sábado, 23 de maio de 2015

Aracaju sediará Fórum Mundial de Educação, Literatura e Inclusão Social Brasil-Áustria



Promovido pela Abrasa - Casa do Brasil na Áustria, o evento acontecerá em  Aracaju nos dias 26 e 27 de maio e terá como tema central "Pensando a  educação para transformar sociedade e indivíduos, situações, momentos na  busca de novos aprendizados e inclusão social".

O Fórum terá a presença do secretário de Estado da Educação, Jorge  Carvalho, e palestrantes de todos os continentes que irão fazer explanações  sobre assuntos diversos relacionados ao tema central.

O evento também incentiva a realização da campanha "Educar alimenta  sonhos", que permitirá as inscrições de professores através da doação de  1Kg de alimento ou  livros.

De forma inédita, o Fórum irá agregar informações relevantes no que tange à  troca de experiências educacionais fora do Brasil, já que Inovações  educacionais fazem partes do desenvolvimento social e humano.

Um dos momentos mais esperados do evento será a entrega do 'Press Award -  pensando a educação', que será entregue aos profissionais da literatura e educação.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Playlist - São Romero da América "nosso amado dom da justiça, dom da paz, dom da libertação"......

Esperados 250 mil para beatificação de Dom Romero

 

Beatificação acontecerá no próximo sábado - REUTERS
19/05/2015 10:39
Cidade do Vaticano (RV) – Após a sua beatificação, em São Salvador, sábado, 23 de maio, Dom Óscar A. Romero continuará a ter sua festividade litúrgica em 24 de março, dia de seu assassinato em 1980. Havia dúvidas em relação à viabilidade de manter a data devido à sua sobreposição frequente com as celebrações da Semana Santa e da Páscoa.

   São Salvador agora se prepara para receber pelo menos 250 mil pessoas na Praça das Américas e seus arredores, fiéis e devotos do primeiro beato salvadorenho. A cerimônia está programada para as 10h da manhã e atualmente está sendo construído o pequeno templo ao ar livre.
Nesta segunda-feira (18/05), numa coletiva de imprensa no local da beatificação foram dadas informações adicionais sobre o evento. Os organizadores informaram que:
A Igreja concederá indulgência plenária aos peregrinos que participarem da beatificação e cumpram com os demais requisitos para esta graça;
O Vice-Postulador Mons. Rafael Urrutia informou que a Igreja salvadorenha está investigando mais de 500 outros possíveis casos de martírio para propô-los para canonização, incluindo o Pe. Rutilio Grande, cuja causa já está em andamento;
A cerimônia será transmitida em cadeia nacional de TV em El Salvador e por 14 emissoras internacionais;
Estão previstos detalhes comoventes: quando os dons eucarísticos serão levados ao altar, o ofertório incluirá um livro contendo os Acordos de Paz de El Salvador, que puseram fim à guerra civil de 1980 a 1992 no país centro-americano;
O Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, que presidirá a cerimônia, publicou o livro “Beato Oscar Romero”, o que demonstra a grande importância para a Igreja da beatificação de Dom Romero;
Ao longo de todas as avenidas que confluem na Praça das Américas serão instalados telões gigantes para que os fiéis possam acompanhar a cerimônia;
Espera-se a participação de pelo menos 12 Chefes de Estado, além dos vice-Presidentes de Cuba e Costa Rica. Aguardam-se delegações de Brasil, Colômbia, Chile, Estados Unidos, Itália, México, Nicarágua, Uruguai e membros da Organização dos Estados Americanos (OEA);
O governo assegurou um aparato de segurança com 45 mil pessoas entre grupos de socorro, bombeiros e corpos da polícia;
No âmbito das atividades programadas, consta uma peregrinação até a Catedral Metropolitana, onde descansam os restos do Arcebispo mártir;
No dia da beatificação, mais de 1.100 sacerdotes se prepararão para a cerimônia no Seminário San José de La Montaña e também irão até a Praça em procissão. O lugar teve significado especial na vida de Dom Romero porque boa parte de sua formação sacerdotal foi feita ali, onde também conheceu o sacerdote jesuíta Rutilio Grande, que se tornou um dos seus mais próximos amigos;
Pe. Grande também foi assassinado, três anos antes que Romero, em 12 de março de 1977. Muitos asseguram que este crime causou uma importante mudança na vida de Dom Romero. Muitos de seus escritos realizados em décadas anteriores já relatavam sua preocupação com a injustiça social, sobretudo no interior do país.
(CM)





 

Cutumay Camones

Cutumay Camones - Red Latinoamericana de Historia Oral

 

A beatificação de D. Romero. Uma vitória para o Papa Francisco


A beatificação no dia de hoje, 23 de maio, de D. Oscar Romero, é uma demonstração da natureza radical da revolução que o Papa Francisco está realizando", afirma Paul Vallely, em comentário publicado no jornal The New York Times, 22-05-2015. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Paul Vallely é professor de ética pública na University of Chester, na Inglaterra, e autor da biografia “Pope Francis: The Struggle for the Soul of Catholicism”, a ser publicado em breve. Ele também é autor de uma biografia muito comentada do Papa Francisco. Trata-se do livro Pope Francis: Untying the Knots. London: Bloomsbury, 2013.

Segundo ele, "a beatificação de Oscar Romero é, pois, motivo para um regozijo duplo. Ela honra um homem cujo amor pela justiça e o foco nos pobres eram uma manifestação direta de sua fé. Mas ela também revela que, com a chegada do Papa Francisco, algumas das forças das trevas que se esconderam no Vaticano nas décadas recentes foram, finalmente, derrotadas".

Eis o comentário.

O arcebispo assassinado Oscar Arnulfo Romero está na reta final de um caminho tortuoso para a santidade com a realização de sua beatificação neste sábado. Esta ocasião fez se realizarem celebrações da mais alta ordem em El Salvador, sua terra natal. Porém o evento envolve um regozijo muito mais amplo – pois revela uma vitória contra algumas influências malignas de dentro da Igreja e dá provas da natureza radical da revolução que o Papa Francisco está forjando em Roma.

Dom Romero foi atingido e morto no altar enquanto celebrava missa em San Salvador no ano de 1980. O seu assassino fazia parte de um dos esquadrões da morte que davam sustentação a uma aliança pecaminosa entre proprietários de terras, o exército e segmentos da Igreja Católica no momento em que o país se movia em direção a uma guerra civil. O crime do arcebispo havia sido ordenar que os soldados parassem de matar civis inocentes. A elite de extrema-direita viu-o como um apologista da revolução marxista – uma difamação que indivíduos da alta hierarquia vaticana alimentaram durante três décadas e que, agora, o Papa Francisco finalmente silenciou.

A principal preocupação de tais críticos era que esta sua canonização acabasse sendo um endosso eficaz para Teologia da Libertação; muitos temiam que ela iria permitir a infiltração do comunismo na América Latina. Tal pensamento era uma caricatura intencional do movimento que sustentava a ideia segundo a qual os Evangelhos carregam uma “opção preferencial pelos pobres” e insistia que a Igreja tinha o dever de trabalhar pela libertação social e econômica dos oprimidos bem como pelo seu bem-estar espiritual. Esta representação equivocada alcançou o seu ápice nas calúnias grosseiras perpetradas contra o arcebispo, tanto durante a sua vida quanto depois da sua morte.

Quando se tornou arcebispo de San Salvador, a oligarquia do país esperava que o Dom Romero fosse um prelado de confiança. A sua formação era a de um religioso conservador e a sua espiritualidade baseava-se naquela do Opus Dei, grupo de sacerdotes e leigos profundamente tradicionais. Porém ele ficou indignado com a violência crescente contra os pobres e contra os que os defendiam.

Dentro de algumas semanas depois da sua instalação como arcebispo, um de seus sacerdotes – um amigo próximo, o padre Rutilio Grande – foi assassinado por apoiar alguns camponeses que protestavam pela reforma agrária e por melhores salários. Vários sacerdotes foram mortos depois disso, embora em 1979 estes formavam somente uma pequena parcela das 3 mil pessoas, em princípio, assassinadas todos os meses no país. Quando um jornalista perguntou sobre o que fez na qualidade de arcebispo, Romero respondeu: “Eu recolhi os corpos”.

Na medida em que a violência piorava, Dom Romero se tornava mais crítico em seus sermões, os quais eram transmitidos em rede nacional. Neles, o religioso condenava a opressão e dizia às pessoas que Deus estava com elas.

Ainda que Dom Romero não fosse um teórico da libertação, Dom Vincenzo Paglia, o principal defensor da causa da canonização, chamou-o de “mártir da Igreja do Concílio Vaticano II” porque a sua decisão de “viver com os pobres e defendê-los da opressão” advinha diretamente dos documentos do Vaticano II.

Tampouco era ele um teórico marxista. Em um sermão de 1978, disse: “Uma Igreja marxista não seria só autodestrutiva, mas também sem sentido”, pois “o materialismo destrói o significado transcendente da Igreja”.

Este era, porém, um ambiente no qual qualquer um que levantasse a voz em nome da justiça acabava sendo rotulado como comunista.

As elites sociais, militares e eclesiásticas de El Salvador estavam profundamente infelizes com o arcebispo. As 14 famílias que controlavam a economia e que faziam grandes doações à Igreja enviavam um fluxo constante de queixas a Roma. Elas acusavam Dom Romero de se intrometer na política, ratificando o terrorismo e abandonando a missão espiritual da Igreja de salvar almas. Quatro bispos, preocupados que o arcebispo estava questionando os laços deles com a oligarquia, começaram a se manifestar, com virulência, contra ele.

Os diários copiosos de Dom Romero desmentem todas as afirmações feitas pelos seus críticos. O mesmo fez o dossiê que ele deu ao Papa Paulo VI em uma audiência privada, que terminou com o pontífice instando-o: “Coragem! Ânimo. Tu és o responsável”.

No entanto, Dom Romero percebeu uma mensagem muito diferente quando foi chamado a Roma pelo Cardeal Sebastiano Baggio, então prefeito da Congregação para os Bispos. Este cardeal falou que ele estava com um volume sem precedentes de queixas contra Dom Romero. O despacho de acusação estava cheio de alegações ferozes e distorções perniciosas, e Dom Romero ficou angustiado porque o cardeal tinha claramente acreditado nelas. De novo, ele foi até o papa, que novamente o instou: “procede com coragem”.

Mas o papa seguinte, João Paulo II, tinha pouco conhecimento sobre a América Central e confiou no conselho de autoridades curais hostis ao arcebispo. O Cardeal Baggio enviou um inspetor vaticano a El Salvador, que recomendou destituir Romero de suas funções. O arcebispo apelou a João Paulo II, que pediu que seus críticos moderassem em suas atitudes para com o prelado.

Após o assassinato, os seus inimigos deram início a três décadas de manobras que buscavam evitar que ele fosse declarado oficialmente santo. Uma série de táticas foram postas em prática para impedir que isso acontecesse, tudo liderado pela mesma pessoa que havia recebido a tarefa de defender a causa [de beatificação] de Dom Romero: o Cardeal Alfonso López Trujillo, religioso colombiano profundamente avesso à Teologia da Libertação. Anos se passaram enquanto as autoridades vaticanas examinavam os escritos de Dom Romero em busca de erros doutrinais. Quando nada encontraram aqui, os críticos mudaram de posição para argumentar que ele – Dom Romero – não havia sido morto por sua fé, mas por suas “declarações políticas”.

Os que apoiavam Dom Romero culpavam os papas conservadores, que seriam contrários à Teologia da Libertação, mas isso não é justo. Em 1997, João Paulo II condecorou Romero com o título de Servo de Deus e, em 2003, disse a um grupo de bispos salvadorenhos que o prelado centro-americano era um mártir.

Em 2007, Bento XVI chamou-o de “um homem de grande virtude cristã”. E acrescentou: “Que Romero como pessoa merece a beatificação, eu não tenho dúvida”. (Esta última frase foi estranhamente cortada da transcrição disponível no sítio do Vaticano.) Um mês antes de renunciar, Bento XVI deu ordens para que o processo de canonização de Dom Romero fosse desbloqueado.

Foi a chegada do Papa Francisco – que prontamente engendrou uma reaproximação entre o Vaticano e a Teologia da Libertação – o que finalmente fez as coisas andarem. A causa de Dom Romero, disse ele aos jornalistas, estava “bloqueada na Congregação para a Doutrina da Fé ‘por prudência’”. Mas acrescentou: “Para mim, Romero é um homem de Deus”.

Nesse sentido, o organismo competente dos teólogos declarou, universalmente, que Dom Romero não havia sido morto por motivos políticos, mas tinha de fato morrido por causa do odium fidei – ódio à fé. Francisco prontamente o declarou mártir, e o caminho para a santidade estava aberto.

Para o Papa Francisco, esta ação era algo evidente. Ele disse, em seu segundo dia de como papa, que queria uma “Igreja pobre para os pobres”. E escreveu, em seu documento Evangelii Gaudium: “Há que afirmar, sem rodeios, que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os pobres”.

A beatificação de Oscar Romero é, pois, motivo para um regozijo duplo. Ela honra um homem cujo amor pela justiça e o foco nos pobres eram uma manifestação direta de sua fé. Mas ela também revela que, com a chegada do Papa Francisco, algumas das forças das trevas que se esconderam no Vaticano nas décadas recentes foram, finalmente, derrotadas.

 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Playlist - Tocando B.B. King sem parar.







B.B. King morre aos 89 anos; ouça seus maiores sucessos.. aqui

 

 

Blogueiro britânico diz que brasileiros exageram na rejeição ao Brasil







Pouco depois de chegar a São Paulo, fui a uma loja na Vila Madalena comprar um violão. O atendente, notando meu sotaque, perguntou de onde eu era. Quando respondi "de Londres", veio um grande sorriso de aprovação. Devolvi a pergunta e ele respondeu: ‘sou deste país sofrido aqui’.

Fiquei surpreso. Eu - como vários gringos que conheço que ficaram um tempo no Brasil - adoro o país pela cultura e pelo povo, apesar dos problemas. E que país não tem problemas? O Brasil tem uma reputação invejável no exterior, mas os brasileiros, às vezes, parecem ser cegos para tudo exceto o lado negativo. Frustração e ódio da própria cultura foram coisas que senti bastante e me surpreenderam durante meus 6 meses no Brasil. Sei que há problemas, mas será que não há também exagero (no sentido apartidário da discussão)?

Tem uma expressão brasileira, frequentemente mencionada, que parece resumir essa questão: complexo de vira-lata. A frase tem origem na derrota desastrosa do Brasil nas mãos da seleção uruguaia no Maracanã, na final da Copa de 1950. Foi usada por Nelson Rodrigues para descrever “a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo”.

E, por todo lado, percebi o que gradualmente comecei a enxergar como o aspecto mais 'sofrido' deste país: a combinação do abandono de tudo brasileiro, e veneração, principalmente, de tudo americano. É um processo que parece estrangular a identidade brasileira.


Sei que é complicado generalizar e que minha estada no Brasil não me torna um especialista, mas isso pode ser visto nos shoppings, clones dos 'malls' dos Estados Unidos, com aquele microclima de consumismo frígido e lojas com nomes em inglês e onde mesmo liquidação vira 'sale'. Pode ser sentido na comida. Neste "país tropical" tão fértil e com tantos produtos maravilhosos, é mais fácil achar hot dog e hambúrguer do que tapioca nas ruas. Pode ser ouvido na música americana que toca nos carros, lojas e bares no berço do Samba e da Bossa Nova.






Cadê a tapioca?
Pode ser visto também no estilo das pessoas na rua. Para mim, uma das coisas mais lindas do Brasil é a mistura das raças. Mas, em Sampa, vi brasileiras com cabelo loiro descolorido por toda a parte. Para mim (aliás, tenho orgulho de ser mulato e afro-britânico), dá pena ver o esforço das brasileiras em criar uma aparência caucasiana.

Acabei concluindo que, na metrópole financeira que é São Paulo, onde o status depende do tamanho da carteira e da versão de iPhone que se exibe, a importância do dinheiro é simplesmente mais uma, embora a mais perniciosa, importação americana. As duas irmãs chamadas Exclusividade e Desigualdade caminham de mãos dadas pelas ruas paulistanas. E o Brasil tem tantas outras formas de riqueza que parece não exaltar...

Um dos meus alunos de inglês, que trabalha em uma grande empresa brasileira, não parava de falar sobre a América do Norte. Idealizou os Estados Unidos e Canadá de tal forma que os olhos dele brilhavam cada vez que mencionava algo desses países. Sempre que eu falava de algo que curti no Brasil, ele retrucava depreciando o país e dando algum exemplo (subjetivo) de como a América do Norte era muito melhor.

O Brasil está passando por um período difícil e, para muitos brasileiros com quem falei sobre os problemas, a solução ideal seria ir embora, abandonar este país para viver um idealizado sonho americano. Acho esta solução deprimente. Não tenho remédio para os problemas do Brasil, obviamente, mas não consigo me desfazer da impressão de que, talvez, se os brasileiros tivessem um pouco mais orgulho da própria identidade, este país ficaria ainda mais incrível. Se há insatisfação, não faz mais sentido tentar melhorar o sistema?

Destaco aqui o que vejo como um uma segunda colonização do Brasil, a colonização cultural pelos Estados Unidos, ao lado do complexo de vira-latas porque, na minha opinião, além de andarem juntos, ao mesmo tempo em que existe um exagero na idealização dos americanos, existe um exagero na rejeição ao Brasil pelos próprios brasileiros. É preciso lutar contra o complexo de vira-latas. Uma divertida, porém inspiradora, lição veio de um vendedor em Ipanema. Quando pedi para ele botar um pouco mais de 'pinga' na caipirinha, ele respondeu: "Claro, (mermão) meu irmão. A miséria tá aqui não!" Viva a alma brasileira!
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Sempre diziam a Lily que ela parecia brasileira. Veja o que descobriu quando chegou ao Brasil...



Yara é filha de brasileira e inglês. Queria cozinhar e lavar louça e a família se espantou.





James falou sobre burocracia, desigualdade e adorou o funk carioca!

“Trabalhamos com Dilma para que corte na Cultura não seja burro”

Sociólogo defende legado "Gil-Juca" e diz que críticas de Marta foram "circunstanciais"

FONTE - EDIÇÃO PORTUGUESA DE EL-PAÍS, para acessar a matéria original, clique nos link acima. 


Juca na posse de seu segundo turno como ministro da Cultura. / Elza Fiúza (A. Brasil)

Diante da crise econômica e política que se instalou definitivamente no Brasil após a reeleição de Dilma Rousseff, o país começa a assistir a uma série de medidas que tentam conter gastos, rever planejamentos e, ainda no meio de tudo isso, contornar o desânimo que se instala na sociedade. Na área de Cultura, historicamente uma das mais esquálidas dentro do bolo orçamentário da União, o impacto desse pacote costuma ser dos piores, e o setor teme pelo seu futuro.




Mas o sociólogo e ambientalista baiano Juca Ferreira, 66 anos, que assumiu pela segunda vez o Ministério da Cultura (sua primeira gestão foi em substituição a Gilberto Gil, entre 2008 e 2010), garante que não se surpreende, nem se assusta com a falta de dinheiro. “Para mim, orçamento baixo em Cultura é ponto de partida”, diz. E, em outro momento, reforça: "Dinheiro não é tudo".

Mesmo assim, o momento no Governo é de brigar por maiores fatias do bolo, e ele não se furta à luta, aproveitando, inclusive, a fase de dieta de Dilma para marcar posição: “Chegam três pessoas numa clínica de emagrecimento: um gordão, um com peso normal e um magricela. Se o médico disser assim: ‘Eu vou cortar 35% de todos vocês’, o obeso talvez depois tenha que reduzir ainda mais o peso e o magricela morre”, argumentou com a presidenta.

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É constante seu chamado à era “Gil-Juca” ao defender os projetos que tem desenhados para seu trabalho atual – como a reforma da Lei Rouanet, a criação do fundo ProCultura e a reativação dos Pontos de Cultura – e ao rebater críticas e acusações como as que a senadora e ex-ministra Marta Suplicy se acelerou em fazer assim que ele assumiu.

Mas, mesmo em terrenos espinhosos como esse e o da atual crise do PT, ele trata de manter a simplicidade das elaborações. “Ela se incomodou com o fato da presidenta ter me escolhido para coordenar a área cultural da campanha”, alfineta, sobre o desencontro com Marta. Critica a ex-prefeita nas entrelinhas, mas evita o alarde: “Foi apenas algo circunstancial”.

Pergunta. Que balanço você faz desses primeiros meses novamente à frente do Ministério de Cultura?

Resposta. Completamos cem dias recentemente. Quando cheguei, percebi que parte do que tínhamos construído tinha se enfraquecido. Algumas políticas e programas tinham perdido força e, internamente, o Ministério precisava ser reaquecido. Eu trabalho sempre com a perspectiva de que é preciso modernizar e dar eficiência ao Estado brasileiro. Conversei com a presidenta quando assumi e disse: “Olha, encontrei um Ministério com dificuldades de funcionamento, mas nada que em três meses a gente não resolva”. E a gente já começa a ter um perfil de um Ministério moderno, contemporâneo. Retomamos esses programas, como os Pontos de Cultura, revitalizando-os e assumindo toda uma plataforma nova.


A Lei Rouanet constitui uma pirâmide de privilégios e está absolutamente concentrada. Quase 90% do dinheiro fica na região Sudeste, e 80% fica dentro do Rio e de São Paulo, e no Rio e em São Paulo beneficia sempre pros mesmos.

P. Dizem que fazer algo pela segunda vez é mais fácil. Você concorda?

R. A gente amadurece. Na primeira vez, tivemos que fundar um conceito de gestão cultural. O Ministério já existia há mais ou menos 20 anos, quando o assumimos, em 2003. Mas até Gilberto Gil, o Ministério da Cultura não tinha dito a que veio. Não fazia nenhuma intervenção ampla, não trabalhava pras necessidades e demandas da população. Era um Ministério que se relacionava com alguns artistas, não trabalhava com o conceito de política pública. E nós o fundamos. Questionamos o modelo de desenvolvimento o tempo inteiro. Se você vir, as falas de Gil e minhas sempre foram no sentido de que é preciso Educação de qualidade, ao acesso de todos, e também acesso pleno à Cultura. Passei dois anos na Espanha, em Madri, trabalhando na secretaria geral ibero-americana, e pude fazer um balanço. Vi que tínhamos ampliado o conceito de cultura, fortalecemos muito a dimensão sociocultural através do protagonismo da sociedade e da valorização de todas as manifestações culturais. Percebi também que tínhamos trabalhado menos as linguagens artísticas. Agora vamos reconstituir políticas paras as artes que respondam às necessidades do século XXI, o que já reflete essa maturidade.


Facebook, censura e indígenas


Retrato de índios botocudos de 1909, feito por Walter Garbe.
Dias depois de a presidente Dilma Rousseff anunciar parceria do Governo federal com o Facebook no mês passado, o site de Marc Zuckerberg voltou a ser notícia em Brasília. O ministro da Cultura convocou uma entrevista coletiva para anunciar que a pasta entraria com medidas legais contra a rede social por causa da censura de uma foto de indígenas botocudos. O casal, retratado no começo do século passado, estava na página do Minc no Facebook.
"Fomos surpreendidos com censura de uma foto de um portal nosso", conta Juca Ferreira, citando o Brasiliana Fotográfica, criado por uma parceria da Biblioteca Nacional e o Instituto Moreira Salles para disponibilizar fotografias históricas. "Ligamos pro Facebook, e eles disseram que não se submetem à legislação dos países onde operam e sim ao tribunal da Califórnia. Eu achei que eles estavam agredindo a soberania brasileira e também os povos indígenas, que vão ter que se travestir de não índio para aparecer no Facebook... Isso é um tipo de etnocídio – simbólico, mas etnocídio", segue o ministro.
O Facebook voltou atrás na censura e a foto dos indígenas foi republicada. A empresa disse que "assim como qualquer outra mídia, temos limitações com nudez" e que está aberta a receber "feedback".
Mas, para o ministro, a história não termina aí. Ele promete levar o caso a fóruns internacionais. "É preciso regulamentar democraticamente a rede, para que ela não tenha esses sistemas supranacionais, sem nenhuma transparência de critérios. Nós não somos obrigados a importar o moralismo americano. Mais da metade dos brasileiros, 53%, confunde Facebook e Internet. E o uso aqui é um dos maiores do mundo. É um instrumento público, administrado por uma empresa privada. A gente reconhece a importância do Facebook, mas essas empresas globais, que operam nas nuvens, têm que se submeter a normas e padrões internacionais de legislação."

P. Você está me falando da sua concepção de cultura. A presidenta citou a “pátria educadora” ao assumir o segundo mandato. Na sua opinião, por que cultura e educação andam pouco de braços dados no Brasil e o que você prevê para enlaçar essas duas áreas irmãs?

R. Já temos algumas ações que vêm da minha época, como o Mais Cultura nas escolas e universidades, e há outras relações em parceria com o Ministério da Educação, mas evidentemente é insuficiente. Hoje, a escola está disponível para o conjunto da população brasileira em todo o território nacional, mas é preciso qualificar a Educação. Já tivemos uma primeira reunião com o ministro da Educação, Renato Janine, que foi excelente, e definimos um programa de longo, médio e curto prazo que supere essa dificuldade de interação entre as duas áreas. Cultura e arte têm que estar presente no currículo das escolas e no turno em que os estudantes não estão na sala de aula. É preciso disponibilizar o deleite estético, o acesso à linguagem artística...

P. O momento político é especialmente delicado, e talvez por isso críticas não faltem. Como você reage às críticas ao seu trabalho, em especial às críticas e acusações de "desmandos" da senadora e ex-ministra Marta Suplicy?

R. Na verdade, a gente tem sido elogiado. Minha posse foi a que teve a maior quantidade de gente entusiasmada. Houve uma demanda de amplos setores da cultura, de artistas, produtores culturais e representantes de povos indígenas de que eu voltasse pro Ministério, porque houve uma quebra de um processo de democratização e de qualificação da ação do Estado na área cultural. Cheguei energizado por um apoio muito grande de amplos setores. O incidente com a Marta foi muito circunstancial e passageiro. Nunca tinha tido problema com ela, inclusive eu a elogiei no passado, dizendo que ela era a possibilidade da volta do Ministério ao século XXI. Mas, quando começou o processo de afastamento do PT, ela se incomodou com o fato da presidenta ter me escolhido para coordenar a área cultural da campanha. Ficou muito enciumada. Quando o presidente Lula estava falando em um ato de campanha no Rio de Janeiro e fez referência à presença dela e à minha, eu fui mais aplaudido do que ela. Aquilo criou um constrangimento, e depois saiu um coro, inclusive: “Volta, Juca! Volta, Juca!”. Ali começou uma dificuldade, e depois ela fez uma insinuação que teria ocorrido “desmandos” na minha gestão. Eu sei ao que ela está se referindo: aos Pontos de Cultura, dizendo que eles não prestavam conta do recurso público que recebiam. E à Cinemateca Brasileira.

P. Qual é a situação da Cinemateca?

R. O cinema brasileiro perdeu boa parte dos seus filmes. Tem décadas do século passado que já não têm nem a metade dos filmes disponíveis, porque o tempo corroeu as cópias. Então, nós, ainda na gestão de Gil, percebemos que era preciso investir na memória do audiovisual brasileiro. Investimos 105 milhões de reais na Cinemateca e a equipamos. Hoje, ela é considerada a terceira melhor cinemateca do mundo. O processo de suspensão [da Sociedade dos Amigos da Cinemateca] está sendo concluído agora, e eu tenho certeza de não tem nenhuma anormalidade. A insinuação da Marta foi fruto desse processo de ir constituindo um afastamento do PT. Pra mim, foi circunstancial, e dei a resposta que tinha que ser dada. Ela foi irresponsável no comentário. Você não pode disponibilizar a ética de pessoas decentes pro jogo político. Isso é próprio da política brasileira. Hoje, ninguém xinga a mãe do outro. Diz que é corrupto, e aí a pessoa passa anos tentando provar que não é. Mas, com alguém que já tem mais de 45 anos na política e nunca teve nenhum deslize, não é muito difícil mostrar a irresponsabilidade da insinuação.

P. A Lei Rouanet já se tornou uma bandeira da sua atual gestão. Aonde você gostaria de levá-la?

R. É uma bandeira desde a gestão passada. Eu rodei o Brasil por oito anos, como secretário executivo e ministro, discutindo a Lei Rouanet. Preparamos um projeto de substituição da lei por um outro modelo de modelo de financiamento e fomento à cultura. A Rouanet constitui uma pirâmide de privilégios e está absolutamente concentrada. Quase 90% do dinheiro fica na região Sudeste, e 80% fica dentro do Rio e de São Paulo, e no Rio e em São Paulo beneficia sempre pros mesmos. Quem define como usar esse dinheiro, que é público, fruto de 100% de renúncia fiscal, são os departamentos de marketing das empresas. Só usam esse dinheiro em produções que podem reforçar a imagem da empresa. É uma distorção absoluta: usar dinheiro público com critérios privados... É um ovo de serpente do período em que o neoliberalismo predominou nas políticas governamentais no país, na época do Collor. E sobrevive até hoje, porque gerou interesses, e esses interesses resistem à ideia de você criar um fundo nacional. Só que quem define o uso do dinheiro público são as estruturas públicas, com critérios públicos. Não sou jurista, mas tenho certeza que é uma lei inconstitucional. Tem um princípio constitucional que diz que o uso do dinheiro público não é fruto do livre arbítrio do gestor. Todo projeto de lei tem um arrazoado inicial, que é justamente o custo-benefício daquela ação. Usar dinheiro do Estado com critérios de marketing e sempre transversalmente aos interesses e às necessidades culturais do país? É uma maneira de privatizar um recurso público.


O evento mais visto do mundo é a abertura das Olimpíadas. Nas duas solenidades, a abertura e o encerramento, a gente vai acompanhar e dar alguma opinião. Eu não sei dizer o que podemos esperar, mas queremos ter uma interferência e o mínimo de recurso

P. E de que maneira o ProCultura poderá contornar essa situação?

R. O ProCultura criou um fundo nacional para financiar as atividades culturais da população. Define uma grade critérios complexa, inclusive proporcionalidades, a depender da densidade populacional, da riqueza cultural, da quantidade de projetos... Avalia-se os projetos, sob o ponto de vista do mérito e da relevância pra cultura do país, e quando há interesse da empresa se associar, ela tem que botar no mínimo 20%, porque em uma verdadeira parceria as duas partes têm que de alguma maneira colaborar. Hoje, o Governo entra com dinheiro e a empresa decide pra quem vai.

P. E outras bandeiras do seu trabalho como ministro da Cultura, desde antes, como os Pontos de Cultura, os direitos autorais e o Vale Cultura... O que podemos esperar?

R. Os Pontos de Cultura já estão sendo reativados. Nós acabamos de regulamentar a lei Cultura Viva – que abriga o programa –, o Congresso aprovou e já estamos preparando os primeiros editais. Sobre o Vale Cultura, nesse momento de retração econômica, os empresários resistem em incorporar qualquer benefício aos trabalhadores, mas vamos negociar. Uma ou outra dificuldade operacional que surgiu, nós vamos corrigir. Em direitos de autor, estamos avançando. Mais de 60.000 pessoas participaram diretamente das reuniões técnicas, conversas e seminários, trouxemos especialistas de outros lugares do mundo e preparamos um projeto. Tivemos uma resistência enorme do ECAD, porque insistíamos que a arrecadação da instituição era feita sem nenhum controle por parte do artistas e da sociedade. A outra parte, que é a modernização do direito autoral, a ponto de garanti-lo num ambiente digital, nós ainda vamos viver. O último esforço será reapresentar a proposta no Congresso, para poder ter uma lei que seja capaz de garantir a realização plena do direito autoral no Brasil.

P. Você é familiarizado com a programação cultural e o orçamento do Sesc-SP? Como se sente tendo um orçamento menor que o deles no Minc, se descontados os valores de lei de incentivo?

R. Sou, bastante. É um orçamento invejável. Acho são 1,5 bilhões de reais, e sem a responsabilidade que nós temos de fomentar, apoiar, criar infraestrutura e transferir recursos. Mas nem tudo é dinheiro. A gente avançou muito nos conceitos e continuamos avançando. Hoje, reconhece-se internacionalmente que nós estamos fundando um novo conceito de gestão cultural, ou seja, da presença do Estado democrático junto à cultura. Nós vamos criar uma cátedra com a chancela das Nações Unidas para aprofundar a elaboração deste conceito de gestão cultural desenvolvido aqui. Isso já nos garante a possibilidade de dar saltos de qualidade. Segundo, quando nós chegamos no Ministério, em 2003, o orçamento era 287 milhões. Quando eu saí, em 2010, era de 2,3 bilhões. É um crescimento avassalador. Perdemos um pouco de lá pra cá, pela perda de protagonismo do Ministério da Cultura. Mas isso é conquistado. O dinheiro vai aparecendo à medida em que você vai trabalhando e evoluindo. Pra mim, é ponto de partida orçamento baixo. Eu luto por aumentar, mas não é um impeditivo para avançar.

P. E qual é a perspectiva para o orçamento da pasta neste ano?


Estamos trabalhando com a presidenta para que o corte não seja burro, não seja igual para todas as áreas. A Cultura tem um percentual muito baixo dentro do bolo orçamentário

R. Estamos trabalhando com a presidenta para que o corte não seja burro, não seja igual para todas as áreas. A Cultura tem um percentual muito baixo dentro do bolo orçamentário, mas você pode fazer um manejo. Tem uma PEC – à qual sou totalmente favorável – que está tramitando e que tenta criar um índice mínimo do orçamento para a Cultura: 2% no Governo federal, 1,5% nos Governos estaduais e 1% nos municípios. Quando fui argumentar com a presidenta e o conjunto de ministros da área econômica, disse: “Presidenta, eu vou usar uma metáfora que, como você está fazendo dieta, vai compreender. Chegam três pessoas numa clínica de emagrecimento: um gordão, um com peso normal e um magricela. Se o médico disser assim: ‘Eu vou cortar 35% de todos vocês’, o obeso talvez depois tenha que ir ainda pra uma nutricionista para reduzir ainda mais o peso; o de peso normal vai sair um pouco enfraquecido, mas tem todas as condições de rapidamente se recuperar; mas o magricela morre”. Evidentemente dei uma sustentação técnica com os gráficos da perda desse orçamento que conquistamos nos oito anos do presidente Lula, e conseguimos sensibilizá-la. Agora estamos na fase de negociação. Estranhamente, o Brasil ainda não tem o orçamento definitivo. Mas estão fechando, e vamos ser tratados com um nível de cuidado maior.

P. Você criticou o programa cultural apresentado para a Copa do Mundo. O que virá para as Olimpíadas?

R. Todo mundo reconhece que foi muito ruim. É o tipo da crítica que, até agora, não teve nenhum rebatimento. Ninguém defendeu. Me ofereci, e o Governo federal aceitou que eu participe do comitê que está organizando as atividades culturais da Olimpíada. Nas duas solenidades, a abertura e o encerramento, a gente vai acompanhar e dar alguma opinião. Eu não sei dizer o que podemos esperar, mas queremos ter uma interferência e o mínimo de recurso. O evento mais visto do mundo é a abertura das Olimpíadas, são quatro bilhões de pessoas que assistem. É uma oportunidade do Brasil se apresentar, e há muito mais países envolvidos do que na Copa. É um excelente momento pra gente fortalecer a presença da cultura brasileira no mundo e no próprio Brasil.

P. Qual é o diálogo que a cultura brasileira mantém com o exterior hoje?

R. Existe um forte diálogo. Nas feiras literárias, por exemplo, a gente tem sido homenageado por vários países do mundo. Nós temos um programa de tradução de escritores brasileiros no exterior, que tem sido muito bem-sucedido. Já temos mais de cem autores com três, quatro obras traduzidas. Isso tem colocado esses autores nas estantes do mundo inteiro e tem tido uma boa receptividade. É um programa que eu pretendo fortalecer e apoiar.

P. O meio editorial teme pelo fim desse programa.

R. Eu não posso garantir nada, porque a gente está negociando a redução do corte orçamentário, mas é um programa pelo qual eu tenho muito apreço, e a gente quer fortalecê-lo. É normal que as pessoas pressionem no sentido de continuar, porque é um programa bem sucedido.

P. Você tem críticas ao atual Governo e ao PT, que lida com escândalo de corrupção na Petrobras?


O Governo Lula conseguiu melhorar o padrão de vida das pessoas, aumentando o poder aquisitivo, mas teve uma incidência mais dentro de casa e dentro da cabeça das pessoas.

R. Não é de bom tom que um ministro fique fazendo críticas ao Governo do qual ele participa. Há uma necessidade de compartilhamento das dificuldades. É semelhante a casamento. “Na riqueza e na pobreza. Na alegria e na tristeza...”. Quando a presidenta me convidou [para ser ministro], ela disse que queria uma retomada do desenvolvimento cultural que tínhamos deflagrado no Governo Lula. Por outro lado, acho que a crise econômica internacional chegou ao Brasil. De alguma maneira, nós nos atrasamos um pouco em tomar as medidas necessárias. A economia brasileira precisa entrar na área de economias com grande valor agregado – e a economia cultural é uma possibilidade de diversificação. Se não, com a atual dependência de commodities agrícolas e minerais, a gente oscila junto com os ciclos econômicos mundiais. Acho que outro aspecto negativo é que a corrupção no Brasil é forte e generalizada – não é de um partido nem de um Governo. Se fosse unilateral seria mais fácil... É preciso constituir uma nova base e ter mais rigor do que se tem. Por fim, os serviços públicos no Brasil são muito ruins. O Governo Lula conseguiu melhorar o padrão de vida das pessoas, aumentando o poder aquisitivo, mas teve uma incidência mais dentro de casa e dentro da cabeça das pessoas. Quando elas saíram da contingência da necessidade absoluta com um pouco de recursos, passaram a querer uma vida mais saudável. A mobilidade é péssima, o sistema de saúde é péssimo, a educação ainda está muito aquém da necessidade... Nessa atualização do Estado brasileiro, o Governo precisa se empenhar de uma forma mais decisiva pra que a gente possa reverter a expectativa negativa que existe no momento no Brasil.




Quem é Juca Ferreira


Ex-militante estudantil, Juca Ferreira (Salvador, 1949) passou nove anos exilado no Chile, na Suécia e na França, onde se formou em Sociologia, durante o regime militar brasileiro. De volta ao Brasil, assumiu diferentes funções na área de cultura e de meio ambiente – entre elas, foi Secretário de Meio Ambiente da prefeitura de Salvador e também assessor especial da Fundação Cultural do Estado da Bahia, além de duas vezes vereador em Salvador – até se tornar secretário executivo de Gilberto Gil, quando o cantor e compositor assumiu o Ministério da Cultura, em 2003. Cinco anos mais tarde, com a saída de Gil, ele deixa o papel de braço direito para assumir o comando da pasta.

A experiência sob Lula e Gil definiu para Juca uma espécie de legado calcado no desenvolvimento de políticas públicas, no estímulo da diversidade cultural brasileira e no que ele chama de modernização e democratização da Cultura no país. 

Assista/Ouça a playlist a arte de viver da arte..

O primeiro passo para entender e prevenir a violência nas escolas.Conversar com quem está no meio do furacão e que está encontrando saídas.

Por Zezito de Oliveira - educador e produtor cultural


Vou a página da secretaria de estado da educação procurar informação sobre um determinado assunto e me deparo com o convite para o III Seminário em Educação: Cidadania e Paz nas Escolas.


E mais uma vez, vejo repetir uma metodologia de discussão em massa, que relega a fala dos professores que tem práticas exitosas a um plano secundário, tendo que resumir o relato nos três minutos ao fim das conferências.


Como já está demonstrado, por ser de baixa eficácia, esse tipo de procedimento, por conta dos reiterados problemas ligados a questão da violência nas escolas, noticiados pela imprensa e redes sociais, considero altamente recomendável a formação de círculos de debates, com professores e profissionais de outras áreas que realizam trabalhos com metodologias inovadores e eficazes contra a violência escolar em suas diversas dimensões.


Fundamental que estas experiência sejam conhecidas e avaliadas, afim de ampliar o alcance dos seus êxitos e apoiadas para melhorar aspectos de limites que impedem o crescimento das mesmas, tanto no sentido qualitativo, como quantitativo.


Uma estratégia fundamental, para conhecer o que é realizado pelos educares sergipanos é iniciar um mapeamento daquilo que é realizado no chão da escola.


Neste sentido, a Ação Cultural, organização sem fins lucrativos, fundada por educadores e com foco em trabalhos de arte educação e arte cidadania, está realizando levantamento em parceira com o Sintese Cultural, com ênfase em iniciativas culturais desenvolvidas em escolas e que se relacionem com a comunidade do entorno e além fronteiras.


Estas iniciativas culturais tem se revelado um importante antidoto contra a violência, em especial a violência simbólica, a mãe de todas as outras formas de violência.


Em outra matéria me deparo com a informação do secretário da educação , Jorge Carvalho, afirmando que os vigilantes da empresa contratada, para as escolas com índices mais graves de violência contra o patrimônio e contra a vida, reduziram os índices praticamente a zero.


Sob o ponto de vista da violência física e patrimonial o raciocínio está correto, porém as situações de bulling, brincadeiras entre os alunos com tendência a se machucarem, o preconceito e a discriminação e etc.. vicejam em nossas escolas.


Fortalecendo o ovo da serpente, que os nossos meios de comunicação estão empenhados em chocar e com os interesses, que dispensa mais comentários para os bons entendedores.


Para saber mais, sobre a proposta do mapeamento sobre iniciativas culturais escolares e comunitárias. aqui

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Com o problema do rompimento dos canos da principal adutora que abastece de água, Aracaju e região metropolitana, a maioria dos alunos comemoram a suspensão das aulas previstas para esta semana. (11 a 15 de maio).

A primeira vista, parece desinteresse e falta de compromisso com os estudos, indo mais a fundo, iremos perceber as razões mais substantivas.


A música “Estudo Errado” de Gabriel, o Pensador aponta com maestria, um dos aspectos fundamentais do problema, as metodologia do ensino, Outros problemas, como a baixa remuneração dos professores, as estruturas física dos prédios,a limitação ou precariedade dos recursos materiais pedagógicos e a necessidade de formação continuada para professores, são mais lembrados em outros contextos e guardam interdependência com a questão metodológica, que não pode ser encarada de forma isolada.


O novo ministro da educação, Renato Janine Ribeiro, na minha opinião, é aquele que melhor percebeu o nó górdio da questão das metodologias de ensino..


Fico na expectativa de que ele convide professores da educação infantil até a universidade, para realizar um grande mutirão de discussão, visando a aplicação das melhores práticas em maior escola, aquelas metodologias que tornem mais desejados o ato de aprender e ensinar.