quarta-feira, 3 de abril de 2013

Teatro do Oprimido pela primeira vez em Sergipe - O ano era entre 1979 ou 1980

Virgínia Lúcia F Menezes
Bom dia a todos. Boa manhã iniciada por uma tênue carícia de chuva.


Hoje amanheci saudosa de outros dias da juventude.

Passeei a memória e deparei com uma linda recordação. Sim, recordação viva de nosso Governador Marcelo Deda, quando era ainda um jovem, brilhante como sempre. Grande liderança do Movimento Estudantil. Marcelo Deda que à época presidia o Diretório Central dos Estudantes da UFS - DCE e que junto comigo e outros tantos companheiros se aventurou ao experimento do Teatro do Oprimido pela primeira vez em Sergipe, quando utilizamos o Teatro do Invisível que tinha como modelo uma briga ferrenha entre colegas, no pátio da Faculdade de Ciências Humanas, na UFS ainda na Rua de Campos em Aracaju. Era oito da noite. E os protagonistas daquele teatro revolucionário, trêmulos e emocionados, na base do mais simplório improviso, proferiam injúrias e blasfêmias entre si. O ano era entre 1979 ou 1980. Cumprindo sua estratégia e seu êxito, o conflito teatral objetivava atrair a atenção dos estudantes da noite, ainda relutantes em apoiar o movimento. E foi como aconteceu. Imediatamente surgiam pessoas aos bandos, entrincheirando-se no pátio, ávidos, espectadores da briga, transeuntes e curiosos. Sem perda de tempo, a cena conflitante se transformou numa grande assembléia geral, com Marcelo Deda argumentando brilhantemente, contando com maciça adesão dos alunos em apoio a uma das greves estudantis mais bem sucedidas da UFS. Foi assim a primeira experiência do Teatro do Oprimido (Augusto Boal - RJ) em Sergipe.


Amigo Marcelo Déda,

Nesta manhã, uma poesia de Maiakóvski para você, na tradução de Augusto de Campos. Abraços sinceros de Virgínia Lúcia.


Blusa fátua


Costurarei calças pretas

Com o veludo da minha garganta

E uma blusa amarela com três metros de poente.

Pela Niévski do mundo, como criança grande,

Andarei, don juan, com ar de dândi.


Que a terra gema em sua mole indolência:

“Não viole o verde de as minhas primaveras!”

Mostrando os dentes, rirei ao sol com insolência:

“No asfalto liso hei de rolar as rimas veras!”


Não sei se é porque o céu é azul celeste

E a terra, amante, me estende as mãos ardentes

Que eu faço versos alegres como marionetes

E afiados e precisos como palitar dentes!


Fêmeas, gamadas em minha carne, e esta

Garota que me olha com amor de gêmea,

Cubram-me de sorrisos, que eu, poeta,

Com flores os bordarei na blusa cor de gema!


(Tradução de Augusto de Campos)

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