sexta-feira, 22 de março de 2013

Por um novo modelo de gestão pública na Funcaju


O projeto “Prefeitura nos Bairros” liderado pela gestão de João Alves Filho (DEM) vem propagandeando que a cultura está sendo levada às comunidades mais desassistidas da cidade. Neste artigo o documentarista Fábio Rogério contesta, e aponta a necessidade de se valorizar a produção local.
*por Fábio Rogério
A Prefeitura de Aracaju iniciou no dia 02 de março, no conjunto Almirante Tamandaré, o projeto “Prefeitura nos Bairros” com atividades e ações de todas as secretarias desenvolvidas naquela comunidade. A ideia é que a cada quinze dias, o projeto aconteça em algum bairro da cidade.
 É uma ação interessante e ainda mais levando em conta que a atual gestão tem apenas dois meses. No projeto, a Funcaju (futura Secretaria de Cultura) promoveu atividades de teatro, música, dança e cinema. Segundo o coordenador de eventos da Funcaju, Emídio Cunha, “é de suma relevância trazer para a população os eventos, apresentar a cultura da nossa cidade, trazendo artistas locais para mostrarem também a sua arte para próximo da comunidade”, ou seja, o propósito das atividades da Funcaju dentro do projeto “Prefeitura nos Bairros” é levar arte sergipana para os bairros da nossa cidade.
 Esse propósito foi cumprido de forma parcial. O espetáculo teatral foi realizado pelo grupo sergipano “Teatro de Cordel da Rabeca”. O show foi realizado pela dupla sergipana “Fernando e Manuel”. As apresentações de dança foram realizadas pelos grupos sergipanos “Príncipes do Gueto” e “Mistura e Hit’s”.
 E o cinema? O filme exibido foi a produção americana “Rio”. O custo para a liberação da exibição pública desse filme não é barato e se Funcaju não pagou à Fox Filmes, empresa que detém os direitos de distribuição do filme, corre um grande risco de ser processada por ela.
 Mas por que não exibir filmes sergipanos? Por que não realizar um edital convidando os realizadores sergipanos a exibirem seus filmes mediante o pagamento de um cachê pela exibição?
 Esse projeto é a grande oportunidade que a Funcaju tem de exibir os filmes sergipanos para os aracajuanos. Se o objetivo do projeto é levar a “nossa arte” para as nossas comunidades não vejo sentindo nenhum a exibição de filmes que não seja sergipano, afinal, a prefeitura de Aracaju não precisa fazer esforço nenhum para que filmes como “Rio” sejam exibidos em nossa cidade, afinal, na época do lançamento, ele foi exibido nos cinemas da cidade.
 Não há nada contra a exibição de filmes estrangeiros, o problema é quando se exibe unicamente filmes estrangeiros. Afinal, nenhuma cinematografia se desenvolve de forma isolada e sem contato com as outras.
 Um dos papéis de uma secretaria de cultura é incentivar a produção e a difusão do cinema de sua cidade feito pelos seus moradores, pois são os realizadores sergipanos que mais estão preparados para pensar e refletir a nossa sociedade, o nosso modo de ser, as nossas angústias, os nossos desejos.
 Ou será que estamos satisfeitos com os filmes que foram produzidos aqui em nosso estado por pessoas e empresas que não possuem nenhum tipo de relação com o nosso estado e que ainda receberam volumosos apoios dos órgãos públicos sergipanos? A exibição de filmes sergipanos no projeto “Prefeitura nos Bairros” é apenas uma das inúmeras demandas dos que fazem cinema em nossa cidade.
 É necessário que a Funcaju tenha um novo modelo de gestão pública e essa mudança precisa ser construída juntamente com o Fórum Permanente de Audiovisual em Sergipe.
 É inadmissível que a Funcaju continue exibindo filmes estrangeiros e saia afirmando que está levando “a cultura da nossa cidade” para as comunidades. Ou a Funcaju muda, ou mudaremos a Funcaju.
*Fábio Rogério é produtor de cinema sergipano / #ExisteCinemaemSergipe

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Sugestões para os novos prefeitos, gestores de cultura dos municipios e vereadores eleitos em 2012.  AQUI

 

Um comentário:

jorge silva disse...

Muito bem colocado pelo realizador sergipano . È preciso botar a boca no trombone. O povo precisa conhecer a sua própria cultura.
Jorge Pacoa
Produtor cultural e documentárista.