela vida, amigos, atividades escolares e diversão também é uma atitude preventiva ao uso de drogas. Porém, é preciso ter cuidado para que o interesse natural não se torne um interrogatório no qual o jovem sinta-se vigiado e controlado.

Outro ambiente propício para promover a prevenção ao uso de entorpecentes é a escola. O espaço onde as crianças e os adolescentes passam a maior parte do tempo é apontado como um dos mais vulneráveis ao contato com as drogas. Pesquisa realizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 2004, revela que jovens experimentam drogas cada vez mais cedo e que a escola é o lugar mais associado ao seu consumo. O estudo aponta que o uso indevido de bebidas alcoólicas faz parte da vida de mais da metade dos jovens brasileiros. Já o Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) indica o álcool como a grande preferência dos jovens, sendo usado em 68,4% dos casos. Esta realidade não está distante da cidade de Aracaju, que figura entre as 22 cidades da região com alto índice de uso de álcool e outras drogas, de acordo com a mesma pesquisa.

Ainda segundo a pesquisa da UNESCO, o consumo começa entre os primeiros anos da adolescência. O primeiro contato com as substâncias psicoativas acontece geralmente aos 13 anos, período em que o indivíduo acaba de chegar à adolescência, enquanto que o consumo de substâncias ilícitas só costuma ocorrer, em média, um ano e meio após a primeira tragada de cigarro ou o primeiro gole de bebida alcoólica. Os estudos concluem que existe possibilidade de combater o agravamento da dependência química dos adolescentes enquanto os mesmos ainda não foram expostos aos riscos do uso contínuo de substâncias psicotrópicas ilícitas. Coincidentemente, nessa faixa etária da vida um dos ambiente mais freqüentados pelos meninos e meninas é a escola, portanto, além da família, é imprescindível que a instituição educacional assuma seu papel enquanto formadores de cidadãos livres de qualquer tipo de dependência.
Dessa forma, é importante ressaltar que além de transmitir conhecimentos previstos na grade curricular, a escola precisa resgatar a sua função de preparar crianças e jovens para lidarem com questões sociais e emocionais, ajudá-las a desenvolver a própria identidade, além de incentivar a cidadania e a responsabilidade social. No que diz respeito ao uso de drogas, é necessário que a escola assuma sua ação protetiva em relação ao adolescente e não permaneça apenas em uma atitude defensiva por não se sentir em condições de lidar com essa questão. Apenas assim, a escola deixará de ser o ambiente mais vulnerável ao uso de drogas e passará a ser o mais protetor e protegido.

ECA garante tratamento diferenciado para crianças e adolescentes dependentes químicos
                                                     

Por estarem em fase de desenvolvimento físico e mental peculiar à faixa etária, crianças e adolescentes estão expostos a variados riscos decorrentes da dependência química. Da mesma forma com que esses meninos e meninas são mais suscetíveis a influências dos ambientes que frequentam, a exemplo da família, escola e amigos, eles também estão mais vulneráveis aos efeitos nocivos causados pelo uso dessas substâncias. Em função dessa vulnerabilidade física e mental, o uso de drogas por uma criança ou adolescente traz outros riscos além dos comuns a qualquer usuário de drogas. Sem falar que o uso abusivo de substâncias psicoativas produz o aumento do risco de acidentes e da violência, por tornar mais frágeis os cuidados com a própria vida, já enfraquecidos entre os adolescentes.

Tendo em vista que a parcela infanto-juvenil da população tem assegurado, com prioridade absoluta, o direito a uma vida saudável e isenta de riscos dessa natureza, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei nº 8069/90 garante que esses meninos e meninas vítimas das drogas tenham a oportunidade de se recuperar e ter uma vida digna com condições para o pleno desenvolvimento. ‘Direito à proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência’ é o que preconiza o artigo 7º do ECA.

Quando se trata de meninos e meninas usuários de drogas esse direito à vida inclui oportunidades de tratamento e reabilitação. Diante disso, o Estatuto, em seus artigos 4º e 11, estabelece a necessidade de políticas públicas no tocante ao tratamento contra as drogas, incumbindo o poder público de fornecer gratuitamente os medicamentos, próteses e outros recursos relativos ao tratamento e reabilitação àqueles que necessitam.   

Dentre as políticas públicas voltadas para o tratamento de crianças e adolescentes dependentes químicos, está o estabelecimento de centros de tratamento contra a dependência química. A lei nº 8069/90 prevê ainda que caso o Estado não possua rede especializada nesse tipo de tratamento deverá recorrer à iniciativa privada com o intuito de formar convênios com instituições capacitadas para atender essa demanda. É importante ressaltar que a lei também prevê que o poder público tenha liberdade para estruturar o atendimento a esse público desde que ele seja imediato e com nível de presteza e qualidade adequados para oportunizar a recuperação e, consequentemente, devolver o respeito e a dignidade indispensáveis a esses meninos e meninas. 

Sergipe – O atendimento especializado a pessoas com transtornos relacionados ao uso de substâncias entorpecentes acontece em Sergipe através dos Centros de Atenção Psicossocial. Quando esses dependentes químicos são crianças e adolescentes, o atendimento é realizado pelo CAPS Infantil. Atualmente, meninos e meninas usuários de drogas dispõem de apenas duas unidades do CAPS especializadas em atendimento ao público infantil e adolescente. Elas funcionam na capital Aracaju e em Nossa Senhora do Socorro, já nos demais municípios o atendimento a esse público é realizado nos CAPS para transtornos mentais em parceria com os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS). já nas cidades onde não existem CAPS, o serviço é prestado pelo CRAS e CREAS numa proposta de atendimento intersetorializado sendo que os Apoiadores Institucionais da Coordenação Estadual de Atenção Psicossocial (CEAP) prestam apoio acolhendo os serviços, capacitando os profissionais e acompanhando os casos mais complexos.

Os casos mais graves em que é necessário internamento para desintoxicação, o Estado dispõe do Serviço Hospitalar de Referência para Álcool e Outras Drogas, realizado pelo Hospital Cirurgia (SHR Ad – Cirurgia). A unidade atende adolescentes com até 17 anos de idade, oferecendo atenção hospitalar especializada, de acordo com as diretrizes da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001), da Política Nacional de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas e da Política Estadual de Atenção Psicossocial.

Os critérios utilizados para admissão no SHR-ad - Cirurgia são: intoxicação grave, abstinência grave, comorbidades psiquiátricas, insucesso de tratamentos comunitários e situações de risco como tentativa de suicido, desvinculação social e familiar, auto e heteroagressão. O SHR Ad -Cirurgia está incumbida de dar cobertura à demanda de todo estado de Sergipe, com funcionamento 24 horas, durante os sete dias  da semana, acompanhando os usuários de forma intensiva levando em consideração seu quadro clínico e protocolos instituídos no hospital. São ofertados 16 leitos, sendo 06 destinados a adolescentes a partir de 12 anos com adequações para acolher seu responsável ou acompanhante respeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente.


Contatos
CAPS i “Vida”
Laudiane Cláudia dos Santos, assistente social e coordenadora CAPS i “Vida”
Tel.: (79)3179-3770
Rua Alberto Azevedo, 207, Bairro Suissa, Aracaju/SE

Rede de Saúde Mental
Karina Cunha, coordenação


Glaudenilson Siva
Coordenador do Disque Saúde e apoiador institucional da Coordenação Estadual de Atenção Psicossocial (CEAP)

Comitê Gestor do Plano Estadual de Combate ao Crack e Outras Drogas
Carlos Formiga, coordenador



Programa de Redução de Danos para crianças e adolescentes tem foco na reintegração familiar


Uma ação um tanto controvérsia, do campo da saúde pública, visa reduzir os danos causados pelo consumo de drogas ilícitas. É o chamado Programa de Redução de Danos. A iniciativa aplica-se àqueles que, não podendo ou não querendo, adotam comportamentos de risco ligados ao uso de drogas, como o compartilhamento de seringas, agulhas e cachimbos para fazer uso de substâncias psicoativas.

No Programa de Redução de Danos são realizadas intercessões direcionadas aos dependentes químicos que promovem a diminuição da vulnerabilidade associada ao consumo de drogas, a inclusão em serviços de saúde, a garantia dos direitos humanos e cidadania e a reintegração social. Tais intercessões referem-se à distribuição de seringas, evitando o compartilhamento e a própria infecção e de outras pessoas; incentivos à redução da frequencia do uso de drogas a fim de diminuir os danos que ela possa causar; orientações acerca da utilização de medicamentos que controlem a abistinência e da substiuição de uma droga de efeito mais devastador por outras com menor potencial de dependêcia, reduzindo aos poucos esse consumo até que o mesmo seja cessado.

O principal objetivo é reduzir a incidência de DST/HIV/Aids, Hepatites e outras doenças de transmissão sanguínea e sexual, entre os usuários de drogas. O programa de redução de danos inclui o constante monitoramento dos riscos de suicídio, overdose, e evolução dos efeitos prejudiciais das substancias psicoativas, cogitando-se a internação voluntária e a desintoxicação.

O que os agentes de programas de Redução de Danos destacam é que a ação não pode ser confundida com incentivo ao uso de drogas, embora fundamente-se no princípio da tolerância ou respeito às escolhas individuais. A Redução de Danos é um projeto que atua com informações sobre riscos, danos, práticas seguras, saúde, cidadania e direitos, para que as pessoas que usam álcool e outras drogas possam tomar suas decisões, buscar atendimento de saúde (se necessário) e estarem inseridas socialmente em um contexto de garantias de direitos e cidadania.

Segundo números de uma pesquisa realizada pela UNESCO em 2002, em escolas de 14 capitais brasileiras, cerca de 3,0% (141 mil jovens) declarou fazer uso diário, ou durante alguns dias na semana, de alguma droga ilícita. Quanto ao uso de drogas injetáveis, cerca de 0,3% dos estudantes das capitais pesquisadas afirmam fazer uso da via endovenosa, e a cocaína é a principal droga consumida. Os dados assustam ainda mais quando os envolvidos são crianças e adolescentes que estão em uma fase fundamental de desenvolvimento. 

Em Sergipe, o programa de redução de danos voltado para meninos e meninas é aplicado pela Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju de forma diferenciada. De acordo com informações da Coordenação de Redução de Danos do Município de Aracaju, entre os anos de 2002 e 2010 o programa atendeu cerca de 300 crianças e adolescentes usuárias de drogas e que viviam nas ruas da capital. Embora não existissem ações sistemáticas exclusivas para o público infanto-juvenil, os agentes atendiam os meninos e meninas com foco na área onde estes eram freqüentadores. A atenção dirigida pelo Programa de Redução de Danos ao consumo de drogas e à vulnerabilidade social entre crianças e adolescentes é caracterizada por intervenções comportamentais adaptadas que tenham foco nos fatores de proteção psicológico, físico e social. As visitas também são mais freqüentes que os atendimentos aos adultos. Quando a meta é o tratamento de meninos e meninas, o foco é a reintegração familiar, social e escolar, núcleos dos quais a grande maioria dessas crianças e adolescente sofre exclusão - razão que os leva a viver nas ruas na maior parte do tempo.

No último dia 4, a Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), através da Secretaria Municipal de Saúde, retomou o Projeto de Redução de Danos, suspenso no ano passado. Foram nomeados 16 agentes redutores de danos aprovados em seleção. O projeto, vinculado à Escola de Redução de Danos do Ministério da Saúde, receberá um investimento de mais de 500 mil reais ao ano, sendo a maior parte uma contrapartida da Secretaria da Saúde de Aracaju. O trabalho é realizado no local onde esses grupos atuam, para promover uma educação em saúde. Este ano, as ações voltadas aos meninos e meninas terão pilares diferenciados para ampliar e especializar o tratamento infanto-juvenil. Uma das diretrizes deste projeto é o atendimento. Os agentes estão sendo capacitados com metodologias especificas para ampliar e especializar estas ações. Segundo a Coordenação Municipal de Redução de Danos, mais que propriamente a Redução de Danos, umas das prioridades do trabalho é a prevenção ao uso de drogas por crianças e adolescentes.


Contatos:
Coordenação da Escola Estadual de Redução de Danos
José Augusto Oliveira
Tel: (79) 3226-8322 / 9981-4912

Coordenação do Projeto de Redução de Danos do Município de Aracaju
Wagner Mendonça


Associação Sergipana de Redução e Ricos de Danos
Sérgio Andrade, presidenTel.: (79) 8823-8843

 


Projetos sociais também são fundamentais na prevenção ao uso de drogas por crianças e adolescentes

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cinco fatores propiciam o uso de substâncias psicoativas: falta de informação sobre o problema; dificuldade de inserção no meio familiar e no trabalho; insatisfação com a qualidade de vida; problemas de saúde; facilidade de acesso às substâncias. Entre os motivos alegados para o uso, pode-se destacar curiosidade; necessidade de pertencer a determinado grupo, diminuir inibições, adquirir coragem, relaxar para lidar com problemas ou simplesmente a obtenção de prazer. Estas razões estão estreitamente ligadas aos anseios por descobertas e novos desafios, muito comum ao universo juvenil. Esse anseio por novas experiências e descobertas acaba levando adolescentes e jovens a enveredam pelos caminhos das drogas.

Alguns acreditam que os fatores familiares são cruciais. Porém, o desenvolvimento social baseado na participação do ambiente que cerca o indivíduo, como a escola e a comunidade é de extrema importância no reforço da prevenção ao uso de drogas. Partindo deste princípio,  existem em várias partes do Brasil, projetos que partem da necessidade de nortear os professores para a prevenção ao uso de álcool e outras drogas, identificando fatores de risco para que se possa ajudar os estudantes através de ações preventivas. No convívio escolar, o projeto atua como mediador de conflitos não só junto às crianças e os adolescentes, mas também associados aos educadores e familiares, todos formando uma grande rede.

Dentre as ações desenvolvidas por estes projetos e iniciativas estão debates sobre a prevenção do uso de drogas com a comunidade escolar; discussão sobre políticas públicas de prevenção ao uso de drogas na infância e adolescência; conhecimento da realidade onde fica localizada a escola com relação ao problema das drogas e promoção do debate com especialistas para a comunidade escolar envolvendo estudantes, pais e professores. Além disso, os projetos se utilizam de atividades atrativas para chamar atenção dos meninos e meninas. São oficinas educativas, lúdicas e culturais geralmente no horário contrário ao da escola, impedindo que pelo menos nesse horário eles fiquem vulneráveis às drogas. 

Apesar da importância de uma família bem estruturada que assume o controle sobre os filhos com diálogo, atenção e atitudes preventivas, sempre há o temor que tais atitudes não sejam suficientes para afastá-los do risco de envolvimento com as drogas. Por isso se faz necessário, o desenvolvimento de ações que reúna família e instituições sociais em atividades socioeducativas junto às crianças e adolescentes.

O que pretende com esses projetos e ações é que, dentro do convívio escolar, estas iniciativas possam contribuir para a formação de cidadãos conscientes e críticos, transformadores das mudanças necessárias em seus convívios sociais. As expectativas partem do principio de que as ações mesurem os reais desafios com um foco principal, que é a obtenção de resultados positivos que melhorem a qualidade de vida de crianças e adolescentes, chegando pro fim a um objetivo final ainda maior, que é a prevenção do uso das drogas lícitas e ilícitas.

Em Aracaju é realizado o Projeto Refletir, uma iniciativa executada com o patrocínio do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Aracaju, através do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e com o apoio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) de Aracaju que realiza a formação em educomunicação através de oficinas de rádio e mídia impressa para 50 adolescentes estudantes das Escolas Municipais Anízio Teixeira, no bairro Atalaia, e Laonte Gama, no Santa Maria. Paralelamente às oficinas de educomunicação, é realizada a formação de educadores da rede pública municipal de Aracaju como forma de potencializar as ações desenvolvidas junto aos estudantes.





Seminário de Formação para Educadores marca encerramento do projeto RefletIR

Durante o seminário, o consultor na Área de Drogas e AIDS do Ministé       rio da Saúde, Domiciano Siqueira, discutirá meios de como construir na sala de aula debates que provoquem nos adolescentes uma visão crítica e consciente sobre as consequências do uso de drogas.


Amanhã, 21, às 19h, será realizado o ‘Seminário de Formação de Educadores para a Prevenção ao Uso de Drogas’. O evento marca o encerramento do projeto RefletIR, desenvolvido pelo Instituto Recriando em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Aracaju e da Secretaria Municipal de Educação (SEMED) de Aracaju. A palestra, voltada para todos os professores da rede municipal de ensino, além de profissionais e estudantes das áreas de Pedagogia, Licenciaturas, Psicologia e Serviço Social, acontecerá no auditório da Faculdade São Luís de França, localizada na Rua Laranjeiras, 1838, bairro Getúlio Vargas, Aracaju/SE.

A iniciativa é uma das ações de formação continuada para professores da rede municipal de ensino de Aracaju previstas no projeto. Através de oficinas de comunicação, os educadores também foram convidados a conhecer a metodologia da educomunicação, bem como a aprofundar seu olhar sobre o universo que envolve as drogas lícitas e ilícitas, repensar seu papel enquanto agente formador do público infanto-juvenil, além de traçar estratégias de atuação para obter maior envolvimento da comunidade escolar na prevenção ao uso de drogas.

O ‘Seminário de Formação de Educadores para a Prevenção ao Uso de Drogas’ contará com a palestra do presidente da Associação Brasileira de Redutores e Redutoras de Danos (ABORDA) e Consultor na Área de Drogas e AIDS do Ministério da Saúde, Domiciano Siqueira. Na ocasião, o especialista apresentará estratégias de abordagem sobre a prevenção ao uso de entorpecentes na perspectiva dos estudantes. A ideia é refletir junto com os professores sobre meios de como construir na sala de aula debates que não declinem para o senso-comum ou para uma visão preconceituosa sobre a temática, mas que estimulem entre os adolescentes uma visão crítica e consciente sobre as consequências do uso de drogas.

Além de desenvolver ações voltadas para os educadores da rede formal de ensino de Aracaju, o projeto RefletIR – Mobilização Social e Prevenção ao Uso de Drogas tem como público alvo estudantes de escolas municipais da capital sergipana. Atualmente, o projeto atende 50 adolescentes de 12 a 14 anos das Escolas Municipais de Ensino Fundamental Anísio Teixeira, no bairro Atalaia, e Laonte Gama, no bairro Santa Maria. Através de oficinas de rádio e mídia impressa, e da participação em palestras, debates e dinâmicas reflexivas, os educandos são estimulados a adotar uma visão mais ampliada e crítica sobre o uso de drogas, seus impactos a curto e longo prazo, além de serem alertados sobre as conseqüências que essas substâncias podem trazer para o indivíduo, para a família e para a sociedade.

A partir do aprendizado das técnicas de comunicação e do conhecimento adquirido durante os debates, os meninos e meninas produzem ao final de cada oficina peças midiáticas, como spots, fanzines, jornais murais e cartazes, cujas abordagens são sugeridas pelos próprios educandos a partir da realidade na qual estão inseridos. Depois de concluídos, esses produtos de comunicação são distribuídos na comunidade escolar e entre os moradores do bairro. Assim, mais do que aprender técnicas de comunicação, os educandos são estimulados a exercer a participação social na comunidade em que vivem de maneira construtiva e ética, tornando-se multiplicadores e mobilizadores sociais.


Núcleo de comunicação do Instituto Recriando
Tarcila Olanda
Elma Santos
Telefax: (79) 3246-5242/3246-5211

 

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