PRODUÇÃO CULTURAL NA ESCOLA


PRODUÇÃO CULTURAL NAS ESCOLAS NO FACEBOOK

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Quer a presença da Caravana Luiz Gonzaga em sua escola, empresa, orgão público ou organização não governamental?

Roda de quadriha improvisada no IFS - Foto: Alejandro Zambrana

Acima: Professor José Augusto - foto: Alejandro Zambrana
Abaixo: Exposição Fotográfica - foto: Zezito de Oliveira





Exposição de fotos, exibição de documentário sobre a Caravana Luiz Gonzaga Vai à Escola  e apresentação de coreográfias inspiradas em músicas de Luiz Gonzaga estão  a disposição de escolas da rede pública de ensino, durante os meses de maio e junho .

As escolas públicas interessadas em contar com a participação parcial da Caravana Luiz Gonzaga Vai à Escola, poderão entrar em contato com o  produtor executivo da iniciativa, Zezito de Oliveira, para combinar detalhes acerca das condições para o transporte de material, lanche  e pagamento de diárias para 2 adolescentes  que fazem a assistência a  produção.  

As escolas particulares, orgãos públicos, empresas  e organizações não governamentais,   além destas condições, deverão arcar com uma pequena ajuda financeira ou em material, sem valor pré definido,  voltada para o investimento no  trabalho sócio-educativo da Ação Cultural desenvolvido com crianças,  adolescentes e mães no Conjunto Jardim através de oficinas artisticas, reuniões , exibição de filmes e passeios culturais.

e-mail: zezitodeoliveira@gmail.com e 8864-5927 e 8117-2290
Para saber mais sobre a Caravana Luiz Gonzaga, clique AQUI AQUI
Quem quiser a presença completa da Caravana com  palestra, seleção de documentários e o trio de pé de serra, além dos itens citados no inicio deste informe,  deve entrar em contato com o produtor Zezito de Oliveira para acertar detalhes sobre o custo financeiro total.

Leia também: Festa junina na escola e qualidade na educação. AQUI

foto: Divulgação
 

Acima: Joaquim Antônio (Casaca de Couro)
Abaixo: Meninas da Oficina de Dança do Ponto de Cultura: Juventude e Cidadania.
 foto_ Marco Vieira

 

 

 

 







 

Apresentando o Programa Mais Cultura nas Escolas

Banner Programa mais cultura nas ecolas MEC
Mais Cultura nas Escolas é o resultado da parceria MinC e MEC para promover o encontro de iniciativas culturais e escolas públicas de todo o Brasil,  democratizar o acesso à cultura e ampliar o repertório cultural de estudantes, professores e comunidades escolares do ensino básico.

O que é "Mais Cultura nas Escolas"?

Mais Cultura nas Escolas é o resultado da parceria MinC e MEC para promover o encontro de iniciativas culturais e escolas públicas de todo o Brasil,  democratizar o acesso à cultura e ampliar o repertório cultural de estudantes, professores e comunidades escolares do ensino básico. Artistas, mestres das culturas populares, cinemas, pontos de cultura, museus, bibliotecas, arte educadores e outras iniciativas culturais agora podem elaborar Planos de Atividade Cultural em diálogo com projetos pedagógicos e com os eixos temáticos do Mais Cultura nas Escolas.

As atividades serão desenvolvidas dentro ou fora da escola por no mínimo 6  (seis) meses, valendo-se das mais diversas linguagens artísticas (música, teatro, audiovisual, literatura, circo, dança, contação de histórias, artes visuais, etc.) e manifestações da cultura (rádio, internet, jornal, culinária, mitologia, vestuário, mestre e saberes populares, etc.).

 
Eixos Temáticos

Os eixos temáticos do Mais Cultura nas Escolas foram criados considerando a diversidade da cultura brasileira e das manifestações artísticas atuais. São 9 (nove) eixos para incentivar projetos voltados, entre outros temas, a atividades em museus, pontos de cultura, cinemas e outros espaços culturais; à criação, circulação e difusão artística; à cultura digital e comunicação; ao patrimônio material e imaterial; às tradições orais; às culturas indígenas e à cultura afrobrasileira.
 
Recursos

Em 2013 serão investidos R$ 100 milhões para financiar 5 (cinco) mil projetos. Cada um dos contemplados vai dispor de valores entre R$ 20 e R$ 22 mil reais. Os recursos financiam, entre outros itens, a contratação de serviços culturais necessários às atividades artísticas e pedagógicas. Os valores serão repassados diretamente às escolas via PDDE/ FNDE (Programa Dinheiro Direto na Escolas/ Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação).
 
Atores/ Participantes

iniciativas culturais

Pessoas física ou jurídica, indivíduos ou grupos que desenvolvem práticas e pesquisas em artes, patrimônio, cultura popular, etc. Entidades como bibliotecas, pontos de cultura, museus, cinemas e outros espaços. O melhor meio de encontrá-las é explorar territórios educativos potenciais em torno da escola, atentando aos espaços e atores da cultura.   

escolas

Poderão inscrever projetos cerca de 34 mil escolas da rede pública, espalhadas por todo o Brasil, ativas nos Programas "Mais Educação" e "Ensino Médio Inovador" (MEC) até 2012. Mais informações sobre as escolas participantes nos links e documentos relacionados, ao lado, aqui nessa página digital.
 
Como participar?

Escolas e iniciativas culturais vão criar juntas um Plano de Atividade Cultural, em diálogo com um ou mais eixos temáticos propostos pelo programa. Os projetos serão cadastrados e enviados, pelos responsáveis das escolas, via SIMEC (Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação) até o dia 30 de junho de 2013. O processo de avaliação será conduzido pelos dois Ministérios, MinC e MEC.

 

Para visualizar as listas com nomes, endereços, telefones e outras informações das escolas participantes do Mais Cultura nas Escolas, procure nessa página, em cima e à direita do quadro "Saiba Mais", um link com o nome "Documentos". Entre os materiais disponíveis estão arquivos em formato .pdf, nomeados "Escolas Participantes - Mais Educação (MEC)" e "Escolas Participantes - Ensino Médio Inovador (MEC)". Nesse mesmo espaço também está disponível o "Manual - Mais Cultura nas Escolas", com informações e orientações  para a construção dos Planos de Atividade Cultural. 

 
Dúvidas?  AQUI

E explore documentos e links relacionados nessa página. Para saber mais escreva para maisculturanasescolas@cultura.gov.br
 

Mais Cultura nas Escolas

Governo investe R$ 100 milhões para levar artes ao ambiente escolar


Terça-feira, 21 de maio de 2013 - 19:27- Fonte: site do MEC

Mercadante e Marta pretendem atender este ano 5 mil projetos do Mais Cultura nas Escolas (Foto: João Neto/MEC) Os ministérios da Educação e da Cultura vão contemplar este ano 5 mil projetos culturais com valor entre R$ 20 mil e R$ 22 mil, de iniciativa de escolas da rede pública que já participam dos programas Mais Educação e Ensino Médio Inovador. Os projetos, que deverão atender aos objetivos de promover a circulação de cultura nas escolas e contribuir para a formação de público para as artes na comunidade escolar, deverão se formulados em parceria entre escolas, artistas e entidades culturais.

É o que determina o programa Mais Cultura nas Escolas, lançado nesta terça-feira, 21, pelos ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e da Cultura, Marta Suplicy. Estão aptas a se inscrever 34 mil escolas da rede pública, ativas nos dois programas já existentes. As iniciativas precisam ser cadastradas, até o final de junho, pelos diretores das escolas no Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do MEC (Simec).

A previsão de investimento é de R$ 100 milhões para financiar os 5 mil  projetos. Os valores serão repassados diretamente às escolas por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE). Ao prestarem contas, os gestores deverão incluir documentação de fotos e vídeos das atividades que foram realizadas pelo programa Mais Cultura nas Escolas.

“O objetivo do programa é envolver os estudantes nesse processo de aprendizado por meio da cultura. Vamos selecionar os projetos que mais envolvam a comunidade”, salientou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.

As atividades deverão ser voltadas para nove eixos temáticos: residência de artistas para pesquisa e experimentação; criação, circulação e difusão da produção artística; promoção cultural e pedagógica em espaços de cultura; educação patrimonial; cultura digital e comunicação; cultura afro-brasileira; culturas indígenas; tradição oral, e educação museológica.

Os projetos serão selecionados por uma comissão com representantes do MEC, do MinC e professores das universidades federais, que darão pareceres técnicos. Segundo o ministro, a escolha dos projetos vai buscar o equilíbrio para que todas as regiões do país estejam contempladas. “Vai ganhar quem tiver qualidade. Tudo na educação é mérito”, pontuou Mercadante. 

Paula Filizola


O Chão e a Gira 

Zezito de Oliveira

Texto baseado na fala "inspirada" durante a minha participação no seminário do coletivo investigador para a elaboração do plano integrado de cultura e educação.Iniciativa do MINC e Casa da Arte de Educar, realizado em Recife nos dias 15 e 16 de junho de 2012.


O processo educativo precisa aterrar, descer abaixo do chão e subir possibilitando a gira girar de forma bem tranquila.A “crise” da escola advém daí. Quando falamos em aterramento estamos tratando dos saberes de nossos ancestrais, estamos querendo dizer que precisamos buscar referenciais na memória das nossas comunidades , das nossas tribos, dos nossos terreiros, dos povos originários.Deixar a gira girar é garantir um ambiente favorável dentro da escola para liberar corpos e mentes para poderem se relacionar de forma mais sincera e criativa, inclusive com o conhecimento.Por isso não acontecer é que nos deparamos com pessoas completamente perdidas e a mercê dos modismos de ocasião em matéria de valores e comportamentos estimulados, fabricados e /ou disseminados com vistas ao fortalecimento da sociedade materialista, consumista e predatória que nos é imposta pelas elites capitalistas. Portanto, não é preciso temer nada daquilo que é novo ou diferente, desde que seja dedicado uma atenção especial aquilo que vem de muito longe e que nos liga com os elementos naturais e culturais que recebemos das gerações que nos antecederam.Falo das brincadeiras, dos folguedos, dos ritos religiosos, das lendas, não reduzidas a folclore, espetáculo, lazer ou coisa que o valha, mas entendendo que tudo isto é fonte de conhecimentos, significados e saúde. Falo também das águas, das florestas, da terra e do ar.Quando falo em deixar a gira girar, me refiro a possibilidade de recriar, ressignificar ou revitalizar aquilo que herdamos sem medo e sem falsos pudores. Porque a vida está sempre fazendo isso, sob a aparência de algo estático e imóvel, o movimento e a transformação estão sempre acontecendo.O movimento de rotação e translação da terra é um bom exemplo. Se é verdade que se repetem os dias e as estações, também é verdade que sempre surge algo novo nestes dias e nestas estações que se repetem.Em suma, uma educação atenta aos ciclos naturais e culturais da vida, pode ser a saída para as crises nossas de cada dia.Se temos dificuldade para que isto seja assimilado pelo sistema acadêmico e educacional como um todo, poderemos começar em aliança com parte daqueles que compreendem isto e que atuam em universidades, escolas, órgãos públicos, artistas, ONGs, empresas e meios  de comunicação.


Para saber mais:


http://www.artedeeducar.org.br/promovendo-a-integracao-entre-cultura-e-educacao

 
Encontro do Coletivo Investigador
Recife / PE - Junho 2012
Pesquisa-ação para um Plano Articulado
entre Cultura e Educação

segunda-feira, 11 de junho de 2012


Ministério da Cultura ouve a sociedade para elaborar políticas públicas que possibilitem ações culturais integradas nas escolas.

O professor de História, especialista em arte-educação e idealizador/produtor da “Caravana Cultural Luiz Gonzaga vai a Escola”, Zezito de OIiveira, viaja a Recife, para participar nos dias 14 e 15 de junho do seminário do coletivo investigador da pesquisa-ação que tem  como objetivo elaborar  princípios que auxiliem na formulação e orientação de políticas de cultura voltadas para a educação.

Este seminário contará com a presença de professores, educadores populares, artistas e outros agentes da educação e da cultura empenhados na formação de um sistema educacional que integre as experiências de Educação Formal e as de Educação Não-Formal, realizadas por organizações da sociedade civil, bibliotecas e museus.

O seminário do coletivo investigado é uma das principais ações do  projeto Um Plano Articulado para Cultura e Educação, desenvolvido pelo Ministério da Cultura e pela ONG Casa da Arte de Educar.
Para mais informações sobre o projeto, acesse o site da Casa da Arte de Educar, cujo endereço é http://www.artedeeducar.org.br

Sobre o trabalho e reflexão realizado por Zezito de Oliveira sobre a parceria cultura e educação, Leia:


“A televisão é hoje uma grande indústria de vendas associada ao capital monopolista. Ao lado dessa função principal que é uma função econômica, a televisão, por ser também uma indústria cultural, exerce a função de difundir, reproduzir e legitimar as idéias da cultura dominante.

É nesta ordem de coisas que é programada a educação, a cultura e o lazer para as classes subalternas, para a massa de trabalhadores. É por essa razão que o controle político da televisão é muito mais ostensivo do que o controle da escola; não que seja menor a importância da escola na reprodução da ideologia e das classes sociais. Mas são aparelhos de Estado qualitativamente diferenciados. A televisão ganha em atualidade e extensão geográfica e em quantidade de indivíduos atingidos ao mesmo tempo. Nisso a escola perde. Por outro lado, a ação da escola é mais duradoura e tem um caráter de assimilação da ideologia mais lento, portanto, mais profundo.”

(MOACIR GADOTTI. CONCEPÇÃO DIALÉTICA DA EDUCAÇÃO. pp. 156-157)

  sábado, 10 de novembro de 2012


Universidade das Quebradas propõe o encontro de culturas da periferia

Curso desenvolvido pela UFRJ se tornou referência no meio artístico

Universidade das Quebradas (Foto: Divulgação)Aula do curso de Literatura na Grécia Antiga promovido na Universidade das Quebradas (Foto: Divulgação)
  Fonte: Site Globo Universidade

A fórmula não poderia ser melhor. De um lado a universidade, que entra com o saber “formalizado”, de outro os alunos, que trazem para a sala de aula suas sensibilidades e vivências do mundo artístico. Esse modelo vem acontecendo na Universidade das Quebradas, projeto de extensão criado em 2010 e vinculado ao Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O objetivo da iniciativa é o de promover a aproximação entre a universidade e agitadores culturais da periferia da cidade do Rio de Janeiro. São artistas e produtores oriundos dos mais diferentes "territórios" cariocas, com diferentes experiências e atuações culturais.
A ideia da Universidade das Quebradas nasceu a partir da tese de doutorado sobre rap, feita na UFRJ pela pesquisadora Numa Ciro, atualmente coordenadora adjunta do curso, com orientação de Heloísa Buarque de Holanda, que também atua no projeto. A proposta inicial da tese era a de reunir pessoas ligadas à cultura na periferia do Rio de Janeiro para trocarem informações. Com o projeto de extensão criado e o curso formatado, a primeira turma começou, em 2010, com 40 alunos, que são chamados de “quebradeiros”. Em 2011, esse número subiu para 50, sendo que a nova turma, que iniciou em agosto de 2012, está com 70 alunos, que foram selecionados entre 300 candidatos. Mesmo com o curso concluído, muitos ex-alunos retornam para assistir às aulas, reforçando o lema da universidade de “uma vez quebradeiro, sempre quebradeiro”.
“A Universidade das Quebradas é uma praça de trocas. Todos nós saímos daqui com novos conhecimentos a cada encontro. Temos quebradeiros de muitos bairros da cidade e arredores, desde Santa Cruz a São Gonçalo. Eles trabalham em projetos sociais, artísticos e educacionais em seus bairros, são multiplicadores”, explica Beá Meira, uma das desenvolvedoras do projeto. O curso, que tem duração de um ano (180 horas), é desenvolvido em cinco áreas da produção cultural, sendo elas: literatura, artes visuais, teatro, dança e música, e aborda a produção artística e cultural em momentos específicos, incluindo fases como o romantismo, modernismo e contemporaneidade.
As aulas acontecem uma vez por semana no Colégio Brasileiro de Altos Estudos, antiga Casa do Estudante, no Flamengo. Uma vez por mês, são realizados também os “territórios das quebradas”, encontros em que os quebradeiros mostram suas reflexões sobre o território onde vivem. Os alunos apresentam material próprio sobre os mais diversos temas. Já houve território em que os alunos falaram sobre vestuário feminino no funk, por exemplo, ou sobre grafite, no qual foram apresentados os termos mais comuns utilizados entre os grafiteiros e o que eles significam.
“O território das quebradas consiste em uma mesa na qual os quebradeiros, previamente inscritos, falam durante 20 minutos. Eles apresentam seus pontos de vista sobre diversos temas da cultura da periferia. Em seguida, rolam os debates. À tarde, o encontro é encerrado com a apresentação de um sarau dos palestrantes”, conta Beá Meira.
O curso aborda disciplinas como Filosofia, Cultura Africana, Arte e Arquitetura na Antiguidade, Epopeia Clássica, Mitos Gregos e Africanos, Mitologia Yoruba, Romantismo na Arte e na Literatura, Literatura Negra e de Cordel, entra outras. Já na segunda parte do curso, são ministradas aulas de cinema, música, dança, teatro e de elaboração de projeto culturais, além de oficinas de linguagem e expressão ministrada em parceria com a Fundação Roberto Marinho.

MAIS CULTURA NAS ESCOLAS

  INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES: 

 O PROGRAMA MAIS CULTURA NAS ESCOLAS é uma iniciativa interministerial, envolvendo a Secretaria de Políticas Culturais (MinC) e a Secretaria de Educação Básica (MEC), que vai aproximar e aprofundar parcerias de escolas públicas e iniciativas culturais. Cada projeto selecionado receberá entre R$ 20 mil e R$ 22 mil para desenvolver um Plano de Atividade Cultural, em diálogo com o projeto pedagógico da escola parceria e orientado por, pelo menos, um dos seguintes eixos temáticos:

1. Residências de Artistas para Pesquisa e Experimentação nas Escolas;
2. Criação, Circulação e Difusão da Produção Artística;
3. Promoção Cultural e Pedagógica em Espaços Culturais;
4. Educação Patrimonial – Patrimônio Material, Imaterial, Memória, Identidade e Vínculo Social;
5. Cultura Digital e Comunicação;
6. Cultura Afrobrasileira;
7. Culturas Indígenas;
8. Tradição Oral;
9. Educação Museal;

Cerca de 34 mil escolas públicas distribuídas por todo território nacional, e que estão inscritas nos Programas Mais Educação e Ensino Médio Inovador (MEC), podem participar do MAIS CULTURA NAS ESCOLAS. Cada escola deverá construir em Plano de Atividade Cultural em parceria com artistas, grupos culturais, pontos de cultura, museus, bibliotecas, espaços culturais diversos, que trabalhem com artes visuais, circo, culturas indígenas, culturas populares, cultura digital, dança, livro e leitura, moda, música, teatro, etc. Os parceiros da escola podem ser pessoa física ou jurídica, e serão remunerados por serviços artísticos, culturais e pedagógicos necessários ao desenvolvimento do projeto. Cada escola só poderá inscrever 1 (um) projeto, com 1 (uma) iniciativa cultural parceira. Assim como, cada iniciativa cultural parceira só poderá inscrever 1 (um) projeto, com 1 (uma) escola parceira. A depender do acordo entre parceiros, o Plano de Atividade Cultural poderá ser desenvolvido dentro ou fora da escola, e contemplar mais de um dos Eixos Temáticos.

Inicialmente, serão selecionados 5 mil projetos e os recursos serão repassados via PDDE/ FNDE (Programa Dinheiro Direto na Escola do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).

Outras informações sobre o programa podem ser encontradas na Resolução do FNDE n° 30, de 03/08/2012, disponível no link: http://www.fnde.gov.br/fnde/legislacao/decretos/item/3705-resolução-cd-fnde-nº-30,-de-3-de-agosto-de-2012).

quarta-feira, 8 de maio de 2013


Festa junina na escola e qualidade na educação

EdQue
Crianças da EC 18 de Taguatinga dançam com os pais e as mães.
1
EdQue · Brasília, DF
1/7/2007 · 272 · 21
Há alguns dias participei da festa junina da escola pública onde meu filho estuda. Além dos tradicionais doces e bolos de milho, a festa agradou pelo aspecto cênico. O ponto alto foram as apresentações da meninada, preparadas previamente pelas professoras. As mestras, aliás, estavam todas lindamente vestidas de caipira. A terceira série apresentou uma coreografia para a música “Coração bobo”, do Alceu Valença. Meu coração zabumbou dentro do peito, como costuma acontecer nessas ocasiões. Noutra apresentação, as crianças da quarta série dançaram quadrilha junto com os pais e as mães. Foi muito bonito e mostrou a capacidade de organização das professoras, que conseguiram ensaiar pais e mães normalmente com agendas incompatíveis em virtude do trabalho. A festa foi emocionante e despertou em mim idéias sobre cultura, educação e sobre o papel da escola.

Estamos vivendo um momento em que o debate sobre educação, começa a ganhar espaço na mídia e na agenda da cidadania. Fala-se muito de cotas, necessidade de mais recursos financeiros e principalmente da baixa qualidade do ensino público. Em geral, pouco se diz sobre a necessidade da arte na escola. A visão de qualidade que está imperando nessas discussões é instrumental. As crianças têm de dominar determinado conhecimento para o país ter bons trabalhadores, profissionais liberais, empresários...Um dia descobrimos que nossos alunos queimaram um índio, espancaram uma mulher negra e não sabemos o motivo.

E olha que os documentos oficiais da educação brasileira falam em trabalhar com os jovens a “estética da sensibilidade”. Mas como tem sido difícil para as escolas fazerem isso! Refiro-me aqui apenas àquelas que tentam, pois muitas sequer cumprem o papel de transmissão de conhecimento, que dirá de sensibilizar. Felizmente, há muitos professores tentando formar mentes livres por meio da arte, do esporte, da literatura.

Sensibilizar por meio da educação hoje não é fácil. É nadar contra a correnteza. É ensinar a gostar dos sabores da comida brasileira, ao invés de levar o fast food para a lanchonete da escola. É cantar e dançar Alceu Valença e deixar É o Tchan fora da sala de aula. É mostrar um filme brasileiro para as crianças, ao invés de render-se ao bombardeio midiático do Homem Aranha.

Educar, afinal de contas, exige conhecimento, paixão e muito esforço, pois muitas vezes há resistência. Nem tudo se aprende com prazer, mas é possível aprender muita coisa prazeroza. A festa junina me fez, mais uma vez, constatar isso. Sei que a festa não acabou ali. Depois vêm as redações, as discussões sobre as apresentações. Tem até o Vale a Pena Ver de Novo, quando as coreografias são reapresentadas durante a semana para que os pais possam ir revê-las. Acima de tudo, existe a certeza de que as crianças nunca vão esquecer aquele momento, como eu nunca esqueci a primeira vez que dancei quadrilha na escola. O nome da menina que dançou comigo era Ana Paula...

Então, é preciso recolocar o debate sobre qualidade na educação. Além de jovens preparados para passar no vestibular, precisamos de homens e mulheres capazes de conviver, de pensar, de se emocionar e, ainda, que saibam selecionar. Afinal, informação é o que não falta. A grande tarefa da escola hoje não é empurrar mais conteúdo, e sim ensinar a escolher qual conteúdo, ou, melhor ainda, levar as crianças a produzirem conteúdo.

Sabemos que isso é uma tarefa árdua. Quando o mercado oferece tudo, como ensinar a optar? Quando a indústria do entretenimento invade as casas com toda sorte de lixo, como ensinar a gostar de poesia? Só vai conseguir ter sucesso nessa empreitada quem evitar o lugar comum. A Escola Classe 18 de Taguatinga (DF) não deixou a festa junina cair no trivial. Mostrou que é possível fazer educação de qualidade com beleza, poesia, muita animação e sem lixo “cultural”, é claro.

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Festas juninas têm versão modernizadas no país

Ouça o áudio AQUI
Lívia Carla - Radioagência Nacional 28/06/2013
Festas juninas têm versão modernizadas no país
 As festas juninas chegaram nas cidades e vieram com força total. Mas será que é possível  manter a tradição dos festejos diante de tantas inovações e fora do campo?

 Ouça o primeiro capítulo (de um total de cinco) da série especial "Arraial na cidade: reinventando a identidade cultural". AQUI

VAMOS DANÇAR QUADRILHA !

acervo da Ação Cultural
A dança aproximando gerações (filha e pai no primeiro plano)

Zezito de Oliveira · Aracaju, SE
22/4/2011 · 10 · 14
"Não me convidem para certas festas pobres". Essa frase, baseado no primeiro verso da música Brasil do Cazuza, foi citada por mim em um dos momentos em que estive realizando o trabalho de divulgação da oficina de quadrilha junina em uma emissora de rádio em Aracaju.

Este tipo de “pobreza” a que me referi, não diz respeito as condições econômicas, porque em alguns casos, alguma festas juninas “pobres” até dispõem de uma boa estrutura material, fartura de comes e bebes e grandes atrações artísticas.

A questão fundamental a que me refiro é que a alegria e o calor humano espontâneo, sem depender do álcool e de outras substâncias químicas, e a criatividade em especial, são fatores imprescindíveis para o enriquecimento estético, afetivo e ético de nossas existências.

Por exemplo, se fizermos um exercício de memória dificilmente nos lembraremos de uma festa junina da atualidade em que o cenário e adereços não sejam baseados no mesmo padrão de outras, como as bandeirolas de plásticos e réplicas de balões de cartolina, algumas comidas típicas misturadas com cachorro quente, churrasco e sanduíche, refrigerante e cerveja, a bebida que ocupa o lugar do velho e bom licor e do quentão e outras padronizações ou descaracterizações mais.

Por isso, a relevância da oficina de quadrilha junina realizada sob a chancela da ong Ação Cultural, no dia 17 de abril, na comunidade bom pastor, em Aracaju. Ué! Oficina de quadrilha junina foi esta a indagação de um dos radialistas, e então respondi: Com o processo de urbanização acelerada ocorrido no Brasil nos últimos anos e com a falta de percepção dos cursos de formação de professores, de psicólogos, serviço social e áreas afins, com relação ao potencial educativo, estético, lúdico e terapêutico da nossa cultura popular, faz-se necessário um trabalho como este.

E a avaliação dos participantes ao final da oficina, confirmou o que dissemos acima. A maioria dos presentes, estudantes e profissionais das áreas da educação, psicologia, terapias holisticas e comunicação revelaram ter tido contato com a quadrilha tradicional, somente em escolas, nos tempos da infância e pré-adolescência.

Também demonstraram muito contentamento em poder se reportar a este tempo, através do movimento corporal e da música, como por terem se conectado aos antepassados através dessa experiência lúdica e social muito presente nas vidas deles, por ocasião das festas de junho.

Outros três depoimentos que deixou a coordenação da oficina bastante satisfeitos, foi de uma participante que disse ter se inscrito na oficina para sentir alguns momentos de alegria, e isso ficou confirmado pelo brilho nos olhos dela ao final do dia.

Já outra participante, “quadrilheira dos nossos tempos” e integrante dos quadros da quadrilha Asa Branca, disse que há muito tempo não dançava quadrilha no estilo das antigas e se sentiu muito feliz em fazer esta viagem ao passado.

O outro depoimento refere-se a uma pessoa que tinha ficado chateado por ter um curso, cuja data marcada, foi a semana de São João, “nem precisa dizer que o local é a região sudeste, onde os festejos juninos não tem a mesma força cultural que tem aqui em nossa região” e ele, “só pra contrariar” e na base “d’eu vou mostrar pra vocês como é bom dançar quadrilha” estava programando a organização de uma quadrilha junina tradicional, só não sabia antes como fazer, pois a sua aprendizagem com dança, se deu com relação ao estilo flamenco e circulares.

Quem não pode participar confira o que dissemos acima, participando do baile de danças circulares nordestinas, no dia 28 de maio, a partir das 19h30, na comunidade bom pastor. Na ocasião será aplicado o que foi aprendido nesta oficina e em outras promovidas pela Ação Cultural desde 2005.

Por último, vale a pena replicar a idéia da oficina de danças populares em outros locais, não trata-se de formar dançarinos/bailarinos, mas trazer a dança como um componente permanente de nossas vidas, como era no principio e deva ser agora e para sempre.

Assim com nem todos que aprendem a ler e a escrever necessitam tornar-se escritores, assim também nem todos que participam dessas oficinas precisam tornar-se dançarinos.

Por isso, venham todos dançar !

MAIS:

Conexão Futura 06/04/11 Entrada 3
Assunto: Cultura Popular -- Festas Juninas
Por tel: Zezito de Oliveira - Educador cultural -- Aracaju/SE

Reportagem exibida no Canal Futura. Saiba mais. AQUI


quadrilha tradicional - projeto ciranda - UCB
no you tube.


O Gonzagão em noites de gala

Quadrilha Junina - Patrimônio Cultural Imaterial


Nossos agradecimentos as seguintes instituições e pessoas:

Overmundo, a divulgação através do portal viabilizou o primeiro contato do canal futura.

Comunidade Bom Pastor, sempre abrindo as portas para as oficinas, encontros mensais e bailes de danças circulares, desde o ano de 2005.

Fundação Aperipê, (rádio e televisão) pelos spots e abertura nos programas de rádio (nação nordestina, ritmo da história, encontro com o AA, linha sertaneja e aquarela nordestina)

Rádio Cultura – através do espaço aberto nos programas giro da noticia e linha direta.

Canal Futura, através do espaço aberto no programa conexão futura.

Maxivel Ferreira, responsável pela criação do cartaz e produtor do evento, juntamente com este escriba.

Giovane Reis (mestre/ marcador/oficineiro) por ter aceitado o convite de compartilhar conhecimentos.

Ronaldo Lima, parceiro voluntário e de longa data da Ação Cultural no campo do audiovisual e fotografia. (mais adiante disponibilizaremos imagens em vídeo)

Carlos Barbalho (comunidade bom pastor), Thiago Paulino (jornalista), Hora Reis (funcionário público), Milton Coelho (funcionário publico) e a todos (as) que contribuíram com a divulgação do evento e por último a Indira Amaral, diretora da Fundação Aperipê que desde o inicio deste ano, acatou o nosso pedido de parceria para a divulgação das rodas de danças da Ação Cultural e que se despede dos sergipanos para alçar outros vôos no campo do audiovisual em outro estado (Rio de Janeiro). Confira, aqui, reportagem da TV Aperipê sobre a oficina de danças circulares realizada em janeiro de 2011.

E um agradecimento especial a todos (as) que estiveram presentes, acolhendo o convite para que tenhamos mais vida e vida em plenitude.

imagens clique para ampliar

cartaz de divulgação da oficina zoom
cartaz de divulgação da oficina
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OFICINA DE QUADRILHA JUNINA DAS “ANTIGAS”

17/4 · Aracaju, SE
Caravana Arcoiris
Apresentação de quadrilha junina na III Noite Cultural - Gonzagão (2007)
1
Zezito de Oliveira · Aracaju, SE
19/3/2011 · 2 · 8
No tempo em que a maioria da população brasileira morava no campo, as pessoas organizavam quadrilhas juninas para fortalecer o convívio social, com a dança popular funcionando como um potente canal de inserção de um número grande de indivíduos nestes processos de socialização e coesão social.

Nos dias de hoje, um grupo de pessoas se preparam com coreografias, cada vez mais complexas e estilizadas, para se apresentarem para um grupo de espectadores, pessoas que apenas veem, mas não participam da “brincadeira”.

Mesmo assim, há um grupo grande de pessoas que desejam celebrar o São João de forma mais comunitária, com alegria e participação de mais gente na folia, como no tempo das “antigas”.

É por este motivo que a Ong Ação Cultural estará organizando a Oficina de Quadrilha Junina Tradicional em 17 de abril , tendo como objetivo preparar focalizadores de danças circulares, educadores, arte-educadores, profissionais da área social e da saúde e ativistas sociais para marcar quadrilhas “improvisadas” ou “caipiras” em seus espaços de atuação.

Esta iniciativa está inserida em torno de um movimento oriundo da Inglaterra e que chegou ao Brasil (São Paulo) no inicio da década de 80, ao nordeste (Recife) no final da década de 90 e, finalmente, em Aracaju, no inicio do ano 2000.

As suas origens se devem à iniciativa do alemão Bernhard Wosien, bailarino e pedagogo da dança, que no decorrer dos anos sessenta do século XX, iniciou o registro e a difusão de muitas danças folclóricas e étnicas da Europa Central e Oriental, incluindo depois regiões de outros continentes.

Wosien fez isso ao perceber que o acelerado processo de urbanização estava ocasionando a perda do patrimônio cultural dançante das gerações mais antigas e, como consequência, a perda das práticas comunitárias de dança popular.

Nas observações sobre os efeitos proporcionados pela prática da dança de roda em comunidades tradicionais, Wosien percebeu, de um lado, o fortalecimento dos laços identitários e sentido de pertencimento e, do outro, o estado de alegria e paz.

Com isso, ele passou a considerar as danças populares como um importante canal de re(vitalização), de interação e coesão social, bastante necessário para as populações residentes nas cidades, as quais se deparam com sérios problemas decorrentes da perda dessa tradição.


Resumo biográfico do oficineiro

Giovane Reis da Silva, 47 anos. Atua como marcador de quadrilha junina há 30 anos, tendo começado na Apaga a Fogueira, prosseguindo na Arrasta Pé, Pisa Milho, Xodó da Vila, Pula Fogueira e por último na quadrilha junina Asa Branca (Conj. A Franco), onde se encontra atualmente. Foi campeão em concursos na rua de São João, centro de criatividade, tri campeão no concurso do bairro 18 de Forte, bi campeão no bairro Agamenon Magalhães e vice campeão em concurso promovido pela Sociedade Comunitária do bairro Siqueira Campos.
No ano de 2008 marcou uma quadrilha infantil em escola particular no conjunto Augusto Franco.
Representou Sergipe em concursos de quadrilhas juninas nas cidades de Recife, Salvador e Maceió.
Participou no ano 2000, de um seminário de formação para marcadores e coreógrafos promovido pela Liga Sergipana de Quadrilhas Juninas.

OLHA O CAMINHO DA ROÇA!

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Pedro Vianna · Belém, PA
17/6/2007 · 325 · 18
A dança de quadrilha teve origem na Inglaterra, por volta dos séculos XIII e XIV. A guerra dos Cem Anos serviu para promover uma certa troca cultural entre Inglaterra e França. Com isso França adotou a quadrilha e levou-a para os palácios, tornando-a assim uma dança nobre. Rapidamente a quadrilha se espalhou por toda a Europa, tornando-se uma dança presente em todas as festividades da nobreza. Originalmente, em sua forma francesa, a quadrilha era dançada em cinco partes, em compassos que variavam de 6/8 a 2/4, dependendo da parte que estava sendo dançada, terminando sempre em um galope, que normalmente atravessava-se o salão.

A quadrilha não só se popularizou, como apareceram várias derivações suas no interior. Assim a Quadrilha Caipira, no interior paulista (e Minas), o baile sifilítico na Bahia e Goiás, a saruê (deturpação de soirée) no Brasil Central e, porventura a mais interessante dentre todas elas, a mana chica e suas variantes. Várias danças do fandango usam-se com marcação de quadrilha, da mesma forma que o pericón e outros bailes guascas da campanha no Rio Grande do Sul.

É intrigante o fato de uma dança nascida no meio do povo seis ou sete séculos atrás, voltar ao povo, em outro país, mas conservando a mesma função antropológica, social e cultural. A Guerrra dos Cem Anos acabaria levando a "country dance para a França. Lá, a palavra se afrancesou, transformou-se em contredance , uma dança em que os pares executam a coreografia, frente à frente, ou "vis-a-vis". A "contredance" se aportuguesou como "contradança" e quadrilha, mas com a formação de pares em alas apostas; a palavra é provavelmente derivada da "country dance" inglesa.

Em dois séculos, a contradança perdeu aquela característica camponesa para tornar-se uma dança nobre, conquistando a corte francesa etodas as cortes européias, incluindo a portuguesa. Chegou-se ao ponto de, no século 18, ela ter sido a grande dança protocolar, de abertura dos bailes da corte. A medida que foi se popularizando, principalmente no Brasil e Portugal, o nome quadrilha' foi começando a ser usado, seguindo, aliás,uma terminologia utilizada na Espanha e na Itália, onde identificava a contradança, dançada por quatro pessoas. Desta"quadrilha de quatro derivou a "quadrilha geral .

A quadrilha chegou ao Brasil no século XIX, com a vinda da Corte Real portuguesa. Rapidamente essa dança de salão, típica da nobreza, caiu nas graças do nosso povo animado e festeiro. É importante lembrar que a quadrilha é uma dança característica dos caipiras, pessoas que moram na roça e têm costumes muito pitorescos. Em 1952 foram apresentadas, simultaneamente, 20 quadrilhas pelo "Baile do Poço" o que demonstrava o quanto este gênero era apreciado aqui no Brasil. Os compositores brasileiros tomaram gosto pelo gênero e hoje em dia as quadrilhas possuem características bem nacionais.

A quadrilha é dançada em homenagem aos santos juninos (Santo Antônio, São João e São Pedro) e para agradecer as boas colheitas na roça. Tal festejo é importante, pois o homem do campo é muito religioso, devoto e respeitoso a Deus. Dançar, comemorar e agradecer. Em quase todo o Brasil, a quadrilha é dançada por um número par de casais e a quantidade de participantes da dança é determinada pelo tamanho do espaço que se tem para dançar. A quadrilha é comandada por um marcador, que orienta os casais, usando palavras afrancesadas e portuguesas. Existem diversas marcações para uma quadrilha e, a cada ano, vão surgindo novos comandos, baseados nos acontecimentos nacionais e na criatividade dos grupos e marcadores.

BALANCÊ (balancer) - Balançar o corpo no ritmo da música, marcando o passo, sem sair do lugar.
E usado como um grito de incentivo e é repetido quase todas as vezes que termina um passo. Quando um comando é dado só
para os cavalheiros, as damas permanecem no BALANCË. E vice-versa,

ANAVAN (en avant) - Avante, caminhar balançando os braços.

RETURNÊ (returner) - Voltar aos seus lugares.

TUR (tour) - Dar uma volta: Com a mão direita, o cavalheiro abraça a cintura da dama. Ela coloca o braço esquerdo no ombro dele e dão um giro completo para a direita.

Para acontecer a Dança é preciso seguir os seguintes Passos:

01. Forma-se uma fileira de damas e outra de cavalheiros. Uma, diante da outra, separadas por uma distância de 2,5m. Cada
cavalheiro fica exatamente em frente à sua dama. Começa a música. BALANCÊ é o primeiro comando.

02. CUMPRIMENTO ÀS DAMAS OU "CAVALHEIROS CUMPRIMENTAR DAMAS"
Os cavalheiros, balançando o corpo, caminham até as damas e cada um cumprimenta a sua parceira, com mesura, quase se ajoelhando em frente a ela.

03. CUMPRIMENTO AOS CAVALHEIROS OU "DAMAS CUMPRIMENTAR CAVALHEIROS"
As damas, balançando o corpo, caminham até aos cavalheiros e cada uma cumprimenta o seu parceiro, com mesura, levantando levemente a barra da saia.

04. DAMAS E CAVALHEIROS TROCAR DE LADO
Os cavalheiros, de mãos dados, dirigem-se para o centro. As damas fazem o mesmo. Ao se aproximarem, todos se soltam.
Com os braços levantados, giram pela direita. Soltam-se as mãos, dirigem-se ao lado oposto. Os cavalheiros, de mãos dados, vão para o lugar antes ocupado pelas damas. E vice-versa,

05. PRIMEIRAS MARCAS AO CENTRO
Antes do início da quadrilha, os pares são marcados pelo no. 1 ou 2. Ao comando "Primeiras marcas ao centro , apenas os
pares de vão ao centro, cumprimentam-se, voltam, os outros fazem o "passo no lugar . Estando no centro, ao ouvir o marcador
pedir balanceio ou giro, executar com o par da fileira oposta. Ouvindo "aos seus lugares , os pares de no. 1 voltam à posição anterior. Ao comando de "Segundas marcas ao centro , os pares de no. 2 fazem o mesmo.

06. GRANDE PASSEIO
As filas giram pela direita, se emendam em um grande círculo. Cada cavalheiro dá a mão direita à sua parceira. Os casais passeiam em um grande círculo, balançando os braços soltos para baixo, no ritmo da música.

07. TROCAR DE DAMA
Cavalheiros à frente, ao lado da dama seguinte. O comando é repetido até que cada cavalheiro tenha passado por todas as damas e retornado para a sua parceira.

08. TROCAR DE CAVALHEIRO
O mesmo procedimento. Cada dama vai passar portadas os cavalheiros até ficar ao lado do seu parceiro.

09. O TÚNEL
Os casais, de mãos dados, vão andando em fila. Pára o casal da frente, levanta os braços, voltados para dentro, formando um arco. O segundo casal passa por baixo e levanta os braços em arco. O terceiro casal passa pelos dois e faz o mesmo. O procedimento se repete até que todos tenham passado pela ponte.

10. ANAVAN TUR
A doma e o cavalheiro dançam como no Tour(passeio em iportuguês). Após uma volta, a dama passa a dançar com o cavalheiro da frente. O comando é repetido até que cada dama tenha dançado com todos os cavalheiros e alcançado o seu parceiro.


11. CAMINHO DA ROÇA
Damas e cavalheiros formam uma só fila. Cada dama à frente do seu parceiro. Seguem na caminhada, braços livres,balançando. Fazem o BALANCË, andando sempre para a direita.


12. OLHA A COBRA
Damas e cavalheiros, que estavam andando para a direita, voltam-se e caminham em sentido contrário, evitando o perigo.
Vários comandos são usados para este passo: "Olha a chuva , "Olha a inflação , Olha o assalto , "Olha o (cita-se o nome de um político impopular na região). A fileira deve ir deslizando como uma cobra pelo chão.

13. É MENTIRA
Damas e cavalheiros voltam a caminhar para a direita. Já passou o perigo. Era alarme falso.

14. CARACOL
Damas e cavalheiros estão em uma única fileira. Ao ouvir o comando, o primeiro da fila começa a enrolar a fileira, como um caracol.

15. DESVIAR
É o palavra-chave para que o guia procure executar o caracol, ao contrário, até todos estarem em linha reta.

16. A GRANDE RODA
A fila é único agora, saindo do caracol. Forma-se uma roda que se movimenta, sempre de mãos dados, à direita e à esquerdo como for pedido. Neste passo, temos evoluções. Ouvindo "Duas rodas, damas para o centro ; as mulheres vão ao centro, dão as mãos.
Na marcação "Duas rodas, cavalheiros para dentro , acontece o inverso, As rodas obedecem ao comando,movimentando para a direita ou para esquerda. Se o pedido for "Damas à esquerda e "Cavalheiros à direita ou vice-versa, uma roda se desloca em sentido contrário à outra, seguindo o comando.

17. COROAR DAMAS
Volta-se à formação inicial das duas rodas, ficando as damos ao centro. Os cavalheiros, de mãos dados, erguem os braços sobre as cabeças das damas. Abaixam os braços, então, de mãos dados, enlaçando as damas pela cintura. Nesta posição, se deslocam para o lado que o marcador pedir.

18. COROAR CAVALHEIROS
Os cavalheiros erguem os braços e, ao abaixar, soltam as mãos. Passam a manter os braços balançando, junto ao corpo. São as damas agora, que erguem os braços, de mãos dados, sobre a cabeça dos cavalheiros. Abaixam os braços, com as mãos dados, enlaçando os cavalheiros pela cintura. Se deslocam para o lado que o marcador pedir.

19. DUAS RODAS
As damas levantam os braços, abaixando em seguida. Continuam de mãos dados, sem enlaçar os cavalheiros, mantendo a roda. A roda dos cavalheiros é também mantida. São novamente duas rodas, movimentando, os duos, no mesmo sentido ou não, segundo o comando. Até a contra-ordem!

20. REFORMAR A GRANDE RODA
Os cavalheiros caminham de costas, se colocando entre os damas. Todos se dão as mãos. A roda gira para a direita ou para a esquerda, segundo o comando.

21. DESPEDIDA
De um ponto escolhido da roda os pares se formam novamente, Em fila, saem no GALOPE, acenando para o público. A quadrilha está terminada. Nas Festas Juninas Mineiras, após o encerramento da quadrilha, os músicos continuam tocando e o espaço é liberado para os casais que queiram dançar.

quarta-feira, 15 de junho de 2011


Ciclo junino em Sergipe : decadência ou revitalização?

José Paulino da Silva – Doutor em Filosofia e História da Educação
O Centro de Criatividade, visando comemorar o aniversário de 26 anos de fundação promoveu no dia 10 próximo passado, um fórum junino com o objetivo de discutir a “Contribuição dos festejos juninos para a formação da Identidade Cultural Sergipana”. Convidado para ser um dos provocadores deste tema, aceitei por acreditar que esta discussão mantém acesa a chama da defesa da cultura popular brasileira da qual o ciclo junino é um segmento. E por entender também que a melhor forma de manter a identidade cultural de um povo é oportunizar-lhe meios para que possa continuar a expressar-se produzindo cultura e (usu)fruindo da produção cultural. A identidade de um povo é uma realidade dinâmica em constante elaboração. Ao longo do processo de sua construção algumas características vão perdendo sua força, outras se acentuam. Ao interagir com outras culturas, os povos e segmentos populares reelaboram sua própria produção simbólica. Entre as instituições que exercem influência cultural, citamos o poder político e econômico representados , entre outros, por agentes públicos e meios de comunicação. Mas é a própria população que deve assumir-se como protagonista de sua vida incluindo sua cultura.
Para nós sergipanos, o ciclo junino é um período denso de significado. Seu traço mais marcante é a celebração da festividade através da dança e da música como momento de participação efetiva do povo. Como afirmei em outra oportunidade, “a festividade se apóia em memória e crenças comuns, alimenta esperanças coletivas, celebra a vida, favorece a gratuidade do criar, o compartilhar desinteressado, o reencontro com a alegria de viver e do conviver que reconcilia o homem consigo, como os outros, com o cosmos, lembrando-o que a felicidade é direito e meta de todos”(CD Vozes e Toques Sergipanos).
Megashows x celebração festiva
Sem querer ser pessimista, nem muito menos saudosista, tenho constatado que o ciclo junino em Sergipe, está perdendo o sentido de celebração, de efetiva participação da população. Basta verificar o que ocorre com a música e a dança, duas expressões mais representativas deste ciclo. Tem sido crescente a sua desvalorização causada pela ganância dos grupos que comandam a indústria cultural dos mega-shows e pela permanente ausência de uma política pública comprometida com os valores da cultura popular. A união destes dois fatores negativos tem causado desgaste, prejuízo e humilhação a artistas deste ciclo e, sobretudo, tem privado o povo do prazer da dança, da alegria do brincar. Os mega-shows musicais que primam pela espetacularização, são vendidos como entretenimentos a uma platéia de consumidores que já não dançam nem cantam, mas são expectadores da exibição do que acontece no palco’.
A transformação de Aracaju num grande pólo dos festejos juninos com dois grandes espaços, um situado no mercado municipal e outro na orla da Atalaia, tem prejudicado sensivelmente os demais bairros e as cidades que integram a grande Aracaju. Em pouco tempo o pólo denominado de Forró Caju do mercado municipal apagou literalmente as fogueiras da tradicional rua São João bem como o brilho dos festejos que se realizavam nas ruas do bairro Santo Antônio.
A programação junina em todo estado tem se tornado repetitiva. Tem acontecido a cada ano, uma homogeneização da programação na qual se priorizam os artistas de fora e as bandas de forró eletrônico, colocando-os nos melhores horários, nos maiores palcos, com maiores cachês, em detrimento dos trios de forró e grupos dos artistas locais.. Como exemplo de desvalorização do artista local, basta olhar a propaganda veiculada nas revistas de circulação nacional e na imprensa local, sobre o Forró Caju: um cartaz com o rosto de vários artistas nordestinos, mas nenhum sergipano! Para enfrentamento desta questão, sem dúvida, desagradável, humilhante, não basta uma legislação que estabeleça critérios justos e transparentes. É necessário vontade política por parte dos gestores públicos e evidentemente, senso ético. Vontade política ligada mais ao fazer do que ao dizer.Vale aqui citar o exemplo que está acontecendo atualmente no Estado da Paraíba. O secretário de Cultura daquele Estado, Chico César decidiu não liberar verbas para as prefeituras contratarem as bandas de “forró de plástico”. A reação a esta sua decisão, diz matéria veiculada na imprensa, foi como “soltar um busca-pé numa sala de reboco lotada.” (Folha de São Paulo. E 4 Ilustrada, Edição de 8 de maio de 2011. RAIZ FORTE). É importante observar que a decisão do secretário Chico César teve total apoio do governador e de outros artistas de renome nacional.
Há quem defenda que esta realidade a que chegou o ciclo junino em Sergipe, seja irreversível, decorrente da dinâmica dos fatos. Afinal a sua espetacularização não tem aumentado o fluxo turístico, inclusive trazendo mais divisas para o comércio local? A concentração dos espetáculos não tem sido uma boa para o marketing das empresas financiadoras e também um excelente palco para maior visibilidade dos políticos, especialmente quando é ano eleitoral? Admitir este raciocínio é concordar que tudo está bom, tudo está bonito. Apatia por parte da sociedade civil, conformismo ou silêncio por parte da maioria dos artistas que se acreditam na condição de nada poder dizer. E é isto o que os grupos que se apropriam dos valores da cultura do povo e os gestores inescrupulosos querem que aconteça.
Será que tudo está perdido?
Acredito que não. Muita coisa pode ser feita. Um ponto de partida é não ficar de braços cruzados, esperando que tudo venha das mãos do poder público, como benesse do líder político. Isto não significa que não se deva exigir do gestor político a responsabilidade de administrar bem as coisas públicas. É importante que a população discuta através de suas associações as possíveis formas para resgatar sua efetiva participação nas manifestações do ciclo junino e estimular o direito à alegria, ao lazer sadio na volta da celebração festiva deste ciclo
Revitalizar o ciclo junino não pode ser entendido como saudosismo ou um simples retorno ao passado. Queremos aqui lembrar que há uma relação dinâmica entre passado, presente e futuro. Entender a relação entre memória e história é uma chave importante para quem quer conhecer a realidade atual e propor ações afirmativas para sua transformação. Lembro um pensamento do filósofo Bergson ”A memória que se atualiza no presente, e que se move do passado em direção ao presente, não se detêm nele; pela própria natureza contínua da duração, ela é portadora do futuro.” A história do ciclo junino, com toda sua plasticidade, toda sua beleza, toda sua riqueza de significados, continua muito viva na memória da população, especialmente dos moradores dos bairros mais populares mais antigos. Como aproveitar este potencial?
Algumas sugestões
O filósofo cubano José Martí dizia que O fazer, é a melhor forma do dizer. ” Creio que o objetivo deste Fórum Junino foi indagar a cada um de nós,(população, gestores públicos, artistas, empresários, mídia) do lugar onde estamos, o que podemos fazer ante a questão do ciclo junino e a identidade sergipana . Eis algumas sugestões:
· A criação de Pólos-Arraiais nos bairros, com infra-estrutura necessária para boas apresentações e dança de forró.
· Estimular os moradores dos conjuntos e condomínios a fazerem seu São João.
· Resgatar e devolver aos moradores das comunidades, os espaços denominados de “Barracões Culturais” que foram construídos com dinheiro público e hoje se encontram abandonados ou invadidos. Fazer circular nestes barracões artistas locais com programação semanal.
· Buscar com a população local, iniciativas que possam reativar, brincadeiras como ‘O Arraial do Arranca Unha’ e revitalização de espaços como, a ‘Rua São João,’ ‘Espaço Cultural o Gonzagão’.
· As danças do ciclo junino (forró, quadrilhas, côco de roda) poderiam se constituir em matéria de ensino nas escolas, e de dinamização nos barracões culturais visando a integração da geração jovem com os valores deste ciclo.
· Apoiar as quadrilhas no sentido de que elas encontrem um equilíbrio entre o tradicional e o contemporâneo (estilização) estimulando-as a manter maior envolvimento com a comunidade, através da realização de um trabalho sócio-educativo junto à juventude, pessoas de terceira idade...sem perder a dimensão de ser uma expressão cultural que devolva ao povo o direito à alegria e do divertir-se coletivamente.
· Mantendo a similaridade com o Festival de Verão, promover sempre no mês de maio um Grande Forró da Juventude, com a participação de jovens sanfoneiros de todo o Brasil, interiorizando este festival nos centros maiores dos oito territórios sergipanos.
· Manter acesa a chama do Fórum de Forró de Aracaju, evitando deixar para última hora as providências necessárias para sua realização.
· Criar uma comissão mista (poder público, sociedade civil, representante dos artistas) para definir critérios transparentes para programação de shows pagos com o dinheiro público.
Como disse antes, cada um a seu modo, pode contribuir para a revitalização do ciclo junino. Esta é uma luta de todos na qual a responsabilidade maior deve ser dos gestores públicos. Esses tem o dever de induzir políticas e destinar recursos a eventos que valorizem os artistas, os espaços e equipamentos relativos a este ciclo para que a população possa expressar sua alegria de viver, celebrando esta festividade como participante efetivo e não como simples espectador.

Baião nas aulas de música

Luiz Gonzaga influenciou gerações de artistas brasileiros célebres, como mostra a entrevista de Gilberto Gil à revista "BRAVO!". Aproveite e explore com seus alunos o ritmo que o consagrou

Luiz Gonzaga
Objetivos
- Contextualizar a obra de Luiz Gonzaga
- Participar de uma experimentação rítmica sobre o baião

Conteúdos

- Baião
- Percussão corporal

Tempo estimado
Duas aulas

Materiais necessários

- Projetor de imagens

Introdução

No centenário do nascimento de Luiz Gonzaga, sua obra ganha um destaque digno de "rei do baião". Foi com esse ritmo que Gonzagão, como também é conhecido, despontou para o país e o mundo e passou a influenciar de forma definitiva a cultura musical brasileira. Aproveite a reportagem "Eu não existiria sem Gonzagão" (BRAVO!, ed. 184, dezembro de 2012) e apresente aos seus alunos atividades de contextualização histórica e prática musical do baião.

Desenvolvimento
1º etapa
Faça uma pesquisa prévia (algumas fontes são sugeridas logo abaixo, na bibliografia deste plano) e apresente aos estudantes quem foi Luiz Gonzaga. Na reportagem "O baião de Luiz Gonzaga na sala de aula", publicada no site de NOVA ESCOLA você encontra uma breve biografia:
Engana-se quem pensa que o Baião é coisa do passado. Muito pelo contrário, ele segue vivo e influenciando a Música Popular Brasileira até hoje. E como o próprio criador do gênero cantou "Luiz Gonzaga não morreu / Nem a sanfona dele desapareceu". Isso porque desde que foi criado em 1946, sua batida está presente, direta ou indiretamente, em todos os movimentos musicais que surgiram em seguida.
Nascido em 1912, o filho mais ilustre da cidade de Exu, no sertão pernambucano, ganhou o Brasil após conhecer um dos seus mais importantes parceiros: o advogado cearense Humberto Teixeira. É deles a música Baião, que marca o nascimento do gênero: "Eu vou mostrar pra vocês/ Como se dança o baião/ E quem quiser aprender/ É favor prestar atenção". Depois desse manifesto, Gonzaga estourou, vendeu milhares de discos e colocou o nordeste no cenário da MPB.

O Rio de Janeiro era um terreno fértil para a divulgação da música nordestina e do forró nas suas mais diferentes variações como baião, chamego, xaxado, xote e o coco. Nas décadas de 1940 e 1950 o rádio era o meio de comunicação mais popular no País. Além disso, a intensificação do processo de migração que trouxe milhares de nordestinos ao sul e sudeste do país.

Não há dúvidas de que Lua, como Gonzaga também ficou conhecido, é um dos construtores da MPB. "Ele não foi só um instrumentista ou um compositor. Gonzaga definiu um gênero musical e sintetizou como ninguém a cultura nordestina" exalta o jornalista e historiador, Paulo César de Araújo, autor do livro Eu Não Sou Cachorro, Não. Antes dele, outros nordestinos tentaram, mas nenhum conseguiu a projeção nacional de Gonzagão.

Para o sociólogo alemão Norbert Elias, o êxito alcançado por um artista não pode ser atribuído apenas à sua suposta genialidade. O resultado depende de inúmeras variáveis, articuladas entre si, em um determinado contexto social. "O rei do Baião estava no lugar certo, na hora certa", afirma Maria Sulamita de Almeida Vieira, professora da Universidade Federal do Ceará e autora de Luiz Gonzaga, o Sertão em Movimento. (reportagem de Elisângela Fernandes)
Na década de 60, tanto Gonzaga quanto o baião saem do foco da música popular, mas logo florescem novamente na obra de novas gerações de compositores, como aqueles associados ao tropicalismo e aos grandes festivais. Daí a associação com Gilberto Gil, feita pela revista BRAVO!.

2º etapa

Este é o momento para conhecer melhor os instrumentos do baião. Afinal, qual a diferença entre sanfona e acordeão? O que significa "sanfona de 8 baixos" ou "sanfona de 80 baixos"?

Explique à turma que, originalmente, "sanfona" é um instrumento musical cordófono que remonta ao século 11. Instrumento cordófono é aquele em que uma corda esticada é o elemento produtor do som. A sanfona é parecida com um violino, e de fato o som é produzido da mesma forma como no outro instrumento: friccionando-se as cordas esticadas. A diferença é que a melodia, ao invés de dedilhada ou beliscada nas cordas com os dedos, é tocada a partir de um teclado anexo à caixa de ressonância do instrumento, e, ao invés de um arco, o dispositivo que fricciona as cordas é uma roda com uma manivela. Ufa! Depois desta descrição com tantos detalhes, mostre aos alunos uma imagem ou vídeo da sanfona, também chamada de viola de roda. Você pode encontrar as imagens na internet.

Ainda assim, "sanfona" é comumente o termo empregado para se referir a um instrumento completamente diferente, o aerófono "acordeão". Aerófono é aquele instrumento cujo elemento produtor de som é a coluna de ar dentro do instrumento. Nele, há duas caixas de ressonância ligadas por um fole, dispositivo que origina a força produtora do som: a vibração causada pela passagem do ar entre duas palhetas. As palhetas da sanfona, diferentes daquelas empregadas ao se tocar violão ou guitarra, são duas pequenas membranas rígidas que, ao vibrarem, produzem um som de altura específica (isto é, uma nota musical determinada).

Em cada caixa de ressonância há um dispositivo com função diferente: de um lado fica o teclado, como no piano, e do outro, os botões do "baixo". A melodia de uma música é tocada no teclado (ou, em alguns instrumentos, por outro conjunto de botões que fazem as vezes das teclas). Já a harmonia - o acompanhamento da melodia - é feita no outro lado, quando o instrumentista pressiona os botões do "baixo". O som resultante é a sustentação da melodia - em uma banda, este seria o papel do contrabaixo juntamente com a guitarra que toca os acordes.

Desta forma, a primeira sanfona de Gil sai em vantagem em relação à de Gonzaga: a desta tinha 8 baixos, ou seja, oito botões para que se tocasse a base da música. Já a de Gil tem 88 botões, possibilitando uma gama maior de acompanhamentos. Ainda assim, foi com seu fole, pé de bode, concertina, harmônica; enfim, sanfona de 8 botões que Gonzaga fez sucesso.

3º etapa

Há um outro elemento ligado ao baião que você pode destacar em suas aulas: a feira livre, tema da canção "A feira de Caruaru", sucesso composto por Onildo Almeida e gravado por Gonzaga em 1957:



Peça aos alunos que ouçam a música e discuta:
1) Que instrumentos há no arranjo?
2) Qual é o ritmo da canção?
3) De que trata a letra?


Em seguida distribua cópias da letra para todos e destaque que os números marcados se referem a produtos da feira. Ouça novamente a música e solicite que o grupo acompanhe. Prossiga com os questionamentos: quantos e quais destes produtos eles conhecem? Quais poderiam ser encontrados na sua região?

A partir daí, apresente uma pequena descrição da Feira de Caruaru, considerada a maior feira livre do mundo e que existe há mais de 200 anos na cidade de Caruaru, em Pernambuco. O comércio lá é variado: frutas, carnes, ervas, cereais, roupas, animais, ferragens e artesanato, entre outras mercadorias. Duas manifestações culturais significativas aparecem no lugar: a literatura de cordel e as bandas de pífanos. Banda de pífanos é uma formação musical tradicional da música folclórica brasileira, que pode ser ilustrada pelos enfeites de argila comumente produzidos no nordeste do Brasil. O conjunto é formado de pífanos (instrumentos de sopro da família da flauta) e instrumentos de percussão como a caixa, o bombo, o surdo e o tambor.

O aspecto cultural do evento valeu o registro de Bem Cultural Registrado na lista do Patrimônio Imaterial do Brasil pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 2006. Para mais informações, consulte as referências abaixo. O site da feira também vale a visita. Assim que o internauta acessa o portal, ouve a música cantada por Gonzagão indicada neste plano.

Sugira que os adolescentes façam uma pesquisa para conhecer melhor os objetos que aparecem na letra e que são desconhecidos por eles. O resultado deverá ser compartilhado com todos.

4º etapa
Depois da contextualização histórica e do primeiro exemplo de audição, chegou a hora de tocar. Usando percussão corporal, faça uma roda de baião na sala de aula!

Separe a letra de "Asa Branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Comece estimulando os alunos a cantarem (ou ouvirem uma gravação) e baterem palmas no ritmo da música:


Explique que uma canção tem dois tipos de ritmo: o ritmo real, aquele das sílabas das palavras, e o pulso, ou seja, o ritmo constante que nos permite "bater o pé" ou dançar acompanhando a canção. Neste caso, vamos bater justamente o ritmo do pulso com palmas.

Provavelmente, o resultado da execução será como no esquema abaixo, em que se representam a letra da música e os momentos em que bate o pulso da canção:
Ritmo do baião 1. Imagem: TiagoMadalozzo
Agora vamos substituir a simples batida de palmas no pulso por outra célula rítmica característica do baião. Trata-se de uma versão reduzida daquilo que é tocado pela zabumba ao fazer o ritmo do baião. A zabumba é um instrumento de membrana que possui duas peles. Em cada uma o som resultante é diferente por conta do tipo de elemento usado na percussão: na pele de cima, é uma baqueta que produz som mais grave; na de baixo, é uma vareta que produz som mais agudo. Em nossa execução, vamos trabalhar igualmente com dois sons: o grave será feito com uma das mãos batendo no peito; e o som mais agudo será executado com uma palma.

Graficamente, o ritmo fica assim:
Ritmo do baião 2. Imagem: TiagoMadalozzo

O que está em verde é o pulso da música. Em laranja estão os toques no peito, e em vermelho, a palma. A contagem em "1, 2, 3" é para evidenciar que cada frase é uma composição de 8 tempos, isto é, 8 sons em sequência, sendo que a duração do ritmo da palma é ligeiramente menor do que o dos toques no peito.

Na prática, procure ouvir uma gravação de baião e acompanhar com as palmas. Experimente! Se tiver dúvidas, acompanhe o início (00:03 a 00:12 segundos) deste vídeo demonstrativo, em que o pulso é feito com batidas do pé.


Uma vez que todos pegarem o ritmo, cantem "Asa Branca". Se preferirem, façam uma sobreposição rítmica: metade da sala pode tocar o pulso da música com os pés, e a outra metade, tocar o baião.

Além de escolher previamente diferentes obras de Luiz Gonzaga para esta etapa, seja cantando em sala ou acompanhando enquanto se escuta, proponha aos alunos um desafio para conclusão das práticas: uma nova célula rítmica mais complexa.

Desta vez, peça uma ampliação, incluindo os outros tempos representados na imagem acima. Para tal, utilizaremos um novo timbre: o dos estalos de dedo. Neste caso, nossa percussão terá três timbres, executados por cinco diferentes movimentos: toque da mão no peito (seja a mão direita ou a esquerda); palma; e estalo (seja de uma ou da outra mão).

A frase é formada por 8 tempos, que podem ser praticados bem lentamente no início, e acelerando. "Dir" se refere à mão direita que produz o estalo ou então bate no peito; "esq" é a mão esquerda. A sequência é:

Peito (dir) - Estalo (esq) - Estalo (dir) - Peito (esq) - Estalo (dir) - Estalo (esq) - Peito (dir) - Estalo (esq)

A sequência, portanto, deve ser tocada sem parar. Na prática, você vai notar que a troca das mãos é natural; o cuidado deve ser com o final, pois são apenas 8 tempos.

Será que a classe consegue cantar e bater o ritmo ao mesmo tempo? Proponha ainda variações: um grupo pode fazer o ritmo, e outro, a célula mais simples enquanto canta. Caso tenha dúvidas, o ritmo proposto para esta etapa está na parte central do vídeo demonstrativo (00:12 a 00:21 segundos).

Por fim, sugira uma substituição nesta sequência para que a frase fique ainda mais complexa, mas sonoramente mais parecida com a zabumba: basta substituir o último toque no peito (sublinhado na sequência acima) por uma palma. Que tal? Se precisar, consulte a parte final do vídeo demonstrativo (00:21 segundos até o final).

Agora é aproveitar o repertório de Gonzagão para colocar em prática as sugestões de ritmos. Seja criativo: mescle sequências, sobreponha-as e comande os grupos.

Vale destacar que as atividades propostas são sugestões para a criação de novas possibilidades de prática musical com os alunos. Por isso, adapte de acordo com o contexto da sua escola, e sempre procure treinar os movimentos antes da aula, bem como separar a maior variedade possível de informações históricas, imagens, áudios e vídeos para que a aula se torne ainda mais dinâmica e interessante musicalmente para os alunos.

Avaliação
A participação dos alunos nas discussões, pesquisas e práticas musicais é a principal medida para avaliação. Deve haver comprometimento dos alunos com as atividades. Além disso, pesquisas complementares e práticas musicais em aulas seguintes podem originar instrumentos de avaliação muito ricos. Lembre-se de que, conforme o pensamento de alguns pedagogos musicais, a avaliação da atuação dos alunos nas práticas musicais é fundamental em aulas de música.
Bibliografia
- Sobre Luiz Gonzaga
LUIZ GONZAGA. In: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

LUIZ GONZAGA. In: Cliquemusic.

- Sobre o baião
BAIÃO. In: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.

BAIÃO. In: Cliquemusic.

- Sobre a  Feira de Caruaru
GASPAR, Lúcia. Feira de Caruaru. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, mar. 2010. Disponível na internet. Clique aqui para acessar.

IPHAN. 9. Feira de Caruaru. Principal, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, s d. Disponível no site do IPHAN.
Tiago Madalozzo
Professor de musicalização na Alecrim Dourado Formação Musical, em Curitiba (PR)


 

PROGRAMA "MAIS EDUCAÇÃO" NA CONTRAMÃO.

blog de origem AQUI


 "Não necessitam de médicos os sãos, mas sim ,os doentes."  (Jesus Cristo -Marcos 2:17)

 Programa "Mais Educação" em algumas escolas de Gravatá, está excluindo alunos com problemas de comportamento. Este texto pode parecer denúncia, reclamação ou pura pentelhice, mas na realidade, tem a intenção de provocar uma reflexão sobre os motivos que estão provocando estas ações.
 
Embora seja uma ávida crítica da transferencia de responsabilidades imposta pelo governo e pela própria sociedade, para a escola e professores, no cuidado das crianças, concordo com a teoria de Josué de Castro, no que concerne a questão da fome no Brasil, parafraseando uma de suas citações: "se a escola não tem obrigação de resolver o problema da fome, cabe a ela ao menos matar a fome do dia, de forma plena". Acredito que essa teoria se aplica também ao projeto de educação integral do governo federal, que visa deixar sob o cuidado da escola um número consideraval de crianças em situação de risco. Nesse caso, o perfil desses alunos já é (re)conhecido pela escola. São crianças que vivem em lares instáveis, sem referencia de autoridade, com pais prostituidos e/ou drogados, alcolatras, violentos, sem alimentação adequada...enfim, com sérios problemas de ordem comportamental, advindos do abismo social no qual estão imersos. Não há novidade nas escolas públicas quanto ao perfil da maioria de seus clientes/alunos.
Quando Jesus estava sentado à mesa na companhia de pecadores,foi questionado pelos fariseus,os religiosos da época,por causa desta atitude. Então Jesus lhes respondeu: "Não necessitam de médicos os sãos, mas sim ,os doentes."

 Não cabe a desculpa de falta de estrutura fisica, pois este é também um problema que, embora esteja sendo minimizado  neste governo, com as reformas e ampliações das escolas, já acompanha a educação há décadas. Neste caso, houve tempo suficiente para buscarmos adequações, outras alternativas, parcerias, enfim: solução. Reclamar é algo peculiar aos desprovidos de capacidade de transformar o meio e melhorar a situação adversa.

Uma questão que cabe discussão e reflexão é o perfil da equipe escolar quanto ao compromisso assumido para com nossas crianças (do porteiro ao gestor) e a equipe do programa, tanto os monitores quanto os coordenadores. Há de fato identidade com este tipo de trabalho a ser desenvolvido, ou mero interesse em aumentar a  remunenação recebida? Há, por parte de alguns funcionários, uma repetição repulsiva do discurso: "Isso não é trabalho meu!" - Será que esse discurso se aplica, especialmente na educação? O processo de ensino-aprendizagem depende apenas do trabalho desenvolvido em sala de aula??! É claro que não! A educação deve funcionar como uma orquestra. Todos os instrumentos precisam estar afinados (comprometidos) para que a música tocada seja de qualidade, encante!

Da mesma forma que conseguimos ministrar uma aula que foi preparada para o power-point usando o quadro de giz se o equipamento estiver com defeito, podemos encontrar alternativas que não provoquem mais exclusão na vida de crianças que já têm que lidar com abandono e falta de um lar que os ajudem a se desenvolver de forma saudável. Se está nas nossas mãos, então façamos, da melhor maneira!

Não há uma receita pronta. Particularmente já tive muitos problemas com indisciplina e agressão, mas para chegar ao ponto de providenciar a saida de um aluno da sala ou da escola, já havia esgotado todas as outras possibilidades e alternativas, depois de pelo menos 6 meses de tentativas. No caso do Programa "Mais Educação", o funcionamento tem apenas 1 mês. Considero extremo a expulsão ou substituição destes alunos.

Não estou sugerindo que é fácil. Mas, acredito que é possível, especialmente se houver vontade, determinação, parceria, compromisso de todos que fazem a educação escolar acontecer.



"Um ao outro ajudou e ao seu companheiro disse: esforça-te!" (Isaías 41: 16)

Aos que não se encaixam neste perfil de trabalhar com crianças de periferia,com todos esses problemas advindos desta sociedade hipócrita e desigual,  por favor, tenham a ombridade de "pedir para sair", até porque, se falharmos com essas crianças hoje, poderemos ser os próximos alvos do revólver de um deles amanhã.
Ou ainda, nos endereços eletrônicos:
MinC (http://www.cultura.gov.br/site/e)
MEC (http://www.mec.gov.br/)
E-mail maisculturanasescolas@cultura.gov.br.

Movimento de Cultura Popular - MCP


O MCP foi criado em 1961, por um grupo de intelectuais e artistas pernambucanos, na primeira gestão de Miguel Arraes como prefeito de Recife. Assumiu inovadoramente o conceito de cultura popular como chave para o trabalho com a população pobre, por meio de escolas para crianças, alfabetização de adultos, praças e núcleos de cultura. Revitalizou as festas folclóricas e teve expressiva atuação no teatro e cinema. Seu Livro de Leitura para Adultos renovou radicalmente o material didático da época. Sediou a primeira experiência do Sistema Paulo Freire, no Centro Dona Olegarinha, em 1962, e o I Encontro Nacional de Alfabetização e Cultura Popular, promovido pelo MEC, em 1963.
 Prof. Osmar Fávero - Universidade Federal Fluminense - UFF

Apresentação

O MCP foi o primeiro movimento de cultura popular criado nos anos de 1960. Após sua posse como prefeito do Recife, eleito por uma coligação de partidos de oposição aos governos anteriores, Miguel Arraes reuniu um grupo de intelectuais “progressistas”, comunistas e católicos, propondo uma ação estratégica nas áreas de educação e de cultura. Desse encontro resultou a incorporação da experiência anterior de praças de cultura, promovida por Abelardo da Hora, sob patrocínio da própria prefeitura, em um projeto mais amplo. Assumiu a coordenação desse movimento Germano Coelho, que havia chegado há pouco tempo da Europa, onde conheceu várias experiências, em particular a do movimento Peuple et Culture. Anita Paes Barreto encarregou-se da implantação de escolas primárias para crianças e adolescentes dos bairros não atendidos pela rede municipal, o que foi feito com a colaboração de várias entidades e parceria entre a prefeitura e a população interessada. Definiu-se um projeto de escolas radiofônicas para jovens e adultos e começou-se a trabalhar intensamente em várias áreas da cultura, valorizando o artesanato local, promovendo a realização das festas populares (São João, Reisado etc.), festivais de cinema e apresentação de autos e peças teatrais originais. Foram organizados também clubes de leitura e centros de cultura, além de exposições permanentes de arte e artesanato popular.

O MCP serviu de modelo e exemplo para muitos outros movimentos de cultura e educação popular do início dos anos de 1960. O Livro de leitura para adultos, elaborado por Josina Maria Lopes de Godoy e Norma Porto Carreiro Coelho e impresso em 1962, inovou radicalmente o material didático para alfabetizandos e recém-alfabetizados, tendo sido adaptado por vários outros movimentos, dentre eles De pé no chão também se aprende a ler, Centro de Cultura Popular de Goiás e a Campanha de Alfabetização da UNE.


Apesar do imediato e violento encerramento de suas atividades, após o golpe militar de 1964, conseguiu-se reunir significativa amostra do material produzido pelo MCP e sobre o MCP, além do Livro de leitura para adultos, já citado: Estatutos; Projeto de educação pelo rádio e relatório de instalação de escolas radiofônicas, de Giselda Fonseca; Projeto de meios informais de educação, de Paulo Rosas; Plano de ação para 1963, apresentado ao MEC e no I Encontro Nacional de Alfabetização e Cultura Popular, realizado no Recife, em 1963; monografia de conclusão no Curso de Serviço Social de Zaira Ary, sobre o Centro de Cultura Dona Olegarinha, onde aconteceu a primeira experiência do Sistema de Alfabetização Paulo Freire, que traz em anexo Projeto de educação de adultos, elaborado pelo mesmo; texto da peça Incelença, de Luiz Marinho; folheto de cordel A voz do alfabetismo, de João José da Silva, que contém o Hino do MCP. De singular importância é o álbum de desenhos Meninos do Recife, de Abelardo da Hora, usado como cartão de visita do movimento.


Foram reunidos também praticamente todos os depoimentos e textos de entrevistas disponíveis sobre o MCP, folders dos muitos eventos realizados, além de fotos e recortes de jornais do período, em especial sobre as escolas para crianças e adolescentes organizadas pelo Movimento.

Divulgação

Aderradeira Ceia Aderradeira Ceia, Programa
A derradeira ceia A derradeira ceia - programa
Camaleão Alface Julgamento em Novo Sol
Camaleão Alface Julgamento em Novo Sol
Clube da leitura, Folheto Propaganda
Festa de Natal em Recife
Clube da leitura Festa de Natal em Recife
Festa de São João
1º Festival de Teatro do Recife
Festa de São João 1º Festival de Teatro do Recife
1º Festival de Cinema do Recife
2º Festival de Cinema do Recife
1º Festival de Cinema do Recife 2º Festival de Cinema do Recife
2º Semana Estudantil
2º Semana Estudantil de Cultura Popular
2ª Semana Estudantil 2ª Semana Estudantil
de Cultura Popular


Imagem ampliada
Bernardo Dimenstain, 1963
(Doado pelo autor)
Imagem ampliada
Adão Pinheiro, 1963
(Doado por Bernardo Dimenstain)
Fonte das imagens: Letícia Rameh Barbosa. Movimento de Cultura Popular em Pernambuco: evolução e impactos na sociedade. Tese de doutorado em educação, defendida na Universidade Federal da Paraíba em 2007, p.128.

Jornais

Plano Municipal de ensino foi
apresentado ontem ao prefeito

Diário de Pernambuco, 31.01.1960, p. 13
Prefeito inaugurará 11 escolas e
fará 10 discursos amanhã

Diário de Pernambuco, 26.04.1960, p. 3
Sociedade civil e o Movimento de
Cultura Popular: escolas

Diário de Pernambuco, 26.04.1960, p. 5
Prefeitura inaugurou as
dez primeiras escolas...

Diário de Pernambuco, 03.05.1960, p. 10
MCP com ajuda da
Prefeitura: 20 escolas...

Diário de Pernambuco, 27.05.1960, p. 8
Prefeitura inaugurará mais vinte
escolas no mês corrente

Diário de Pernambuco, 01.06.1960, p. 3
Inauguradas 4 bandinhas do
Mov. de Cultura Popular

Diário de Pernambuco, 18.10.1960, p. 5
Cartilhas e cadernos para os alunos
do Movimento de Cultura

Diário de Pernambuco, 25.10.1960, p. 9
Caderno C - Jornal do Commercio, 10.05.1997
Caderno C - Jornal do Comércio
10/05/1997

Livros

 
 
Movimento de Cultura Popular: impactos na sociedade pernambucana
Letícia Rameh Barbosa
Movimento de Cultura Popular
Memorial
MCP - História do Movimento de Cultura Popular
(1960-1964)
Germano Coelho
 
Capa l Resenha Capa l Resenha

Teatro


A Incelença
(36 mb)

 Herança Negra no Rio de Janeiro


Obras recentes na zona portuária revelaram detalhes do passado escravocrata
O repórter Marcelo Castilho conversa com o historiador Carlos Libano no Rio de JaneiroO repórter Marcelo Castilho conversa com o historiador Carlos Libano no Rio de Janeiro
Até meados do século XIX eles desembarcavam aos milhares no Rio de Janeiro. Da cidade, a grande maioria partia para as fazendas sustentando a monocultura e a riqueza dos senhores de terra. Os africanos cruzaram o Atlântico escravizados e aqui além de contribuir imensamente para a construção do país ajudaram na formação da cultura brasileira.
Obras recentes na zona portuária do Rio revelaram um passado que conta um pouco mais da história desse povo: o cais onde desembarcavam dos navios negreiros, o cemitério para onde eram levados os que não sobreviviam à viagem, a rua onde eram vendidos e muitos objetos deixados pelos que chegavam aqui, peças que têm sido analisadas por uma equipe de historiadores e arqueólogos.
Essas revelações e lugares redescobertos farão parte do circuito histórico e arqueológico da herança africana que vai permitir que cariocas e turistas possam entender melhor a história dos africanos que chegaram por aqui. O Caminhos da Reportagem acompanhou o trabalho dessa equipe e vai mostrar também como a herança negra se estende pelo tempo e se expande pela cidade: a presença do negro que se espraia pelo Rio após a abolição da escravatura, a influência na criação do samba, quilombos que ainda existem em meio ao tecido urbano carioca e a persistência do jongo e da culinária negra no Rio de Janeiro.


Reportagem: Marcelo Castilho
Edição: Isabelle Gomes
Produção: Vivian Carneiro e Betania Dutra
Estagiária: Luisa Lougue

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 'Passinho' é o grande salto do funk

 Enviado em 04/09/2011
Mistura de ritmos e de danças em duelos empolgantes nos bailes
Assista AQUI

Homenagem do programa Esquenta a Gambá e a Turma do passinho - Esquenta 1- Assista AQUI


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Mais um vídeo de agressão contra professor alerta para violência nas escolas públicas

Banheiros incendiados, paredes destruídas e armas apreendidas se misturam a hematomas, fratura e depressão. Só na capital paulista mais de 70 mil servidores da educação estão afastados em consequência de estresse. Mas este não é um problema exclusivo da rede pública. Marcados pela violência, muitos dos que sonharam dedicar a vida ao ensino abandonam a carreira.
reportagem produzida e veiculada pela Rede Record em  06/03/2013.   Assista AQUI

Assista também.
 
  Documentário: Pro Dia Nascer Feliz

                 Um documentário sensacional e ao mesmo tempo angustiante do diretor João Jardim, lançado em 2006. O filme aborda a educação brasileira em um angulo pouco visto, dentro da sala de aula, abordando os dramas dos jovens e professores de diferentes regiões do Brasil. A precariedade das instalações, preconceito, violência e o abandono são temas presentes no filme.

            O documentário é fundamental para jovens estudantes, pois perceberão que apesar dos cenários  e classes sociais diversificadas, os dramas são em alguns aspectos semelhantes, tanto no sertão nordestino quanto nas grandes metrópoles do sudeste, claro guardando as devidas proporções. Para educadores ou futuro educadores, é extremamente valido pois demonstrará os grandes abismos da educação brasileira, os dramas dos professores que abdicam de muitos lazeres e dedicam a educação.

               A angustia que e o filme passa é no sentido que o problema da educação brasileira é profundamente grave e abrange todo o Brasil e infelizmente sem perspectivas de melhoras.

AQUI  

  A Potência da CULTURA – ensaio com sugestões para programas de governo

  04/09/2012 | Publicado por celioturino em Sem categoria
A Potência da CULTURA
E se a Cultura fosse prioridade em programas de governo? Ela seria reconhecida como o fio condutor que une o direito à saúde, ao transporte, à moradia, à educação, ao trabalho, à cidade… à cidadania. Cultura como arte, habilidades humanas, mas para além das artes e da expressão simbólica, Cultura como comportamento, como atitudes e valores que se expressam desde as mínimas relações no cotidiano à economia. Assim, teríamos programas de candidatos e candidatas às prefeituras que tratariam a Cultura em toda sua Potência, central e transversal.
Como primeira medida, o fortalecimento das Secretarias e órgãos de gestão da Cultura. Não é possível que a Cultura continue sendo tratada como mero ornamento, com políticas públicas acanhadas e concentradas, tanto no espaço geográfico, quanto social, ou restritas à realização de eventos e atividades artísticas pontuais. Em São Paulo, por exemplo, se de um lado houve a positiva e necessária recuperação de espaços como o Teatro Municipal e a Biblioteca Mário de Andrade, além da incorporação da Virada Cultural (que, em meu modo de ver, deve ser mantida e aperfeiçoada) ao calendário da cidade; de outro, o investimento em Cultura, para além do centro da cidade ou para além de um grande evento anual, ficou praticamente abandonado. E este é o retrato de praticamente todo o país, em Campinas a mediocrização da gestão cultural vem desde o final do século passado (e, infelizmente, enquanto paro para pensar em alguma exceção positiva, poucos exemplos me vêem à cabeça, talvez Suzano, na grande São Paulo, não muito mais que isso). Ao menos em cidades mais dinâmicas, como São Paulo, outros agentes e instituições assumem um papel mais ativo que as prefeituras na vida cultural da cidade; como o SESC paulista e sua programação de vanguarda, ou a iniciativa privada financiada com recursos de renúncia fiscal (mas neste caso reduzindo a Cultura à dimensão Mercadoria), além de manifestações e organizações autônomas da sociedade (como os saraus literários de periferia ou os pequenos teatros de grupo). Sem dúvida, em cidades com as dimensões de São Paulo esta pluralidade de agentes culturais, pode e deve ser estimulada; todavia, o que não pode mais continuar acontecendo é o fraco protagonismo do poder público municipal, não somente em São Paulo como em quase todos municípios do Brasil.
Tanta coisa boa poderia acontecer se as gestões municipais fossem estruturadas a partir de uma visão ampla integradora da Cultura, sob o conceito da cidadania cultural. Aqui exercito um ensaio de como isso poderia se realizar na prática, em programas de governo. Penso em quatro macro-programas, interligados e transversais, não somente entre si, no âmbito de atuação das secretarias de Cultura, mas em inter-relação com as demais secretarias e programas do governo municipal. Estes programas matriciais deveriam se desdobrar em Ações e Iniciativas, conforme apresento a seguir.
Programas e Ações
CULTURA em REDE
Um retrato da desigualdade: abundância e escassez na distribuição dos equipamentos culturais. No caso de São Paulo, há regiões da cidade, ou mesmo uma única avenida ou parque público, que concentram diversos equipamentos culturais da mais alta qualidade, enquanto regiões inteiras, com centenas de milhares de habitantes, ou mesmo milhões, sequer dispõem de um único teatro ou biblioteca adequados. Fazer uma política democrática de Cultura pressupõe reverter este quadro, que se repete em milhares de cidades brasileiras, boa parte delas com ausência total de equipementos culturais, contando, no máximo, com alguma biblioteca funcionando em condições precárias.
Em São Paulo esta situação começou a ser modificada quando da implantação dos CEUs, no governo da prefeita Marta Suplicy; porém, com a mudança de governo houve uma descontinuidade, com o apequenamento do projeto original; e os novoss CEUs, que perderam espaços de lazer e cultura, como teatro, área para oficinas culturais ou mesmo instrumentos musicais para orquestra e demais equipamentos indispensáveis para o bom desenvolvimento de uma ação cultural. Repetindo o vício de se privilegiar o invólucro no lugar do conteúdo (ou a estrutura no lugar do fluxo, ou a casca no lugar da gema), o máximo que as propostas de governo alcançam é propor a construção de novos (e custosos) equipamentos culturais. Sim, eles são necessários, mas o principal objetivo de um programa Cultura em Rede não seria a construção, mas a articulação (por isso Cultura em Rede) dos espaços culturais já existentes, qualificando sua estrutura e potencializando sua programação. Há tantos espaços desperdiçados por aí, por vezes um teatro em escola, barracões, salas de ensaio; por que não utilizar-los de forma mais intensa? Inclusive os privados e com pouco uso, que poderiam ser incorporados à rede via conveniamento. Não é possível que uma cidade com 93 distritos, cada qual com população média de 100.000 pessoas, como no caso de São Paulo, não contem com, ao menos, um teatro, uma biblioteca, um cinema, um museu e um espaço para oficinas culturais, cursos de iniciação artística e exposições. Isto poderia acontecer a partir da construção de equipamentos integrados com a educação (a exemplo das Bibliotecas Parque, de Medellin, ou dos primeiros Parques Infantis na gestão Mário de Andrade), sobretudo com a expansão, dinamização e retomada do projeto original dos CEUs, requalificação de Espaços e Casas de Cultura, recuperação de edifícios históricos, integração com equipamentos esportivos ou praças e parques públicos, ou mesmo o melhor aproveitamento de espaços culturais privados. Desnecessário dizer que esta situação se repete em praticamente todos municípios do país.
Menos obras físicas e mais articulação e requalificação dos equipamentos já existentes, menos fachadas e mais conteúdos, pois o fundamental para a Cultura é o relacionamento em rede e de maneira complementar. Com isto, de forma rápida -e a um custo relativamente baixo-, as cidades poderiam contar com Sistemas Integrado de Centros Culturais permitindo que, para além da custosa construção física, seja possível disponibilizar recursos específicos para sua manutenção e programação, compreendendo todo ciclo da produção cultural (patrimônio, formação, produção e difusão). E este Sistema poderia funcionar tanto em grandes, médios ou pequenos municípios, diretamente administrados por uma prefeitura ou através de consórcios intermunicipais.
Para integrar e consolidar o Sistema de Centros Culturais – Cultura em Rede, devem ser adotadas duas ações:
a) Assegurar ao menos uma grande Instituição Cultural (Centro Cultural, Museu ou Biblioteca Parque) em cada macroregião da cidade (no caso de grandes cidades, ou ao menos uma Instituição de referência em caso de cidades médias ou pequenas, neste caso via consórcio intermunicipal), funcionando como Centros de Referência, integrando e complementando programação em centros menores, promovendo intercâmbio, interações estéticas e programação de qualidade variada;
b) Cultura em rede pressupõe articulação e integração entre estrutura física, programação integrada e ação digital. É neste campo que “Casas e Praças da Cultura Digital” poderiam atuar. Uma ação de Cultura Digital é indispensável para o funcionamento de Cultura em rede e deve ser compreendida de maneira ampla, envolvendo desde a disponibilização de banda larga pública até inovadoras experiências que integram comunidades de software livre, metareciclagem de computadores e equipamentos eletrônicos e trabalhos colaborativos com o desenvolvimento de novas práticas econômicas sob os princípios da economia solidária – trabalho colaborativo, comércio justo, consumo consciente, generosidade intelectual e gestão em rede-. As Casas de Cultura Digital integrariam estas iniciativas e as Praças de Cultura Digital seriam praças públicas dotadas de internet em alta velocidade, espaços de convivência para as comunidades digitais e centros de coleta e reciclagem de computadores e aparelhos eletrônicos, funcionando como pólos públicos da rede.
CULTURA e EDUCAÇÃO
Quando a Educação se afasta da Cultura ela perde sua alma. Quando a Cultura se afasta da Educação ela perde seu corpo. Reaproximar Cultura e Educação é reaproximar corpo e alma.
Um programa de integração entre Cultura e Educação deveria ser estruturante para todo programa de governo. Há acúmulo teórico e experiência prática, comprovando que este encontro entre Cultura e Educação não somente dá certo como é indispensável para uma cultura cidadã e uma educação emancipadora, como o movimento mundial pelas Cidades Educadoras, ou o conceito das Escola-Parque, formulado pelo pedagogo brasileiro Anísio Teixeira, ou dos Parques Infantis, implantados na década de 1930 em São Paulo, por Mário de Andrade.. Aqui não se trata da pedagogização da cultura e das artes, mas da integração entre cultura e educação, em um processo permanente, que aconteça em todos os lugares, com todas as gerações e por toda vida. A base da cidadania cultural está neste sutil exercício.
Integrado Cultura e Educação (e também esportes, lazer e meio ambiente) é possível implantar, paulatinamente, a Educação em Tempo Integral, mas não em tempo integral na escola e sim utilizando toda a rede de Cultura da cidade (não somente a municipal, como também de demais instituições a partir de parcerias). Fora do horário na escola os alunos poderiam participar:
a) Cursos de iniciação artística em Escolas Municipais de Iniciação Artística (em Campinas, lamentavelmente, a prefeitura fechou a única escola pública de música);
b) Formação de público com freqüência a teatros, museus, centros culturais e cinemas;
c) Projetos especiais como o Recreio nas Férias – assegurando programação cultural e esportiva de férias para todas as crianças e adolescentes da cidade;
d) Corpos Artísticos Juvenis (ou vocacionais), como orquestras e corais, grupos de teatro, dança, circo e coletivos em artes visuais ou audiovisual.
O objetivo seria assegurar a todas crianças e jovens o acesso a, pelo menos, um curso de iniciação artística e freqüência mensal em, no mínimo, uma programação em teatro, cinema ou exposição e uma semana de férias nas atividades do Recreio nas Férias (com atividades de cultura, esporte e lazer nos pólos de férias, passeios e visitas a áreas de lazer – quando desenvolvi esta experiência em Campinas, no início dos anos 90 e em São Paulo, no governo Marta Suplicy, conseguimos atender a mais de 100.000 crianças e jovens por edição).
Quanto aos Corpos Artísticos Juvenis, faço um exercício para demonstrar o quanto é viável. Imaginemos uma cidade que contasse com 50 Orquestras e Corais Infantis e Juvenis, com participação entre 60 e 100 jovens em cada um. O custo de manutenção de cada orquestra seria de R$ 400 mil/ano, garantindo contratação de regente e professores por naipe (violino, violoncelo, percussão, etc…); um sistema de orquestras jovens com este porte asseguraria 1.000 apresentações de música de câmera por ano (2 por mês, durante 10 meses, por cada orquestra), envolvendo diretamente entre 3 a 5 mil jovens músicos, além de gerar postos de trabalho para músicos recém formados, que atuariam como regentes e professores de orquestra (aproximadamente 500 no total). Há que contabilizar também o público beneficiado com a série de concertos, alcançando centenas de milhares, ou até milhões, de pessoas. O custo total desta ação seria de R$ 20 milhões/ano (numa cidade que assumisse 50 orquestras jovens), pouco para o alcance educacional e cultural da iniciativa. A Orquestra de Heliópolis, em São Paulo, é um exemplo de transformação social e beleza que resulta de um trabalho como este. Por que as cidades do Brasil não podem contar com tantas mais experiências como a surgida na favela de Heliópolis, em São Paulo? O mesmo poderia acontecer com grupos de teatro, dança, coral, etc… (neste caso a um custo menor por grupo constituído). Como parâmetro de eficácia, devemos observar o Sistema de Orquestras Jovens da Venezuela, conhecido como El Sistema (atualmente a Venezuela é o país que mais forma músicos eruditos no mundo – em relação à população); com 30 milhões de habitantes, o país conta com mil orquestras e 300 mil músicos em atividade (em proporção, a cidade de São Paulo deveria contar com 100 mil músicos e mais de 300 orquestras jovens). Todo município brasileiro pode e deve ter seu Sistema de Corpos Artísticos Juvenis, seja uma banda de coreto ou orquestra, um grupo de teatro, dança ou circo, ou vários. Investindo muito ou pouco, mas investindo e cuidando de sua gente, este deveria ser o principal objetivo de todo governo.
Sistema Municipal de Bibliotecas, livro e leitura, outra ação indispensável. Biblioteca é patrimônio cultural e, sobretudo, formação. Além de assegurar, ao menos, uma biblioteca por município ou distrito, cabe integrar a rede de bibliotecas públicas com as bibliotecas escolares, bibliotecas comunitárias e demais iniciativas de difusão do livro e da leitura. E ir além da integração e disponibilização de acervos. É preciso atualizar o conceito de bibliotecas, transformando-as em espaços convidativos e agradáveis, com acervo atualizado e livros ao alcance direto do leitor (ao menos o acervo mais atual), espaços iluminados e aconchegantes, atividades lúdicas em brinquedotecas e constante programação cultural e artística. Há diversos bons exemplos de como a instituição Biblioteca pode assumir um novo papel de estimulador social e cultural, que vai muito além da guarda e consulta de acervos. A cidade de Medellin, na Colômbia, é um belo exemplo de como potentes bibliotecas se transformam em âncora para a regeneração urbana e o exercício de uma cultura cidadã; isso também pode acontecer em qualquer cidade do Brasil.
E para além das Bibliotecas. Há a necessidade de políticas de difusão do livro e da leitura, levando-o mais próximo ao público, com iniciativas que vão desde a distribuição gratuita de livros de baixo custo no sistema de transporte público (a exemplo do programa “Para ler de boleto en el metro”, na cidade do México) até a organização de bancas/estantes em praças e pontos de ônibus (a exemplo da cidade de Bogotá, ou da bela iniciativa de um Ponto de Cultura em um açougue, na cidade de Brasília, que disponibiliza 100.000 livros nos pontos de ônibus da cidade). E difusão se faz com gente, Agentes de Leitura (jovens da Cultura Viva, que difundem a leitura em casas, ruas e espaços comunitários) e o próprio incentivo à criação literária. Enfim, não há Cultura e Educação sem a devida prioridade às bibliotecas, livros e leitura.
CULTURA VIVA
Cultura Viva, um conceito de cultura que se desenvolveu no Brasil e se espalha por toda América Latina. A Cultura entendida como processo e não produto, feita pela gente, pelas pessoas, sem hierarquias ou controle. Cultura como expressão simbólica, como construção de valores e cidadania e como economia. Uma Cultura que se desenvolve com autonomia e protagonismo, potencializados na articulação em rede. Cultura como fluxo, potência, afeto, desejo e encantamento.
As cidades formam o melhor ambiente para a Cultura Viva. Mil povos, mil fazeres e mil sonhos. Tudo junto (e misturado). Para sedimentar a rede Cultura Viva (ou: o “fazer cultural” autônomo e protagonista) há os Pontos de Cultura; no Brasil eram mais de 3.000 em 2010, em 1.100 municípios. Os Pontos de Cultura são entidades culturais da sociedade, com personalidade jurídica própria, selecionadas por edital público e que já desenvolvem trabalhos em suas comunidades; tem atuação das mais diversas, das linguagens artísticas às ações sócio-culturais em territórios de vulnerabilidade social, de grupos eruditos a populares, do fortalecimento de laços identitários e tradições à experimentação estética e à vanguarda da cultura digital em software livre. São os mais diversos recortes, cada qual à sua maneira. Ao se potencializarem em rede vão se desenvolvendo, tanto do ponto de vista ético, estético ou econômico. E o fazem em uma relação horizontal, entre iguais (uma igualdade que se realiza na diferença), rompendo com processos formativos de cima para baixo, ou de fora para dentro.
Cada Ponto de Cultura recebe um recurso anual de R$ 60 mil e desenvolve seu plano de trabalho conforme suas necessidades, empoderando-se no processo. Até o momento esta rede acontece em convênio com o Ministério da Cultura; mas por que não assumi-la como política municipal? Custa pouco, por vezes menos que uma festa patrocinada pela prefeitura, com a diferença de que acontece em processo contínuo, por todo o ano.
Mas Cultura Viva vai além dos Pontos de Cultura e também envolve ações como “Cultura Digital”, “Cultura e Saúde”, “Economia Solidária e Cultura”, “Agentes Jovens de Cultura”, “Griôs e Mestres da Cultura tradicional transmitida pela Oralidade”, “Interações Estéticas”, “Escola Viva”, “Pontos de Leitura”, “Pontos de Memória”, “Pontos de Mídia livre”, “Pontinhos (para cultura da infância e lúdica)” e “Pontões (articuladores, capacitadores e difusores na rede) de Cultura. Todas estas ações – e outras- devem ser desenvolvidas junto com os Pontos de Cultura. Há tanta cultura tradicional, tantos mestres, tantos Griôs e tanto conhecimento que podem contribuir para o desenvolvimento da cidade; há tantos Pontos de Mídia Livre, rádios e TVs comunitárias, sites, blogs, fanzines e revistas independentes que contribuem para difundir o que de mais profundo e esquecido se produz por aí; tantos artistas, fazendo coisas belas e dispostos a interagir com comunidades em efetivas Interações Estéticas, ensinando e aprendendo com elas; a Cultura e Saúde com terapias alternativas e a arte como elemento de desenvolvimento das pessoas com deficiências intelectuais ou físicas, a medicina tradicional e a busca da cura em ambientes saudáveis; Pontos de Memória, com memoriais e museus comunitários, de vizinhança, temáticos, afetivos, em escolas; e Pontos de Leitura e suas bibliotecas comunitárias, as biciclotecas construídas a partir de tanta idéia boa surgida da mente de gente igualmente boa, por vezes moradores de rua, catadores de papel que reciclam livros e vidas. Tanta coisa boa e bela que pode se desenconder por aí, isso é Cultura Viva.
E que pode ir além. Há que desenvolver ações e programas de arte pública, em apoio à artes e aos artistas de rua, que tanto humanizam as cidades. E os grupos de teatro e dança, que na falta de apoio governamental foram abrindo seus espaços próprios, gerando pólos autônomos de arte, inovação e convivência; mas a manutenção destes espaços é custosa, cabendo a criação de um arcabouço de apoio (redução ou isenção de impostos) e financiamento público para Espaços Culturais de Grupos que assegure a manutenção dos custos fixos; como contrapartida, esses espaços poderiam oferecer sua própria programação e uso em atividades e programas como Cultura e Educação e outros. O apoio ao Circo e aos artistas circenses e todas as suas especificidades, da regulação do uso de espaços à formação, do circo tradicional ao novo circo. E as Iniciativas Culturais da Juventude ou grupos culturais não formalizados, a exemplo do programa paulistano, VAI; ou a Agentes Jovens de Cultura, para jovens artistas e articuladores culturais; ou o apoio à ações e manifestações (a exemplo da parada Gay) de combate à discriminação, sejam de caráter religioso, gênero, étnico ou cultural; ou às Culturas tradicionais e populares, há tantas, em todas as cidades, as mais surpreendentes, como em São Paulo, em que os índios Pankararu redescobrem suas raízes na favela do Real Parque, ou jovens do Hip Hop que se reencontram com o repente de seus avós; as festas populares, seja em grandes ou pequenos municípios, sempre presentes. Tanta coisa bela e sensível, que passa na frente de nossos olhos e que nos diz que a Cultura continua Viva, não porque é feita pelo Estado ou governos, nem porque se deixa transformar em mercadoria, mas porque é feita pela gente e para a gente. E vai além.
CULTURA: direito do povo, dever do Estado
O objetivo: a Arte. E só. Arte como habilidade, criação, beleza. Convivência.Arte de bem viver. Uma cultura cidadã só pode acontecer se as pessoas conviverem em estado de Arte, cultivando forma e o espírito e, no espaço da liberdade de criação, aprenderem a viver com liberdade e respeito. Arte, conceito difícil de definir e ao mesmo tempo tão presente em nossas vidas. Por isso mesmo a arte deve permear o conjunto dos programas de toda política cultural.
Arte necessita de fomento que ative e impulsione o processo criativo. Nos últimos 20 anos as políticas de fomento em vigor no país estiveram, basicamente, concentradas em instrumentos da renúncia fiscal, transferindo recursos públicos para um processo de decisão privada, submetida à lógica do mercado. Houve iniciativas que caminharam em outro sentido, apresentando resultados consideráveis, como as iniciadas no movimento Arte contra a Barbárie, que resultou na lei do Fomento em São Paulo ou a experiência do programa Cultura Viva e dos Pontos de Cultura, disseminada pela ação do Ministério da Cultura no governo Lula, bem como os editais específicos de fomento para os campos da identidade e diversidade e das artes. São contrapontos ao modelo que reduz a Cultura e a Arte apenas à dimensão produto ou mercadoria. Programas de Cultura com sentido emancipador deveriam caminhar nesta mesma lógica, em que Cultura e Arte são consideradas direitos inalienáveis, que devem ser realizados pelas pessoas, pela sociedade, em ambientes de liberdade criativa, cabendo ao Estado assegurar meios para que aconteçam em toda sua potencialidade, com critérios públicos e sem dirigismo, seja do Estado ou do Mercado.
O principal meio para efetivação desta política deve ser o Fundo Municipal de Cultura, com dotação orçamentária própria e destinada diretamente ao fazer cultural e artístico da sociedade, das pessoas. Como meta: 1% do orçamento municipal diretamente destinado ao Fundo de Cultura. Para as necessidades de manutenção e investimento direto do município, as Secretarias de Cultura devem contar com orçamento próprio; ou, em linguagem técnica: os Fundos Municipais de Cultura devem contar com rubrica específica, com fonte de recursos assegurada e mecanismos públicos na definição de acesso a estes recursos.
Chega-se ao valor de 1% do orçamento a partir de que, no mínimo 5% do PIB nacional (dados do IBGE) advém da economia da cultura. Toda essa economia gera recursos para as cidades que retornam na forma de tributos diretos (ISS sobre atividades culturais) e indiretos (arrecadação em bares, restaurantes, hotéis e demais atividades econômicas diretamente impactadas pela economia da cultura), nada mais justo que parte destes recursos seja aplicada na própria atividade que os gerou (permitindo, inclusive, a ampliação destes recursos com o motor da própria atividade econômica). Diversas cidades já contam com Fundos Municipais de Cultura, algumas há décadas (Campinas, por exemplo) e outras começam a implantar (Campo Grande, recentemente, aprovou lei criando o Fundo e definindo piso de 1% do orçamento municipal); não faz sentido que grandes ou pequenas cidades ainda não disponham de algo semelhante. Cabe salientar que a criação de Fundos Municipais de Cultura está prevista na lei que cria o Sistema Nacional de Cultura e em poucos anos esta será a única forma de acesso a recursos nacionais de cultura, que serão transferidos “fundo a fundo”, a exemplo do Sistema Único de Saúde. Outra fonte de recursos do Fundo deve ser a receita própria dos equipamentos municipais de cultura (borderô de ingressos, eventuais locações, doações diversas), evitando que este recurso se perca no caixa único das prefeituras.
Com o Fundo Municipal de Cultura é possível manter e ampliar as ações de fomento; nos grandes municípios podem existir Fundos Setoriais (Artes, Diversidade e Cidadania Cultural, Patrimônio e Memória, Audiovisual, Livro e Leitura e Projetos Especiais), seguindo a mesma lógica do projeto de lei que institui o Pró-Cultura (reforma da lei Rouanet) em nível nacional – ainda em tramitação no Congresso. Somente com um Fundo efetivamente estruturado e com recursos suficientes será possível realizar uma efetiva política de fomento à cultura nos municípios.
Mas para além de uma política de editais para acesso público a recursos públicos, cabe assegurar uma série de mecanismos de fomento às artes e à preservação do patrimônio histórico e cultural. As cidades precisam contar com Conselhos do Patrimônio Histórico e Cultural, bem como com regras estáveis de preservação, que possam conviver com as necessidades da expansão imobiliária, sem prejuízo à preservação de nossas referências históricas, ambientais e afetivas. Cabe a estes Conselhos assegurar a inventário das áreas envoltórias de patrimônios tombados e regras prévias e claras para os proprietários do entorno, tornando sustentável a preservação e até criando compensações, no caso de grandes e médios municípios, com uma lei da troca do potencial construtivo (em que o proprietário de um imóvel tombado poderá negociar o potencial construtivo de seu imóvel em outras áreas da cidade, assegurando recursos para preservação do bem tombado).
Junto a estas medidas de Fomento e Regulação, cabe, igualmente, manter Instituições e Programas de Preservação e Memória, que vão desde a manutenção de Museus e Arquivos à realização e inventários, cartografias culturais, mapas e roteiros, histórico, ambientais, afetivos e artísticos.
Medidas institucionais de gestão da Cultura
Os quatro programas aqui apresentados dão conta, ao meu ver, das diversas dimensões e necessidades de uma efetiva política cultural para o século XXI, porém, para que aconteçam em plenitude, serão necessárias medidas institucionais, basicamente previstas na lei que cria o Sistema Nacional de Cultura, a exemplo do SUS. São elas:
a) Adesão das cidades ao Sistema Nacional de Cultura;
b) Plano Municipal de Cultura, com objetivos, metas e indicadores para os próximos 10 ou 20 anos;
c) Criação, fortalecimento e democratização dos Conselhos Municipais de Cultura (e criação de conselhos por subprefeituras, quando houver);
d) Criação do Fundo Municipal de Cultura (com dotação orçamentária própria e repasse de recursos por editais públicos);
e) Fortalecimento da capacidade de gestão e formulação das Secretarias de Cultura (ampliação orçamentária e concurso público para quadro funcional especializado);
f) Sistema de Informações e Mapeamento Cultural;
E para os candidatos a vereador, fica a sugestão para abraçarem as leis Cultura Viva e Griô, ora em tramitação no Congresso Nacional e que também podem ser adaptadas à legislações municipais. Além da Carta Compromisso com a Cultura, que deveria ser assinada por todo candidato ou candidata que percebe na Cultura a potência de seu povo.
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2012


“O Brasil é afetivo, encantador, violento e tenebroso”

Para Maria Rita Kehl, o importante é que quem está se mobilizando tenha inteligência política suficiente para saber que pontos políticos podem mobilizar

Fonte: Brasil de Fato


26/12/2011
Áurea Lopes
de São Paulo (SP)

Dois pesos: a psicanálise e o jornalismo. Foi a partir dessa parruda união de forças e percepções que Maria Rita Kehl produziu as crônicas de sua mais recente obra, entre muitos escritos em outros livros e jornais – incluindo o artigo que resultou na escandalosa suspensão de sua coluna no jornal O Estado de S. Paulo por ter defendido políticas do governo Lula, quando o jornal (que faz campanha contra a censura) apoiava o candidato à presidência José Serra.
“Eu até gostaria de fazer crônicas mais literárias, mas os temas da atualidade acabam me roubando... e é pra isso que eu vou”, diz a intelectual, que nesta entrevista exclusiva ao Brasil de Fato fala sobre “as dores do Brasil”, eixo agregador dos temas abordados em "18 crônicas e mais algumas", publicação da Boitempo Editorial lançada em novembro.
Indignada com o descaso dos governos e a indiferença da população diante das mazelas sociais (“restos não resolvidos de 300 anos de escravidão”), Maria Rita fala sobre o engajamento dos jovens nas lutas populares (“ainda é pouco”), a violência policial (“resultado de uma ditadura que termina impune”) e afirma que os recursos para aplacar as dores do país estão na militância: “É hora de fazer política”.
Brasil de Fato – Uma frase que do seu último livro que chamou muito a atenção e teve grande repercussão foi “O Brasil dói”. A pergunta inevitável é: quais as dores do Brasil que você considera mais preocupantes?
Maria Rita Kehl – Bem, não que seja uma frase genial, ao contrário, acho até banal. Mas talvez tenha chamado tanto a atenção porque corresponda ao sentimento de muita gente. A dor que o Brasil sente eu já intuía, mas aprendi com o meu ex-companheiro, o historiador Luís Felipe Alencastro, que é um estudioso da escravidão no Brasil. Uma parte do que se chama de um difuso mal estar tem a ver com os restos não resolvidos politicamente de 300 anos de escravidão. Quer dizer, não há explicitamente uma política de segregação no Brasil, mas nunca houve uma abolição, de fato. A abolição se deu porque economicamente o sistema já estava falido.
A escravidão acabou assim, com miséria, com os escravos chutados dos lugares, ganhando subsalários. Mas não houve nada para proteger essas populações, que foram jogadas nas ruas, sem trabalho, sendo tratadas do mesmo jeito que antes porque a cor da pele não muda... e marcou durante décadas os escravos. Demorou muito para o negro ser visto como um trabalhador livre, como qualquer outro. E mesmo hoje, acho importantes as políticas públicas feitas no governo Lula e no governo Dilma, mas embora não haja preconceito explícito, que agora é ilegal, há, sim, diferenças.
Outra coisa que dói, para pegar aquilo que me atinge, é a forma como a ditadura militar acabou. Igualzinho. De repente acabou, porque estava inviável mesmo... e não tem reparação, não tem investigação, julgamento de quem torturou, de quem matou... crimes de Estado ficaram impunes. Hoje há um movimento mais importante para tentar fazer alguma coisa, com muito esforço, conseguiu- se uma tímida comissão da verdade. Mas a indiferença da população é enorme. E dói também o desamparo de uma parte da população, quando tem inundação, quando desaba um morro... e você vê o modo como a verba pública é desviada, os mistérios não cumprem suas funções.... é isso que dói.
Como essas “dores” atingem, em particular, os jovens? Quais as perspectivas de futuro para que as novas gerações mudem esse cenário? O acesso à educação aumentou, mas e as oportunidades de trabalho?
Pelo que eu vejo nas minhas viagens pelo país, o ProUni (Programa Universidade para Todos) – que foi tão criticado, as pessoas diziam que o governo estava fazendo a privatização do ensino, o que não é – abriu uma perspectiva enorme. Em 2008, por exemplo, eu viajei por uma região do rio São Francisco. Todo mundo que a gente conversava tinha um parente na universidade ou estava na universidade. Isso quer dizer que o cara vai ser um doutor, contratado por um alto salário de uma companhia? Não. Mas significa que a visão de mundo dele vai melhorar, o status dele para emprego vai melhorar. Se vai ter emprego, ou não, não dá pra saber. E o mais importante é que isso revela um interesse desse jovem pelo estudo. Eu lembro, em Barra de São Miguel (AL), o garçom dizendo “eu quero estudar história e meu irmão, filosofia”. O que isso vai melhorar na renda dele de garçom? Não tão grande coisa. Mas a visão de mundo será outra. Então, eu acho que melhorou, mas ainda falta muito.
Como você a participação política dos jovens, hoje?
Acho que hoje há um distanciamento. Como havia antes. Na época da ditadura, a gente pensava que todo mundo estava dentro porque a gente estava dentro. Mas era uma minoria de estudantes, uma minoria de militantes. Eu acho, por exemplo, que o MST é o único movimento que atrai os jovens, hoje, inclusive os de classe média. Os partidos não atraem, a política não atrai, a política estudantil está tendo agora um crescimento, que eu acho importante, mas está minguada, comparando-se ao que já foi. Então, tem gente que diz que o jovem de hoje não está interessado em mudar o mundo. Não parece. Uma porção de jovens de classe média apoia o MST, milita, vai trabalhar lá... até mora embaixo da lona preta.
É como na minha geração. Claro, os estudantes estavam nas ruas... mas quem foi lutar? Uma minoria. As pessoas estavam adorando que o Brasil estava se tornando uma sociedade de consumo. A grande maioria, enquanto teve o milagre brasileiro, estava indo para os shoppings.
Talvez o que aconteça hoje, como não existe a ditadura, é que os jovens se envolvam em vários tipos de militância. A militância ecológica agrega muita gente. E não que eles tenham uma visão de esquerda, anticapitalista, revolucionária... talvez não tenham. Mas eles estão interessados na discussão política do meio ambiente. Porque está mais perto, é mais fácil de compreender, exige menos debate teórico, não sei por quê... mas esse é um campo de militância do jovem. Assim como as lutas pelos direitos individuais, antirracistas, por reconhecimento de homossexuais... Agora, essas lutas são fáceis do capitalismo absorver. A luta anticapitalista no Brasil ainda é confusa. O MST é uma exceção. Nessa crise, por exemplo, um grupo de estudantes acampou no Anhangabaú (Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo), tentando fazer algo como o que aconteceu em Wall Street, nos Estados Unidos. Mas aqui não tem efeito nenhum. Basta a imprensa ignorar e a polícia intimidar que o assunto não existe.
E não precisa muito para a polícia, principalmente a de São Paulo, “intimidar”. O que significa: partir para a pancadaria?
Olha, não existe mais um Doi-Codi aqui em São Paulo. Mas a polícia paulistana é tão violenta quanto. Mata, tortura e há uma indiferença da sociedade em relação a isso. Esse movimento que houve agora na USP não era, como muitos colunistas de jornal falaram, um movimento de jovenzinhos mimados. Eles estão lutando contra a falta de direitos. É confuso, evidente, porque não ter polícia no campus é controverso, pois teve até assassinato lá... Mas a questão é o modo como a polícia age. Não tem uma passeata que não seja dissolvida com porrada, gás de pimenta, cassetete... São Paulo, nesse ponto, é o estado mais conservador do país. E o que me assusta é que a violência é grave e a sociedade fica indiferente. No período militar, tinha uma parte da população que era indiferente também. Tinha uma parte que até apoiava a violência, achava ótimo que apanhassem os comunistas. Mas também tinha uma parte que não apoiava a violência, que não estava indiferente, mas que tinha medo. Hoje não é pra ter todo esse medo de se manifestar. Tudo bem, a polícia pode chegar, jogar gás de pimenta... mas pouca gente se manifesta. Na última passeata na avenida Paulista, não sei se foram uns 3 mil estudantes, mas é pouco. Podia ter uma passeata de 50 mil.
A violência – e a indiferença da sociedade – são mais marcantes no campo, onde a luta de classes é mais selvagem?
A região do agronegócio é um assunto à parte. No livro O que resta da ditadura, uma série de ensaios publicados pela editora Boitempo – esse livro vale ser citado, o leitor que puder deve ler – faz uma análise exatamente disso. Como uma ditadura que termina sem nem um tipo de investigação, de punição, deixa muitos restos. Tem um dado de uma pesquisadora estadunidense que diz que o Brasil, de todos os países que passaram por uma ditadura na América Latina, é o único onde a violência policial aumentou, em vez de diminuir. Só que não é mais contra estudantes, não é mais contra supostos subversivos... é contra pretos, pobres, favelados, contra gente fumando maconha, é o cara do exército que se acha desacatado pelo menino do morro...
A violência de classe no Brasil sempre existiu. Sérgio Buarque de Holanda nos mostrou o que os donos dos escravos faziam dentro de suas terras, por conta própria, a crueldade com os escravos... e a polícia não entrava. O fazendeiro, o senhor de engenho, dentro do seu pequeno feudo, fechado, era rei, policial, juiz. E o Estado não invadia, por uma questão de conluio. O pacto de classes no Brasil colonial e pós-colonial permitia, por exemplo, que o pai de família rural prendesse a filha desvirginada no quarto pro resto da vida... Sem falar nas revoltas populares que foram massacradas durante o período pré-independência. E a gente aprende na escola que a independência se deu sem sangue, dom Pedro lá, bonitinho, no cavalo... Por isso que eu coloquei no meu livro que o Brasil é afetivo, encantador, violento, tenebroso.
A que causas você atribui o aumento da violência?
Eu não sei analisar se a violência está aumentando. O que me preocupa mais, como disse, é a indiferença das pessoas em relação à violência. O que talvez esteja mais acentuado, e eu acho que isso tem a ver com os apelos da sociedade de consumo, é a violência dita banal. A violência que tem a ver com o jovenzinho que para no farol e começa a disputar com o outro quem põe o som mais alto, e acaba em racha, e acaba em tiro... e atropela gente que não tem nada a ver com isso. A violência do sujeito que acha que para se incluir tem de ostentar algum tipo de poder que lhe é conferido por uma mercadoria. Então ele pode matar para roubar um tênis, ou, quando ele consegue um carro, tem que ir até o limite de velocidade e arrisca as pessoas, não agüenta um pequeno confronto de trânsito e já sai para brigar. É o modo como nós estamos cada vez mais definindo quem nós somos, a nossa qualidade humana, pelas mercadorias e as disputas que isso promove.
E olha que interessante... no tempo do império, a segregação pelos signos de poder era tremenda. A roupa que cada um podia usar, o tecido que podia comprar, se andava de carruagem ou de cavalo... Ou seja, a segregação pelo que você pode ter existe em toda sociedade de classes. E talvez já tenha sido até mais forte. Muito poucos podiam ostentar ou desfrutar de benefícios e privilégios e a maioria não desfrutava nem de direitos. Os direitos estão se expandindo.
Inclusive o direito a integrar a sociedade de consumo.
Isso é curioso. Há um ponto includente, na sociedade de consumo. Por exemplo, a não ser que seja um garoto que só compra roupas de marcas importadas, não tem muita diferença entre o que usa um filho de família de classe média e o filho da empregada dessa família. Essas evidências eram muito mais fortes antes, havia menos mercadoria quando as roupas eram muito caras. Talvez por isso é que as pessoas briguem com mais violência por aquilo que as distingue. O filhinho de papai porque tem outro cara com um carrão e ele quer se sobressair. Ou o jovem de classe C, que pode comprar seu primeiro carro, e de repente acha que pode sair perseguindo os outros... Eu digo carro porque, dentro da sociedade de consumo, a propaganda de carro eu acho um horror! Na propaganda de bebida, o máximo que pode ter de segregação é: você comprou a marca X porque não sabia que a marca Y era melhor, então você é um otário. Mas a cerveja qualquer um tem dinheiro pra comprar. Agora, o carro... o cara passa com o carro e todo mundo fica babando a pé... o flanelinha disputa com o outro o direito de guardar o carro do playboy... o cara adora provocar inveja... o carro lhe basta, o mundo pode estar caindo lá fora... é o máximo da convocação para você não ter nenhum tipo de solidariedade com ninguém.
Uma apologia ao individualismo? E, daí, a indiferença em relação ao coletivo?
Um pouco isso. Mas temos de ver que o individualismo tem suas vantagens. Por isso eu não usei essa palavra. Por exemplo, o individualismo que tem a ver com liberalismo eu acho que traz ganhos mesmo na sociedade pós-capitalista, que eu não vou chamar de comunista, mas talvez de socialista, no sentido amplo. Eu espero que esses direitos individuais não se percam. Nós, que somos mulheres, sabemos os ganhos que tivemos com o individualismo. Que cada um possa escolher seus destinos, que cada um possa fazer suas opções sexuais, decidir se vai formar família ou não, que se possa ser mãe solteira, ser mãe por inseminação artificial, não ser mãe... sem ser a escória da sociedade! Que gente rica possa escolher trabalhar com o MST ou ir para comunidades indígenas na Amazônia. A riqueza das diferenças individuais é um ganho do capitalismo liberal, que a gente chama de individualismo. Ao mesmo tempo, o individualismo é nefasto quando lança as pessoas em uma luta de todos contra todos.
Os brasileiros e a sociedade brasileira têm recursos para trabalhar as “dores” do Brasil?
Sim, sem dúvida. Políticas públicas são saídas possíveis, mas precisa haver movimento social que pressione por essas políticas. Uma coisa que talvez tenha sido um problema no governo Lula é que muita gente que se mobilizava até então se sentiu assim: “ah... conseguimos eleger o Lula e as coisas vão acontecer”. Houve uma desmobilização e o próprio estilo de governar do Lula contribuiu para isso. “Deixa que eu cuido... calma, gente, as coisas não podem ser tão rápidas...” Esse estilo de governar eu acho um problema, politicamente. Embora ele tenha sido um grande governante do ponto de vista administrativo. Mas, politicamente, ele se colocar como um “pai” – aí vem aquela história... a gente não pode sempre dizer sim para os filhos. Enfim, ele ajudou muito a desmobilizar. Tudo bem, o papel dele não era mobilizar. Mas era acolher a mobilização. E tem também o crescimento econômico, que desmobiliza. Houve a inclusão econômica de muita gente, pelo menos da classe C, que contribuiu também para desmobilizar. As pessoas se interessam menos pelas outras lutas na hora em que elas começam a ter oportunidades individuais. Começam a cuidar de suas vidas, a fazer suas revoluções individuais. De um modo geral, as pessoas lutam muito pouco por idealismo. E, na maior parte das vezes, só quando a água bate no pescoço. Aí é que acontece a grande luta. O importante é que quem está se mobilizando tenha inteligência política suficiente para saber que pontos políticos podem mobilizar, como é que se dialoga com a sociedade mobilizada. Para articular, para angariar aliados. Senão ficam pequenos guetos de manifestações que ou são reprimidos ou não falam com ninguém. A questão toda, na essência, é fazer política.

Serviço
Título: 18 crônicas e mais algumas
Autora: Maria Rita Kehl
Editora: Boitempo Editorial
Páginas: 160
Preço: R$ 30,00


Dois Pesos
(Trecho do artigo que causou o cancelamento da coluna de Maria Rita Kehlno jornal O Estado de São Paulo)
“Depois do segundo turno de 2006, o sociólogo Hélio Jaguaribe escreveu que os 60% de brasileiros que votaram em Lula teriam levado em conta apenas seus próprios interesses, enquanto os outros 40% de supostos instruídos pensavam nos interesses do país. Jaguaribe só não explicou como foi possível que o Brasil, dirigido pela elite instruída que se preocupava com os interesses de todos, tenha chegado ao terceiro milênio contando com 60% de sua população tão inculta a ponto de seu voto ser desqualificado como pouco republicano. Agora que os mais pobres conseguiram levantar a cabeça acima da linha da mendicância e da dependência das relações de favor que sempre caracterizaram as políticas locais pelo interior do país, dizem que votar em causa própria não vale. Quando, pela primeira vez, os sem-cidadania conquistaram direitos mínimos que desejam preservar pela via democrática, parte dos cidadãos que se consideram classe A vem a público desqualificar a seriedade de seus votos.”

Trechos do livro
Os vira-latas do Bumba

“No morro do Borel, 150 pessoas – somente desabrigados e seus familiares– fazem protesto contra a precariedade de sua condição e exigem a presença do poder público. Manifesto do Comitê de Mobilização e Solidariedade das Favelas de Niterói critica a especulação imobiliária que expulsa as famílias pobres dos bairros para as encostas e contribui para a deterioração do meio ambiente. E exige ‘... compromissos com os problemas públicos, que nos respeitem como cidadãos e seres humanos’. Não faltarão autoridades para acusar os poucos que se mobilizam para protestar de politizarem a questão. Uai: mas a questão não é política? Querem que acreditemos que viver sobre um velho lixão (há 17 mil pessoas emc ondições semelhantes na Grande São Paulo) é uma situação... natural? Nós somos os derrotados que não conseguem chorar. Vivemos, todos, sobre uma espécie de lixo mal soterrado. Antigamente se chamava entulhoautoritário. Somos o cachorrinho do morro do Bumba, salvos por um triz, sem entender o que temos a ver com aquela bagunça toda.”
Tortura, por que não
“Encaremos os fatos: a sociedade brasileira não está nem aí para a tortura cometida no país, tanto faz se no passado ou no presente. Pouca gente se manifestou a favor da iniciativa das famílias Teles e Merlino, que tentam condenar o coronel Ustra, reconhecido torturador de seus familiarese de outros opositores do regime militar. Em 2008, quando o ministro da Justiça Tarso Genro e o secretário de Direitos Humanos Paulo Vanucchi propuseram que se reabrisse no Brasil o debate a respeito da (não) punição aos agentes da repressão que torturaram prisioneiros durante a ditadura, as cartas de leitores nos principais jornais do país foram, na maioria, assustadoras: os que queriam apurar os crimes foram acusadosde ressentidos, vingativos, passadistas. A culpa pela ferocidade da repressão recaiu sobre as vítimas.”
Tristes trópicos
“A concentração de terras e a produtividade do agronegócio, boas para enriquecer algumas poucas famílias, não são necessárias para o aumento da riqueza ou para sua distribuição no campo. Nem para alimentar os brasileiros. A agricultura familiar – pasmem: emprega mais, paga melhor e produz mais alimentos para o consumo interno do que o agronegócio. Verdade que não rende dólares, nem aos donos do negócio nemaos lobistas do Congresso. Mas alimenta a sociedade. Vale então perguntar quantos brasileiros precisam perder seus empregos no campo, ser expulsosde seus sítios para viver em regiões já desertificadas e improdutivas,quantas gerações de filhos de ex-agricultores precisam crescer nas favelas, perto do crime, para produzir um novo-rico que viaja de jatinho e manda a família anualmente pra Miami. Quanto nos custa o novo agromilionário sem visão do país, sem consciência social, sem outra concepção política senão alimentar lobbies no Congresso e tentar extinguir a lutados sem-terra pela reforma agrária”

 

sábado, 21 de janeiro de 2012


A Escola dos meus Sonhos - Frei Betto


Na escola dos meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar, consertar eletrodomésticos, a fazer pequenos reparos de eletricidade e de instalações hidráulicas, a conhecer mecânica de automóvel e de geladeira e algo de construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas de escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e tocam na orquestra. Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de lixeiros, enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres, feirantes e cozinheiros profissionais. Assim aprendem como a cidade se articula por baixo, mergulhando em suas conexões que, à superfície, nos asseguram limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.

Não há temas tabus. Todas as situações-limite da vida são tratadas com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte, enfermidade, sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do contexto: a Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos leilões das privatizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV e nos textos de jornais; a Geografia, nos suplementos de turismo e nos conflitos internacionais; a Física, nas corridas de Fórmula-1 e nas pesquisas do supertelescópio Huble; a Química, na qualidade dos cosméticos e na culinária; a História, na violência de policiais contra cidadãos, para mostrar os antecedentes na relação colonizadores - índios, senhores - escravos, Exército - Canudos, etc.

Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os professores de Biologia e de Educação Física se complementem; a multidisciplinaridade faz com que a História do livro seja estudada a partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz aulas de meditação e dança e associa a história da arte à história das ideologias e das expressões litúrgicas. Se a escola for laica, o ensino religioso é plural: o rabino fala do judaísmo, o pai-de-santo, do candomblé; o padre, do catolicismo; o médium, do espiritismo; o pastor, do protestantismo; o guru, do budismo, etc. Se for católica, há periódicos retiros espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja. Na escola dos meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da competência, comungam os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que sejam democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas cidadãos.

Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos vídeos de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A publicidade do iogurte é debatida; o produto adquirido; sua química, analisada e comparada com a fórmula declarada pelo fabricante; as incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores porventura nocivos à saúde. O programa de auditório de domingo é destrinchado: a proposta de vida subjacente, a visão de felicidade, a relação animador-platéia, os tabus e preconceitos reforçados, etc. Em suma, não se fecham os olhos à realidade, muda-se a ótica de encará-la. Há uma integração entre escola, família e sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As eleições para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e, um mês por ano, setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e seus discursos analisados e comparados às suas práticas.

Não há provas baseadas no prodígio da memória nem na sorte da múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de Lima, professor de História (hoje romancista e membro da Academia Brasileira de Letras), no dia da prova sobre a Independência do Brasil, os alunos traziam para a classe a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos, aprendendo a pesquisar. Não há coincidência entre o calendário gregoriano e o curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos, dependendo de sua disponibilidade, aptidão e seus recursos. É mais importante educar do que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que ascender à elite. Dentro de uma concepção holística, ali a ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa unidade corpo-espírito e o enfoque curricular estabelece conexões com o noticiário da mídia.

Na escola dos meus sonhos, os professores são bem pagos e não precisam pular de colégio em colégio para se poderem manter. Pois é a escola de uma sociedade em que educação não é privilégio, mas direito universal, e o acesso a ela, dever obrigatório.

Frei Betto é escritor, autor do romance "O Vencedor" (Ática), entre outros livros.

 terça-feira, 2 de outubro de 2012


A escola é o lugar que atrasa o século 21’



Não importa muito como ela seja chamada: educação 3.0, educação para o século 21, educação para a vida. Mas a verdade é que muitos educadores já perceberam que os sistemas educacionais precisarão se adaptar se quiserem formar alunos capazes de lidar com a quantidade de informação hoje acessível, hábeis em administrar problemas cada vez mais complexos e prontos para serem atuantes em um mercado que exige habilidades que não ensinadas nos livros. Cientes desse descompasso entre o que a escola oferece e o que o mundo exige, um grupo de especialistas decidiu formar o Gelp (Global Education Leaders’ Program) para discutir problemas reais de sistemas educacionais espalhados pelo mundo e suas possíveis soluções.
“Não há uma resposta única nem um só modelo a ser seguido”, diz David Albury, diretor de design e desenvolvimento do Gelp. O britânico, que foi conselheiro do primeiro-ministro para assuntos estratégicos entre 2002 e 2005, vem conversando com alunos e educadores e conhecendo modelos em todo o mundo. Diante do que tem visto, Albury encontra três tendências importantes para a educação do século 21: personalização, aprendizado baseado em projetos e avaliação por performance.
crédito Jeanette Dieti / Fotolia.com

A personalização, explica ele, não quer dizer necessariamente a adoção de plataformas educacionais on-line, mas a configuração do aprendizado para necessidades de cada aluno. “A tecnologia é parte essencial nesse processo, mas não é o processo”, afirma ele. Como exemplo de escola que desenvolve um ensino personalizado, Albury cita a escola sueca Kunskapsskolan, em que os alunos desenvolvem, com a ajuda de tutores, seus planos individuais de estudo adequado às suas paixões e afinidades, com metas claras, que podem ser acompanhadas ao longo do ano.
O aprendizado baseado em projetos, afirma Albury, tem sido uma escolha que escolas ou grupos de escolas têm feito para desenvolver habilidades nos alunos de maneira menos “compartimentalizada”. Nessa abordagem, os alunos precisam desenvolver um projeto e, durante o processo, aprendem conceitos das mais diversas disciplinas, trabalham em equipe, tomam decisão. Apesar de ser uma tendência, diz o britânico, ele não conhece nenhum sistema público de ensino que use o formato em todas as suas escolas. “Não precisa ser adotado em sistemas inteiros. Isso pode acontecer de forma piloto”, afirma. “Não podemos esperar que os sistemas já comecem perfeitos. Leva tempo para acertar, as pessoas cometem erros.”
Já sobre as avaliações por performance, afirma ele, surgem na tentativa de medir e reconhecer habilidades que os testes de múltipla escolha não conseguem. “Como é que eu avalio se um aluno é criativo? Ou se ele é bom em resolver problemas da vida real?”, pergunta Albury. Essa questão, que tem afligido líderes educacionais de todo o mundo, não está respondida, mas há algumas tentativas, diz o inglês, de usar colegas, família e comunidade na construção de novas formas de avaliar.
crédito Porvir

Outra realidade que tem se tornado cada vez mais clara é que processos educativos muito ricos têm ocorrido fora da escola. Albury conta que esteve em uma reunião com alunos canadenses de 13 anos. Um deles lhe disse: “Quando eu venho para a escola, eu sinto que eu estou sendo desempoderado. Fora da escola, eu tenho acesso a várias fontes de informação. Na escola, eu tenho um professor, um livro, talvez um computador”. Um colega dele concluiu: “A escola é o lugar que atrasa o século 21”.
Trazer a educação que ocorre fora da escola para dentro é um desafio a mais para os professores, que precisam remoldar a forma como lidam com o ofício. “É também uma questão de identidade dos professores.” Para tanto, a participação das universidades é fundamental. Nesse quesito, diz o especialista, a demografia do Brasil é mais favorável do que a de países europeus, onde há poucos professores se formando e muitos estão em atividade há muitos anos. “Mais difícil do que aprender é desaprender”, afirma Albury.
Equipe brasileira
Formado há quatro anos, o Gelp começou com quatro membros: Ontário (Canadá), Nova York (EUA), Vitória (Austrália) e Inglaterra. No ano passado, o Brasil passou a fazer parte do Gelp, que hoje já tem 13 membros, entre cidades, estados e países. Entre os representantes brasileiros estão a Secretaria Municipal do Rio e as estaduais de São Paulo, Goiás e Pernambuco. Os participantes se encontram duas vezes por ano e, virtualmente, compõem uma rede com atividades ao longo do ano. Em novembro, o Rio de Janeiro será anfitrião do segundo encontro de 2012.


Comentário recebido via e-mail

Gostei muito das respostas dos alunos. Quando damos a eles a fala conseguimos avaliar as mudanças de vários ângulos. Precisamos acordar e rápido.
Edjane

 sábado, 22 de março de 2008


A Escola fortalecendo a Cidadania Cultural.

* José de Oliveira Santos(Zezito)
Artigo escrito em 2001


Durante alguns anos como dirigente da Associação dos Moradores do Bairro América - AMABA, pude estabelecer contato com setores ligados ao movimento artístico e intelectuais de Aracaju. Esta aproximação se deu em virtude da necessidade de trabalhar aspectos da cultura, objetivando o reforço da auto estima da população daquele bairro, tão discriminado pelos setores dominantes e infelizmente reforçado por uma parcela bastante ampla dos próprios moradores.

A memória escrita e fotográfica deste trabalho confirma a realização de diversas oficinas culturais, exibição de filmes e vídeos e semanas de arte (1987 e 1988). O sucesso crescente dessas iniciativas vem culminar em 1989, com a aprovação de auxilio financeiro por parte de duas agências de fomento a projetos sociais: Cese (Coordenadoria Ecumênica de Serviço) e Visão Mundial ao Projeto Reculturarte.

Este, nasceu da reflexão feita por alguns componentes da AMABA, em conjunto com o Centro Sergipano de Educação Popular (CESEP), grupos de jovens da Igreja São Judas Tadeu e posto de extensão da FEBEM, no bairro América.

Enquanto cidadão (adolescente ainda) me acostumei na freqüencia a espaços culturais. O fato de ter morado durante muitos anos no Rio de Janeiro, mais especificamente na baixada fluminense, favoreceu este hábito. Das melhores coisas me recordo com saudade: das idas inúmeras ao teatro do SESC e teatro João Caetano, da apresentação de musica clássica do projeto aquarius, promovido pelo jornal O Globo, a biblioteca nacional, a cinemateca do MAM, aos shows Primeiro de Maio (inclusive o de 1981 em que uma bomba explodiu no colo de um militar de direita) etc... Isto tudo, mesmo morando na periferia e ser aluno da escola publica.

Nesta ultima situação foram pouco os momentos em que fui estimulado a prática e a apreciação das diversas formas do fazer artístico. A lembrança mais forte é a apresentação de “Cinderela” por um grupo de teatro de bonecos, e de uma aula-espetáculo de um grupo musical, infelizmente não me recordo do gênero.

Como estudante universitário (entrei na Universidade Federal de Sergipe - UFS em 1990), no ano em que as atividades culturais estimuladas por aquela universidade estavam em decadência, ao contrario dos anos anteriores quando o campus foi um celeiro de artistas para a cultura sergipana, ainda pude ter o prazer de me deliciar(antes de entrar na universidade) com a melhor produção da cultura nordestina, através do Festival de Arte de São Cristóvão, uma das iniciativas mais brilhantes da UFS nos anos 70/80.

O resultado disto e mais as leituras de alguns brasileiros, como Darci Ribeiro, apaixonados pelo povo e pela cultura deste país, é que me tornei um cidadão preocupado e disposto a enfatizar os aspectos mais significativos da cultura brasileira, como elemento constitutivo do esforço para a construção de uma sociedade menos desigual. Segundo Darci:

“Não se tem em nenhum lugar do mundo uma nação feita com base na miscigenação.(...) A massa principal dos brasileiros é feita disso. Uma gente de uma beleza extraordinária, que guarda o patrimônio de talentos corporais do índio e do negro, a sabedoria imensa do índio sobre a floresta e que guarda do negro a imensa espiritualidade. Isso dá ao Brasil um élan. É um povo capaz de fazer coisas incríveis.” (Entrevista concedida ao Jornal do Brasil)

O problema é que infelizmente não estamos habituados a valorizar as nossas raízes negras e indígenas, o que contribui enormemente para um sentimento de inferioridade em relação aos países europeus e norte-americanos. Chegamos até a reforçar a idéia de que os motivos do nosso atraso é exatamente esta herança cultural, há quem afirme ainda hoje que se o país fosse colonizado pelos ingleses ou franceses seriamos uma nação desenvolvida, esquecendo que a maioria das ex-colonias inglesas e francesas tanto na África como na Ásia e na própria América, estão em condições semelhantes ou piores que as nossas. È incrível como adoramos falar mal de nós mesmos, segundo o jornalista Fernando Rosseti:

“Talvez nenhum outro país tenha uma falta de auto-estima tão grande. Ignorante, despreparado, analfabeto são adjetivos suaves com que o brasileiro se autoclassifica. O preconceito é ainda mais forte nas classes média e alta, que fazem questão de reafirmar constantemente sua superioridade em relação ao “povão”(...) Se o bate-papo for entre professores ou educadores, o amargor não tem limites: “Os alunos não querem nada”, “Esse povo não se interessa por Educação”. Não faltam críticas nem mesmo aos professores “despreparados”, “desinteressados”.

Uma das lembranças mais fortes do preconceito contra as raízes culturais negras é a das criticas feitas aos cariocas e baianos justamente aqueles que trazem no corpo, nos ritmos, na devoção aos orixás as marcas mais fortes da ancestralidade africana. Lembro da imagem de “irresponsável”, “festeiro”, “malandro” com a qual o baiano é estigmatizado pelo sergipano, da mesma forma como o carioca o é pelo paulista.
Isso se repete também em relação as áreas de moradia, como no Brasil Colonial, a “casa grande” de hoje, que são os bairros da zona sul referem-se aos bairros da “periferia”, que são as senzalas de hoje com os adjetivos mais desqualificados.

No entanto, é da periferia ou das “senzalas” de hoje, que vemos surgir os principais responsáveis pela nossa alegria nas tão aguardadas noites de sábado, quando nos dirigimos para os bares ou casa de shows, ou nas jovens tardes de domingo quando nos sentamos junto ao sofá, para ver o Faustão ou o Gugu ou para ouvir os cds dos grupos de pagode, reggae, rap ou os artistas da MPB.

E a alegria não é só nossa é também dos moradores dos morros, das favelas, das “baixadas fluminenses” espalhada pelo Brasil afora, quando assisto ou ouço o grupo Cidade Negra, como é bom ver gente do lugar onde morei e com o qual me identifico fazendo bonito no Brasil e no mundo. É bom se ver num espelho que apresente os descendentes dos negros e dos índios como seres capazes de criar beleza mostrando a outra cara de um mundo onde dizem, só tem violência e miséria.

E a escola pública, como se tem posicionado diante disto tudo? Muitos professores são originários da classe média, o pensamento de uma parcela significativa reproduz a visão preconceituosa e elitista da classe dominante, o mesmo se sucede com a maioria dos pais e alunos que tem vergonha do que são e do lugar onde moram. Além dos meios de comunicação, outro responsável por tudo isso e a própria escola que tem a sua estrutura de gestão e currículos organizados de forma ultrapassada e não condizente com o atual estagio de desenvolvimento da sociedade.

É bem verdade que alguma coisa mudou, em passado não tão distante, os livros didáticos de Historia apresentavam os índios como preguiçosos pela recusa em se deixar explorar, para o enriquecimentos dos portugueses.

Quanto aos negros, nunca houve e ainda não há preocupação com o estudo sobre o continente africano. Sobre Zumbi e a luta dos quilombos somente há poucos anos é dado algum destaque. A propósito da capoeira, só uma citação como traço de uma herança cultural, estimular e apoiar a prática nem pensar. Se não fosse o movimento de conquista do espaço escolar vindo de fora para dentro da escola, dificilmente teríamos algo semelhante em termos de dança afro dentro das unidades de ensino. O reggae e o rap, duas importantes formas de expressão cultural dos jovens negros da periferia, passam bem distante da preocupação da maioria dos profissionais da educação.

Apesar disso, ainda bem que alguns sinais positivos de uma mudança de caminhos já começam a se fazer notar . Na década de 90, do século passado, a perspectiva de abordagem da escola como um espaço sociocultural e os sujeitos que nela atuam como portadores de diferentes identidades, assume uma dimensão maior. Acredito que desta maneira a escola se encontra em condição de um diálogo mais profícuo e duradouro com aqueles que as freqüentam.

Assumindo com vontade e decisão este papel, aquilo que tem chegado com maior intensidade para dentro da escola que é a violência física, poderá ser atenuada quando as causas forem discutidas e reapresentadas em forma de ações educativa, que certamente terão na arte um canal privilegiado. Uma experiência realizada em Salvador merece ser apresentada para dar uma idéia bem real de como esta mudança pode ser operada:

"Afinal, quem é a escola senão as pessoas que a compõem? Cadeiras e carteiras quebradas. Alunos desinteressados. Paredes riscadas. Professores atrasados, desanimados. Janelas sem vidro. Banheiros sem pias. Este cenário é familiar para você? Provavelmente, sim. É comum para milhares de escolas espalhadas pelo Brasil afora.

Na Bahia também. Lá, porém, esse quadro que mais parece uma praça de guerra depois da batalha, mas que na verdade é uma escola, virou pano de fundo para uma história de amor. A história de Ritinha e Sinval. Ela é representante de classe, boa aluna. Ele, o bagunceiro, da turma do fundão. Os dois, tão diferentes, se apaixonam. E começam a construir um presente diferente: junto aos amigos, aos professores, a cadeiras, carteiras, paredes, janelas, enfim, à escola.

A história de Ritinha e Sinval é ficção. É o enredo da peça Cuida Bem de Mim, a partir do projeto Quem Ama Preserva. O projeto é uma parceria do Liceu de Artes e Ofícios e da Secretaria de Educação da Bahia, que desenvolveu oficinas de teatro com 570 alunos e 310 professores da rede pública de ensino baiana sobre a depredação das escolas.

Depois do trabalho com estudantes e educadores, foi escrito o texto da peça. Os autores Luiz Marfuz e Filinto Coelho têm longa experiência em teatro.
Marfuz conta que, antes das oficinas, sua idéia de escola se resumia ao espaço físico das salas de aula e corredores. Com a experiência, percebeu que o problema era mais profundo. Incluía a destruição institucional da escola, das relações pessoais, dos papéis mal desempenhados por diretores que não dirigem, professores que não ensinam e alunos que não aprendem.

È uma situação que se repete em cada sala de aula do Distrito Federal, no Rio, em São Paulo, em Minas, no Rio Grande do Sul, no Ceará, no Pará e na Bahia falta então transformar a história de Ritinha e Sinval em realidade. Falta fazer baile, fazer música, fazer teatro, fazer arte, fazer jornal na escola. Fazer do quebra-quebra, do descaso, do desinteresse uma história de amor. Quem se habilita?”

Sem dúvida o processo de mudanças desencadeado por esta postura levará a transformação da visão do mundo de todos os sujeitos envolvidos. Inclusive o preconceito contra a população da periferia e a baixa auto-estima dos moradores. Da mesma forma como o comportamento dos alunos também será afetado de forma positiva, assumindo posturas de maior diálogo e cooperação com colegas e professores com reflexos, inclusive, na melhoria dos indicadores de aprendizagem. Embora o caminho para chegar até lá seja árduo e longo.

Lorene dos Santos, em sua dissertação de mestrado sobre a mudança do currículo de História, na perspectiva abordada acima, destaca o seguinte:

“A idéia de que a história deveria promover um diálogo entre diferentes culturas / temporalidades, num contraponto permanente entre presente / passado, também parte da perspectiva de que é pela contraposição com a diferença que se constrói a identidade. Além disso, a idéia de se trabalhar com a realidade vivenciada cotidianamente, problematizando-a, buscando compreendê-la a partir de sua historicidade, seria uma forma de resgatar as várias dimensões de identidade das quais os sujeitos da aprendizagem são portadores. Nesse sentido, questões relativas a gênero, etnia, faixa etária e tantas outras, parecem encontrar, no ensino da história, um campo fértil para a sua problematização.”

No entanto, existe um sério obstáculo para isso se tornar possível, citando outro autor Lorene dos Santos apresenta a seguinte questão:

“...os professores alegam pouco preparo para abordar questões que tratam de discriminação, preconceito, diferenças culturais, em sala de aula. Uma pesquisa, efetuada com docentes da área de História, Estudos Sociais, mostrou que a falta de formação e informação é apontada como um dos principais obstáculos para abordar esses temas. (PINTO, 1993: 44)”

Embora a citação privilegie a disciplina História, por se tratar de um estudo sobre o ensino desta matéria na rede escolar de Belo Horizonte, é evidente que todos os aspectos relacionadas a questão da identidade (gênero, etnia, faixa etária, religião) diz respeito a todas as outras disciplinas.

Para o professor e/ou estudante interessados em tornar a escola um espaço de criação e liberdade, lugar onde a diferença seja conhecida e valorizada, as alianças para tornar realidade este desejo parecem fortalecidas. Digo “parecem” porque, infelizmente, na maioria das vezes, aquilo que representa um avanço em termos de legislação e de documentos oficiais não é assumido de forma efetiva pelos estratos mais baixos da hierarquia do poder. Basta lembrar da ausência de uma proposta permanente de atualização, para os professores da rede publica de ensino em nosso estado, visando suprir as demandas colocadas que colocamos em destaque A Lei de Diretrizes e Bases, entre outros exemplos, destacamos o Art. 26 § 4º.

“O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia.”

Este ponto de vista é fortalecido pelo tema transversal “Pluralidade Cultural” contido nos documentos dos PCNs:

“Para viver democraticamente em uma sociedade plural é preciso respeitar e valorizar a diversidade étnica e cultural que a constitui. Por sua formação histórica, a sociedade brasileira é marcada pela presença de diferentes etnias, grupos culturais, descendentes de diversas nacionalidades, religiões e línguas.(...) Essa diversidade etnocultural freqüentemente é alvo de preconceito e discriminação, atingindo a escola e reproduzindo-se em seu interior. A desigualdade que não se confunde com a diversidade, também está presente em nosso país como resultado da injustiça social. Ambas as posturas exigem ações efetivas de superação”.

E é neste sentido que propomos o projeto “Circuito Cultural Arte e Cidadania nas Escolas” que objetiva formar núcleos de cultura e cidadania para contribuir para que os anseios de uma escola mais inclusiva, plural e prazerosa se torne realidade, contribuindo para que as distancias entre as palavras e os atos sejam abreviadas o mais rapidamente possível, para o bem de todos e felicidade geral da nação.
* É Professor de Historia e Educador Popular

  PROGRAMA SALTO PARA O FUTURO - TV ESCOLA.

FORMAÇÃO CULTURAL DE PROFESSORES - PGM.1 - QUESTÕES TEÓRICAS - AQUI

 Sinopse

Aborda uma questão que se apresenta quando são discutidos os saberes necessários à docência: além dos conteúdos específicos de sua disciplina, é fundamental que o professor tenha parâmetros estéticos mais amplos e, para isto, é importante que ele tenha uma sólida formação cultural.

SALTO PARA O FUTURO - FORMAÇÃO CULTURAL DE PROFESSORES - PGM.2 - CULTURA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES. AQUI

 SALTO PARA O FUTURO - FORMAÇÃO CULTURAL DE PROFESSORES - PGM.3 - EXPERIÊNCIAS ESTÉTICAS E LINGUAGENS ARTÍSTICAS - AQUI

SALTO PARA O FUTURO - FORMAÇÃO CULTURAL DE PROFESSORES - PGM.4 - OUTROS OLHARES - AQUI 

 SALTO PARA O FUTURO - FORMAÇÃO CULTURAL DE PROFESSORES - PGM.5 - DEBATE - AQUI


Fórum de Ciência e Cultura (FCC)

O Fórum de Ciência e Cultura (FCC) visa promover o debate dos estudos referentes ao progresso dos vários setores do conhecimento. É também seu propósito a difusão científica e cultural do patrimônio histórico, cultural, artístico e da natureza brasileira, além da preservação e expansão do mesmo. Para alcançá-los, a atual gestão (2011-2014) - sob a Coordenação do professor Carlos Vainer - retoma, de forma mais sistemática, consistente, coletiva e institucional, a discussão acerca da formulação e implantação de uma política cultural para a UFRJ que busque contemplar, de maneira abrangente e articulada, as áreas de produção e difusão cultural, artística e científica, bem como de museus, acervos e patrimônio.
Assim, de agosto a novembro de 2012 a comunidade acadêmica pôde participar dos debates promovidos pelo seminário Você faz Cultura – Por uma Política Cultural, Artística e de Difusão Científico-Cultural da UFRJ. O evento reuniu cerca de 500 participantes e recolheu 160 propostas que ajudaram a formatar o documento final que será encaminhado ao Conselho Universitário (Consuni) para aprovação em fevereiro de 2013. A Coordenação do FCC considerou o Seminário uma rara possibilidade de resgate e articulação da reflexão amadurecida ao longo de anos para a construção de uma política cultural para a UFRJ, afora a oportunidade de elaboração conjunta de estratégias de difusão do conhecimento mais ousadas, organizadas, críticas e transformadoras.
As determinações do Fórum de Ciência e Cultura têm como referência iniciativas similares na UFRJ, em particular a que deu origem ao documento Cidade Universitária, Cidade do Conhecimento – Uma Proposta de Política Cultural, Artística e de Difusão Científico-Cultural para o Plano Diretor UFRJ 2020, relatório preliminar do Subcomitê Cultura e Museus, de 20 de março de 2009, aprovado pelo Consuni em novembro de 2010.

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Panorama IPEA - Cultura e Educação nas Escolas.
Assista AQUI 

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Site mapeia iniciativas educativas perto de escolas

Fonte: Site Catraca Livre

Do Redação Na Rua em 26/10/12
Por Marjorie Ribeiro, do Portal Aprendiz
Se a formação de um indivíduo extrapola os limites da escola, como identificar os espaços culturais e educativos de uma comunidade para que eles se articulem, potencializando as práticas de educação formal? O CulturaEduca.cc nasce para ajudar a localizar e a integrar essas iniciativas.
A plataforma vai mapear os entornos de 15 mil unidades educacionais da rede pública que integram o programa Mais Educação, do governo federal, que apoia financeiramente as escolas que queiram ampliar não apenas o tempo de permanência dos alunos na sala de aula, mas as suas oportunidades de aprendizagem. O projeto está sendo desenvolvido pelo Instituto Lidas, em parceira com o Ministério da Cultura (MinC) e Ministério da Educação (MEC).
Por meio de uma tecnologia de georreferenciamento está sendo construída uma ferramenta on-line que agrega dados de pontos de cultura, bibliotecas, teatros, museus, centros culturais, além de equipamentos públicos de saúde, esporte e assistência social. A presidente do Instituto Lidas, Inaê Batistoni, explica que o objetivo é cruzar esse conjunto de informações oficiais com a percepção subjetiva dos próprios moradores e dos sujeitos das ações.
Plataforma colaborativa
“A rede será alimentada colaborativamente, ou seja, o usuário poderá cadastrar livremente iniciativas como o sarau do Zezinho, que não está na base de dados oficiais”, afirma. Com isso, o trabalho pretende valorizar o saber popular no processo de ensino-aprendizagem que, para ela, muitas vezes é ignorado pela educação formal.
Serão mapeados os entornos das escolas, em um raio que varia de 2km a 5km, de acordo com a base censitária de cada região – a área delimitada poderá ser modificada posteriormente, caso faça sentido para os moradores. Não haverá restrição ao cadastro, já que a ideia é que o portal seja apropriado pela população e que ela mesma identifique e corrija as informações que não se enquadrem à realidade.
Além disso, o CulturaEduca é produzido com licença Creative Commons para que as informações do portal circulem livremente em prol da própria rede. Segundo Inaê, os primeiros mapas devem estar prontos em dezembro deste ano e os dados devem ajudar também a criar indicadores relacionados às ações de cultura e educação, o que não existe atualmente.
Instrumento pedagógico
E como isso será trabalhado nas escolas? “Isso ainda está em debate, mas a proposta é que a plataforma seja divulgada nas escolas selecionadas como uma ferramenta de subsídio para as próprias atividades do programa Mais Educação”. Com isso, o CulturaEduca pretende constituir-se também como um instrumento pedagógico virtual, em que educadores e alunos podem inserir e consultar, de maneira interativa, informações sobre o território educativo.
Além do mapa interativo, o site contará com fóruns para debates, trocas e produção de metodologias da área. Nesse espaço virtual poderão interagir educadores, produtores culturais, estudantes, gestores de políticas públicas, pesquisadores  e o público em geral.
Para isso, o Instituto Lidas trabalha em parceria com a Casa de Arte de Educar, que tem fomentado uma rede de agentes interessados na área. A instituição desenvolve uma pesquisa-ação em cinco capitais para investigar e apresentar propostas de políticas públicas que articulem cultura e educação.
Assista ao vídeo do projeto
 AQUI

O Chão e a Gira 

Zezito de Oliveira

Texto baseado na fala "inspirada" durante a minha participação no seminário do coletivo investigador para a elaboração do plano integrado de cultura e educação.Iniciativa do MINC e Casa da Arte de Educar, realizado em Recife nos dias 15 e 16 de junho.


O processo educativo precisa aterrar, descer abaixo do chão e subir possibilitando a gira girar de forma bem tranquila.A “crise” da escola advém daí. Quando falamos em aterramento estamos tratando dos saberes de nossos ancestrais, estamos querendo dizer que precisamos buscar referenciais na memória das nossas comunidades , das nossas tribos, dos nossos terreiros, dos povos originários.Deixar a gira girar é garantir um ambiente favorável dentro da escola para liberar corpos e mentes para poderem se relacionar de forma mais sincera e criativa, inclusive com o conhecimento.Por isso não acontecer é que nos deparamos com pessoas completamente perdidas e a mercê dos modismos de ocasião em matéria de valores e comportamentos estimulados, fabricados e /ou disseminados com vistas ao fortalecimento da sociedade materialista, consumista e predatória que nos é imposta pelas elites capitalistas. Portanto, não é preciso temer nada daquilo que é novo ou diferente, desde que seja dedicado uma atenção especial aquilo que vem de muito longe e que nos liga com os elementos naturais e culturais que recebemos das gerações que nos antecederam.Falo das brincadeiras, dos folguedos, dos ritos religiosos, das lendas, não reduzidas a folclore, espetáculo, lazer ou coisa que o valha, mas entendendo que tudo isto é fonte de conhecimentos, significados e saúde. Falo também das águas, das florestas, da terra e do ar.Quando falo em deixar a gira girar, me refiro a possibilidade de recriar, ressignificar ou revitalizar aquilo que herdamos sem medo e sem falsos pudores. Porque a vida está sempre fazendo isso, sob a aparência de algo estático e imóvel, o movimento e a transformação estão sempre acontecendo.O movimento de rotação e translação da terra é um bom exemplo. Se é verdade que se repetem os dias e as estações, também é verdade que sempre surge algo novo nestes dias e nestas estações que se repetem.Em suma, uma educação atenta aos ciclos naturais e culturais da vida, pode ser a saída para as crises nossas de cada dia.Se temos dificuldade para que isto seja assimilado pelo sistema acadêmico e educacional como um todo, poderemos começar em aliança com parte daqueles que compreendem isto e que atuam em universidades, escolas, órgãos públicos, artistas, ONGs, empresas e meios  de comunicação.


Para saber mais:


http://www.artedeeducar.org.br/promovendo-a-integracao-entre-cultura-e-educacao

 
Encontro do Coletivo Investigador
Recife / PE - Junho 2012
Pesquisa-ação para um Plano Articulado
entre Cultura e Educação

segunda-feira, 11 de junho de 2012


Ministério da Cultura ouve a sociedade para elaborar políticas públicas que possibilitem ações culturais integradas nas escolas.

O professor de História, especialista em arte-educação e idealizador/produtor da “Caravana Cultural Luiz Gonzaga vai a Escola”, Zezito de OIiveira, viaja a Recife, para participar nos dias 14 e 15 de junho do seminário do coletivo investigador da pesquisa-ação que tem  como objetivo elaborar  princípios que auxiliem na formulação e orientação de políticas de cultura voltadas para a educação.

Este seminário contará com a presença de professores, educadores populares, artistas e outros agentes da educação e da cultura empenhados na formação de um sistema educacional que integre as experiências de Educação Formal e as de Educação Não-Formal, realizadas por organizações da sociedade civil, bibliotecas e museus.

O seminário do coletivo investigado é uma das principais ações do  projeto Um Plano Articulado para Cultura e Educação, desenvolvido pelo Ministério da Cultura e pela ONG Casa da Arte de Educar.

Para mais informações sobre o projeto, acesse o site da Casa da Arte de Educar, cujo endereço é http://www.artedeeducar.org.br

Sobre o trabalho e reflexão realizada por Zezito de Oliveira sobre a parceria cultura e educação, Leia:




terça-feira, 26 de junho de 2012


Dentro de instantes, a partir das 20h, estaremos no programa Revista Aperipê

Dentro de instantes,  a partir das 20h,  estaremos no programa Revista Aperipê apresentado pelo jornalista João Neto para falar sobre o seminário do coletivo investigador do plano articulado cultura e educação, o qual foi realizado nos dias 15 e 16 de junho e que contou com a minha participação.

O programa irá ao ar através das ondas da Rádio Aperipê, 630 AM, Salvo engano, o programa poderá ser ouvido pela net

Para saber mais detalhes, clique no link abaixo

http://acaoculturalse.blogspot.com.br/2012/06/o-chao-e-gira_21.html

Link para acessar a rádio Aperipê AM

http://www.aperipe.com.br/



Programa Participação Popular da TV Câmara discute violência nas escolas
 

As notícias de brigas em escolas, com plateia e publicação na internet, têm sido frequentes, assim como as agressões contra professores.
AQUI

Programa Câmara Ligada da TV Câmara  destaca a participação dos jovens na política (Especial 6º aniversário do programa).

AQUI

Edital "Mais Cultura nas Escolas"

O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Políticas Culturais, e o Ministério da Educação vão lançar no próximo dia 10 de setembro o edital do Programa “Mais Cultura nas Escolas”, que vai selecionar 5.000 mil propostas de todo o país elaboradas em parceria entre  escolas e instituições culturais. A finalidade do Programa é fomentar ações que promovam o encontro entre o projeto pedagógico de escolas públicas contempladas com os Programas Mais Educação e Ensino Médio Inovador do MEC e experiências culturais e artísticas em curso nas comunidades locais. Serão investidos cerca de 100 milhões no total, sendo que cada projeto selecionado receberá entre R$ 20 mil e 22 mil, proporcionalmente calculados em relação ao número de alunos registrados no censo de 2011.

O Programa é um dos resultados da aliança entre os dois ministérios para a estruturação de uma Política Nacional de Cultura para a Educação, celebrada pelo Acordo de Cooperação Técnica no. 001/2011. Um dos desafios desta iniciativa é a formulação e a implementação de uma política que promova a interface entre educação e cultura, de maneira a abranger a formação para a cidadania, o ensino da arte nas escolas de educação básica, o compromisso das universidades com a promoção da cultura e da diversidade e o ensino profissionalizante no que tange à economia da cultura.


Fazendo produção cultural na escola  

Zezito de Oliveira
1                      Zezito de Oliveira · Aracaju, SE
5/10/2011 · 22 · 3

Há cerca de uns vinte dias, quando comecei a pensar a respeito da seleção de músicas que utilizaria na apresentação do tema “produção cultural nas escolas”, no programa de formação cultural “Ossos de Oficio”, da Fundação Municipal de Cultura, a primeira frase musical que me ocorreu foi: “Há tempos são os jovens que adoecem”, parte da composição “Há Tempos” do Legião Urbana. 


Ao mesmo tempo em que preparava a apresentação, a frase “Há tempos são os jovens que adoecem” me remetia ao trágico acontecimento ocorrido por estes dias em uma escola pública em São Paulo, vitimando uma criança de 10 anos e sua professora, além de outros fatos semelhantes ocorridos nos últimos anos em todo o mundo.



O sergipano não valoriza o produto cultural local  

E agora??

O produto cultural genuinamente sergipano é pouco consumido ou, em outras palavras, o sergipano “compra” pouco aquilo que é produzido em Sergipe, o que traz como consequência a dificuldade de “vender” Sergipe para quem é de fora. Isso tudo nos lembrando de um dito popular que afirma: “Quem engorda o boi são os olhos do dono”.

Como disse no primeio dia (24/11), em Aracaju, no espaço destinado aos debates da oficina de gestão cultural, promovida pelo Itaú Cultural em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), a afirmação acima é recorrente há mais de vinte anos em quase todos os debates que discute direta ou indiretamente políticas culturais.



O PORTAL DAS LETRAS (1) - LER E CRESCER

RODA DE LIVROS
Desde o início de 2010 tenho emprestado alguns livros para adolescentes da escola onde trabalho atualmente. Estes livros tratam de temas ligados ao seu cotidiano e foram escritos por pessoas que contam histórias ligadas às suas dúvidas e inquietações, alegrias e tristezas, expectativas e descobertas, além de outras experiências que fazem parte da vida deles e de cada um de nós.

O primeiro livro a ser entregue foi o de Gabriel, o Pensador “Diário Noturno”, seguiram-se “Depois daquela viagem” de Valéria Piassa Polizzi , “Feliz Ano Velho” de Marcelo Rubens Paiva, “Com licença eu vou a luta” de Eliane Maciel, e “Confissões de Adolescente” de Maria Mariana.



LEIA MAIS:


http://www.overmundo.com.br/overblog/o-portal-das-letras-1-ler-e-crescer

O Mundo conectado à Arte e Sergipe ligado no Mundo

O texto foi produzido já há algum tempo.. mas como certas idéias são atemporais vale compartilhar com os overmanos


Um público com um traço inevitável: a diversidade. Pessoas de vários cantos do mundo, com histórias e visões diferentes. Em comum, a pergunta: “como a arte pode transformar beneficamente realidades?”. Na certa houve inúmeras respostas nos dias 17 ao 25 de julho, período do “VII Congresso do IDEA Abraçando as Artes de Transformação: Viva a Diversidade! Viva!”, em Belém (PA). E é de lá, do Norte do País, que um sergipano concedeu a entrevista abaixo por telefone. Zezito de Oliveira foi convidado para apresentar a interessante experiência do Projeto ECARTE que, nos anos de 2002 a 2006, realizou oficinas de teatro, dança e discussões sobre o Estatuto da Criança e Adolescente com adolescentes do conjunto Jardim, periferia da região metropolitana de Aracaju.


LEIA MAIS:


http://www.overmundo.com.br/overblog/o-mundo-conectado-a-arte-e-sergipe-ligado-no-mundo

EXPERIÊNCIA DO PROJETO ECARTE SERÁ APRESENTADA EM CONGRESSO MUNDIAL


II FÓRUM POPULAR DE CULTURA - ARACAJU (AUDITÓRIO DO SEBRAE) - 2006 (PARTICIPAÇÃO DE ADOLESCENTES DO PROJETO ECARTE)
Foto: Zezito de Oliveira
Texto: Thiago Paulino


Coloque em prática o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) com arte e transforme em oficinas voltadas para adolescentes da periferia da Grande Aracaju. Assim originou o projeto ECARTE no ano de 2002. A experiência construída com arte-educadores e lideranças comunitárias será apresentada no “VII Congresso do IDEA - Abraçando as Artes de Transformação: Viva a Diversidade Viva!” que acontecerá nos dias 17 a 25 de julho.


Segundo o idealizador do projeto ECARTE, o professor de História, arte-educador e Produtor Cultural Zezito Oliveira, a viagem será uma ótima oportunidade de conhecer outras metodologias de trabalho e divulgar a produção sergipana na categoria de iniciativas culturais e transformação social. De volta a Aracaju, o arte-educador pretende repassar o conhecimento e experiências obtidas durante o congresso. Para Zezito participar de um evento deste porte é fundamental:


“Dentre os aspectos importantes para a participação no congresso do IDEA destaco as possibilidade de ampliação do alcance e a repercussão do Ecarte, colaborando com a ampliação da auto-estima de quem estece envolvido e sentido de pertencimento em relação a Ação Cultural, pelo fato de ser a primeira vez que esta iniciativa é apresentada em um congresso internacional.


Outro aspecto importante é que esta apresentação em Belém, está exigindo uma apuro em termos da sistematização do Projeto Ecarte o que vem proporcionando uma apreensão mais aprofundada do limite e potencial do trabalho realizado, o que trará um avanço bastante significativo em relação aos aspectos qualitativos da assessoria pedagógica, neste momento de revitalização do Projeto Ecarte. “


A participação do ECARTE no Idea 2010 se dará através de uma breve apresentação, utilizando recursos áudio-visuais para abordar pontos como: caracterização do local onde foi realizado; principais agentes envolvidos; idéias que norteiam o trabalho; metodologia das oficinas e resultados alcançados, além de depoimentos de adolescentes e jovens partiicipantes.


IDEA 2010 – A instituição Idea foi fundada em 1992 através da convergência de diversos agentes culturais e educadores que tinham como foco seguir a diretriz de que “todos os seres humanos têm a capacidade e o direito de aprender as linguagens criativas e habilidades necessárias para criar um mundo justo e pacífico”.


Nesta VII edição o Congresso Idea terá uma maior abrangência em relação às edições anteriores. O encontro traz uma nova proposta pedagógica para a educação mundial, que será apresentada direto da capital paraense por representantes de mais de 70 países que formam o IDEA, com apoio da Unesco-Brasil, Aliança Mundial pelas Artes, Ministério da Cultura, Ministério da Educação e diversas instituições de ensino.


Para se ter noção da dimensão do evento seguem alguns números do Congresso: público estimado de duas mil pessoas de todos os continentes; 117 horas, nove dias ininterruptos para criar propostas pedagógicas e transformar as relações sociais nos setores vitais da sociedade como escola, segurança pública e saúde; mais de 400 ações organizadas em debates, conferências, apresentações, palestras, oficinas artísticas, atrações de dança, teatro e música. Os palcos serão as praças, universidades, teatros, escolas e 15 ilhas da comunidade ribeirinha que circundam a cidade.


HISTÓRICO ECARTE - O projeto foi fruto do 1º Fórum Comunitário de Políticas Públicas, realizado em agosto de 2001. Nesse, além dos conferencistas, alguns grupos de teatro e dança, formados por adolescentes da comunidade, foram convidados para, através da arte, mostrar os seus anseios e frustrações com relação ao tema. Por isso, foi iniciada a formação de uma rede de agentes culturais formada por adolescentes e jovens interessados em ampliar a sua atuação na área.


CONJUNTO JARDIM






Fotos: Ronaldo Lima


No período 2002 à 2006, no Conjunto Jardim, bairro periférico do município de Nossa Senhora do Socorro (SE) aconteceram as oficinas do ECARTE. Durante esta época foram proporcionadas, aos adolescentes da região, iniciação às artes cênicas, utilizando o Estatuto da Criança e do Adolescente como tema das coreografias e esquetes teatrais. Aproximadamente 60 adolescentes tiveram oportunidade de descobrir o mundo do teatro e da dança além da consciência dos seus direitos fundamentais.




APRESENTAÇÃO DE INTEGRANTES DA OFICINA DE TEATRO - I MOSTRA ARTE E CIDADANIA - ARACAJU (TEATRO JUCA BARRETO/CULTART) - 2004.







APRESENTAÇÃO DE INTEGRANTES DA OFICINA DE DANÇA - JORNADA DA CONFIANÇA - ARACAJU (GINÁSIO CONSTÂNCIO VIEIRA) - 2005.



APRESENTAÇÃO DE INTEGRANTES DA OFICINA DE DANÇA - I MOSTRA ARTE E CIDADANIA - ARACAJU (TEATRO JUCA BARRETO/CULTART)- 2004.





Em 2010 a meta é atuar em parceria com a Cia de Dança Rick di Karllo que possui um trabalho consolidado no Conjunto Eduardo Gomes, no município de São Cristóvão (SE). Pretende-se atingir 20 crianças e adolescentes, estudantes da rede pública de ensino. O projeto ECARTE é realizado pela organização Ação Cultural que tem como filosofia a utilização da cultura como forma de transformação da realidade social trabalhando nas periferias da região metropolitana de Aracaju.





Reunião para discussão referente a retomada do Projeto ECARTE com integrantes da Cia de Dança Rick di Karllo. (sede da Cia Rick di Karllo - municipio de São Cristóvão – 2009).


O Portal do Som - Música e Educação

A música brasileira aproximando gerações e rompendo preconceitos


Quem gosta muito de música popular brasileira ficou surpreendido em 2007 com o lançamento do CD "Onde brilhem os olhos meus", gravado por Fernanda Takai, do grupo Pato Fu, com releituras de músicas gravadas por Nara Leão. E dentre estas, a música “Diz que fui por aí”, gravada por Nara e também por Zé Keti, criador da canção.


Nesta gravação, considero bem interessante o andamento da música — cantada e tocada de forma mais lenta, ficando algo bem próximo a uma balada pop —, como pode-se perceber pelo toque da bateria e pela batida do violão. Não imaginava ouvir um samba tradicional dessa maneira. Causou-me muita alegria ouvi-lo nesta nova versão. E, Importante para o resultado final não esquecermos a “delícia” que é ouvir a voz de Fernanda Takai.


http://www.overmundo.com.br/overblog/o-portal-do-som-1



Zezito de Oliveira · Aracaju, SE


Música e Tragédia Urbana


Recentemente, algumas tragédias urbanas — em especial a relacionada ao assassinato do cartunista Glauco e do seu filho, Raoni — me trouxeram à lembrança alguns versos da canção "Muros e Grades"( “Nas grandes cidades, no pequeno dia-a-dia, o medo nos leva tudo, sobretudo a fantasia...”), um grande sucesso dos Engenheiros do Hawaii, e uma das canções que fez parte da trilha sonora da vida de uma “banda” da geração 80. (1)

Falo em banda querendo aqui me referir a uma parte da juventude, pois outras juventudes estavam ligadas em outras vertentes musicais, mesmo que, em muitos casos, a matriz de origem fosse o mesmo rock brazuca que despontava com toda força, a partir do início da década.



Leia mais em: http://www.overmundo.com.br/overblog/o-portal-do-som-2-musica-e-tragedia-urbana


MÚSICA SERGIPANA TIPO EXPORTAÇÃO
Mais uma noite de puro deleite estético/musical em 2010, vivida por mim, juntamente com muita gente “bonita” como disse uma das pessoas que nos acompanhou na Cantoria, organizada pelo grupo de forró Casaca de Couro no restaurante O Paiol em uma noite de sexta-feira (20/08).


O time bem escalado para aquela noite, foi composto de quatro violeiros sergipanos: Muskito, Sena, Joaquim Ferreira e Nino Karvan, participaram também o poeta popular João Brasileiro, o percussionista Tom Toy e os violeiros convidados Josino Medina (Vale do Jequitinhonha), Dinho Oliveira (Vitória da Conquista) e Paulinho de Jequié


http://www.overmundo.com.br/overblog/o-portal-do-som-3-sergipe-para-exportacao

Diversos - Conjunto Jardim e Projeto Ecarte no portal Overmundo


VISTA PANORÂMICA DO CONJUNTO JARDIM - IGREJA CATÓLICA - FOTO DO ANO DE 2006.




Com arte e com afeto
Nas aldeias indígenas, as crianças e adolescentes são assumidos pelos adultos. Todos formam uma mistura de pai, tio, irmão mais velho ou primo. Lá o ditado “quem pariu Mateus, que o balance” não voga. Isso contribui para que não haja trombadinhas, mendicância, meninas prostituídas, problemas com drogas,pois o que existe são os filhos e filhas da aldeia.
Leia mais em:


http://www.overmundo.com.br/overblog/com-arte-e-com-afeto-1
Um Jardim de Talentos
Quem conhece os adolescentes e jovens do Conjunto Jardim, apesar do destaque dado pela imprensa ao envolvimento de alguns deles com assaltos e tráfico de drogas, sabe que a maioria gosta de dançar, fazer teatro, cantar e tocar algum instrumento musical




O Central da Periferia na Escola
Na escola onde trabalhei até maio de 2007, a exibição do programa “Central da Periferia” causou um verdadeiro frisson. É a segunda vez que um programa em DVD causa tanto alvoroço e interesse por parte dos alunos. A primeira vez foi o filme “Uma Onda no Ar”, de Helvécio Ratton, no ano de 2005, distribuído em todo país, junto com a revista Isto É.
leia mais em:


 http://www.overmundo.com.br/overblog/o-central-da-periferia-na-escola


Outro Brasil é possivel. Outro olhar é necessário.
O ditado popular diz que o que os olhos não vêem o coração não sente, embora no mundo real seja diferente, pois quem é negro, mora na periferia, com pouca estudo ou que estuda em escola pública, que ganha salário mínimo ou que está desempregado o que vê? Falta de respeito pelos direitos humanos mais elementares, o principal deles o direito a vida, quase sempre negado através da sujeira, buracos, ônibus velhos e atrasados, assaltos, mortes, escolas tristes, falta de praças e de outros espaços para a prática da cultura, do esporte e do lazer, desemprego etc...
leia mais em: 


http://www.overmundo.com.br/overblog/outro-brasil-e-possivel-outro-olhar-e-necessario




II Mostra Arte e Cidadania em Sergipe
Surpreendente! É a melhor palavra que resume o resultado do trabalho apresentado pelos artistas e grupos das cidades de São Cristóvão, Barra dos Coqueiros, Aracaju e Nossa Senhora do Socorro, que se apresentaram na noite do sábado, 13 de janeiro de 2006, no Teatro Lourival Batista em Aracaju.


http://www.overmundo.com.br/overblog/ii-mostra-arte-e-cidadania-em-sergipe



VISTA PANORÂMICA DO CONJUNTO JARDIM - CANAL - FOTO DO ANO DE 2004












































Instituição em Nova Iguaçu usa tecnologia audiovisual como instrumento de ensino

A Escola Livre de Cinema (ELC) é a primeira escola de audiovisual da Baixada Fluminense e funciona desde julho de 2006 no bairro Miguel Couto, em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro.
O próximo episódio da série Sábados Azuis: Histórias de um Brasil que dá certo, que vai ao ar no sábado (10), às 22h, tem como temática o “Brasil Tecnológico” e vai mostrar o trabalho da escola, uma iniciativa do grupo Reperiferia, que antes trabalhava com artes cênicas nas comunidades carentes da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Ao serem convidados para fazer um projeto para a rede escolar da região, Anderson Barnabé e Marcus Faustini, ambos da Reperiferia, aproveitaram a “explosão” da tecnologia digital e criaram a Escola Livre de Cinema, que usa a tecnologia audiovisual como instrumento de ensino.
Hoje, Anderson é o coordenador artístico da escola e considera que o cinema muda a relação da criança com a tecnologia.“Enquanto em casa o pai diz “não mexe aí”, a gente entrega a câmera e diz: ‘Vai! Filma a sua rua, conversa com a sua família’.
A escola atende alunos da 5ª à 8ª série da Escola Municipal Janir Clementino durante a semana, nos turnos da manhã e da tarde. Há também cursos livres não-profissionalizantes abertos para a comunidade em geral e cursos profissionalizantes voltados para pessoas com o ensino médio completo. Os professores da rede municipal de Nova Iguaçu fazem cursos de capacitação na ELC, para aprender a trabalhar nas salas de aula com o audiovisual.

Marcus Faustini
Uma das ações mais importantes da Escola é o Festival de Cinema de Nova Iguaçu – IGUACINE –, realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura. De lá saiu a produção do documentário “Carnaval, Bexiga, Funk e Sombrinha”.
Marina Rosa, 20 anos, diz que entrar na Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu foi uma aposta casual que moldou totalmente seu destino. Chamada para ser educadora do processo com as crianças do Bairro-Escola, em 2009, ela diz que a escola abriu seu pensamento para outras realidades, não só na questão audiovisual, mas em relação a sua visão de mundo.


Culturas Juvenis - Dinamizando a escola



Culturas Juvenis - Dinamizando a escola      Este livro é mais um lançamento do jornal Mundo Jovem, que traz para o centro do debate a rica diversidade cultural presente nos jovens das escolas brasileiras: os que curtem funk, rap, graffiti, cultura anime, rock, religião, que gostam de se encontrar nos parques, nos bares, nas ruas, nos quartos, enfim, múltiplas juventudes.
     Como podemos nos apropriar das culturas juvenis em nosso planejamento diário como professores? Como revelar as identidades juvenis nas diferentes práticas do currículo escolar? As aulas podem servir de canal para que as histórias de vida e as identidades dos jovens ganhem lugar na cena escolar? Com a colaboração de diversos autores, esperamos contribuir com a inquietude de tantos que buscam uma escola adequada aos nossos tempos.

Orgs:
Márcia H. Koboldt Cavalcante e Rui Antônio de Souza
Número de páginas:
120
Valor
= R$ 14,00 (As despesas de correio estão incluídas)

Veja o sumário e a apresentação do livro (clique aqui)

     Para adquirir o livro basta enviar o endereço completo e o pagamento correspondente:

a) depósito identificado no Banco do Brasil Agência 3168-2 (Porto Alegre) - na conta nº 707.311-9. (o código identificador pode ser o nº de CPF ou CNPJ)
Esta conta está em nome de nossa mantenedora (UBEA-PUCRS-MJOVEM). É necessário enviar o comprovante do depósito junto com o nome e endereço completo para o envio do livro, pelo fax: 0 (..)(51) 3320-3889 / 3320-3902; ou por carta, porque o banco não comunica quem fez o depósito.
b) Enviar por carta um cheque cruzado, nominal ao Jornal Mundo Jovem.

(O livro será enviado pelo correio após o pagamento - a taxa de envio já está incluída no preço).

De 10 a 24 exemplares - 15% de desconto
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     Para mais informações clique aqui



 Cultura e educação
Leonardo Brant
fonte:
http://www.culturaemercado.com.br/ideias/cultura-e-educacao-2/


Um dos assuntos mais controversos (e menos discutidos) das políticas culturais é a relação intrínseca da cultura com a educação. Vivemos uma espécie de trauma pós-separatório, influenciado por um tratamento periférico nos tempos que o MEC (Ministério da Edução e Cultura) ainda incluía seu irmão mais pobre. Está na hora de superá-lo e avançar na discussão sobre a educação, propondo soluções para o grande problema estrutural do Brasil: formar a maioria jovem e prepará-la o novo país que desejamos construir.


Não há nada mais gritante do que o abismo e a falência do sistema educacional brasileiro. Embora consuma grande parte do orçamento, o arcaismo bancário que tomou conta da educação impede os avanços necessários para alçarmos um novo patamar, que inclui ampla garantia dos direitos culturais, da livre informação e expressão.


Em todos os grandes modelos e metodologias educacionais, o exercício das expressões artísticas e culturais têm se de revelado como um denominador comum. Nada mais lúdico, criativo e inspirador do que a cultura da convivência, inerente às atividades artísticas e culturais, seja ela uma visita ao museu, o aprendizado do teatro ou a análise crítica da mídia. Não podemos mais admitir que o nosso futuro seja dominado por uma educação burocrática, baseada numa estrutura funcional da ditadura militar, preparando sub-cidadãos, acomodados com o Estado-pai, incapazes de agir e participar da vida cultural e política.


Paulo Freire é o grande mestre inspirador de escolas e sistemas educacionais em todo o mundo. Sua pedagogia crítica, no entanto, não foi incorporada, além da apropriação indébita do discurso comum às nossas estruturas políticas, em nossa educação. Sua inspiração, no entanto, foi bem absorvida em escolas particulares que servem a elite. Meu filho estuda em uma dessas escolas e observo os avanços em relação à educação pública que eu tive, e que só piorou da ditadura pra cá.


Um novo projeto educacional precisa ser desenvolvido urgentemente no país. As políticas culturais não podem se abster a esse processo. As interações entre MinC e MEC foram insuficientes e fracassadas. Partiam do princípio da contribuição da cultura à educação. Avanços como a inserção de elementos e referências africanas e indígenas no processo de formação são interessantes, mas insuficientes para o tipo de desafio que temos pela frente.


A Internet, as redes culturais, a cultura colaborativa e a possibilidade de acesso ao conhecimento e exercício da expressão são elementos que não podem faltar ao cardápio educacional do país. As escolas precisam abrir suas portas para comunidades, deixando de ser prisões para transformar-se em equipamentos culturais, com projeções de filmes independentes, que abordem a complexidade humana, além dos mitos fabricados em Hollywood, peças de teatro e exposições, com programação das próprias comunidades e de outras, a partir de um sistema artesanal, simples e desburocratizado (quase tribal) de trocas e circulação de cultura. Enfim, precisa deixar de ser escola para se tornar ponto de cultura.


Grades curriculares deveriam ser queimadas em praça pública. O conhecimento precisa ser construído a partir do indivíduo e da comunidade para o mundo e não de Brasília para os quatro cantos do país. Isso sim é um dirigismo cultural que precisa ser superado por todos nós. Precisamos celebrar a capacidade de cada bairro, distrito, município, de cuidar da formação de suas crianças. A sociedade precisa se envolver com o processo de formação de seus indivíduos. Estado nenhum dará conta disso. O ditador já não dava, quanto mais este neoliberal em que nos atolamos.


A educação precisa ser uma responsabilidade de todos nós. E só será a partir do reconhecimento de sua dimensão cultural.


MEC e Iphan disponibilizam publicação que promove a educação patrimonial nas escolas brasileiras

     Escolas que aderirem ao Programa receberão equipamentos para elaboração e divulgação de inventários do patrimônio local.
     O Ministério da Educação (MEC) divulgou nesta terça-feira, 20 de março, o primeiro fascículo sobre Educação Patrimonial no Programa Mais Educação. O material disponível em http://bit.ly/iphamaiseducacao e que também será distribuído às escolas que optarem pela atividade é o primeiro do kit que englobará outros dois.
     A ideia do projeto realizado em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional-Iphan é que os estudantes realizem inventários dos patrimônios locais nos territórios nos quais as escolas estão inseridas. Ao escolher desenvolver o projeto sobre Educação Patrimonial, a escola receberá recursos do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) – Educação Integral – para aquisição de equipamentos audiovisuais. Desta forma, poderão elaborar e divulgar os inventários produzidos.
     Serão máquinas fotográficas com a função filmagem; gravadores de áudio digital (MP3); HD externo; tripé de câmera; cartucho colorido de impressora ou apoio para serviço de impressão; fichas para o inventário, além de R$ 1.000,00 (mil reais) como apoio para as saídas de campo; e outros R$ 700,00 (setecentos reais) para produzir exposições, encontros, rodas de memória, mostras de filmes, e outros, a partir dos resultados do inventário.
     O segundo fascículo, em elaboração, apresentará conceitos importantes para o desenvolvimento do trabalho como, por exemplo, cultura, memória e identidade. O terceiro trará um repertório de possíveis ações educativas ligadas ao tema. Também está em elaboração um caderno com orientações para a realização do inventário.
A parceria entre MEC e Iphan
     A parceria foi iniciada ainda em 2010 e consolidada a partir da participação do MEC no II Encontro Nacional de Educação Patrimonial – II ENEP, realizado em Ouro Preto (MG) em julho de 2011.
     A Educação Patrimonial passou a integrar o Macro-campo “Cultura e Artes” do Programa Mais Educação com uma atividade específica que vem sendo construída pelo Grupo Técnico interdepartamental formado com esse fim, e coordenado pela Ceduc/DAF.
     O Programa Mais Educação da Secretaria de Educação Básica do MEC envolve, atualmente, 30 mil escolas das redes municipais e estaduais. Em 2012, a expansão do Programa deve incluir, pela primeira vez, escolas de ensino fundamental no campo, com a perspectiva de ingresso de 5 mil escolas da área rural.
     O Mais Educação integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), como uma estratégia do Governo Federal para induzir a ampliação da jornada escolar e a organização curricular, na perspectiva da Educação Integral. Essa estratégia promove a ampliação de tempos, espaços, oportunidades educativas e o compartilhamento da tarefa de educar entre os profissionais da educação e de outras áreas, as famílias e diferentes atores sociais, sob a coordenação da escola e dos professores.
     Trata-se da construção de uma ação intersetorial entre as políticas públicas educacionais e sociais, contribuindo, desse modo, tanto para a diminuição das desigualdades educacionais, quanto para a valorização da diversidade cultural brasileira, reconhecendo que a educação deve ser pensada para além dos muros da escola, e considerar a cidade, o bairro e os bens culturais como potencialmente educadores, eles próprios.
     Fazem parte do programa o Ministério da Educação, o Ministério da Cultura, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério do Esporte, o Ministério do Meio Ambiente, o Ministério da Defesa e a Controladoria Geral da União.
Outras informações:
Twitter: @educpatrimonial


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12/05/2013 Tecnologia na Educação

Como a tecnologia está presente na sua sala de aula? Você sabe utilizar o computador, a internet, blogs, celulares, tablets, podcasts, projetores, câmeras e outros recursos para ensinar ainda melhor os conteúdos curriculares de cada disciplina? Navegue nos 108 links abaixo e dê um upgrade nas suas aulas. Há material para todos os segmentos. 

 AQUI

 

Site mostra como trabalhar a cultura digital na educação


Materiais produzidos por educadores de três escolas públicas de Pernambuco, Tocantins e Ceará estão sendo disponibilizados em um site para ajudar outros professores do ensino fundamental e médio a trabalharem a cultura digital em sala de aula. O recém lançado portal Telinha na Escola quer estimular educadores e alunos a experimentarem as novas tecnologias de uma forma criativa e que transforme os processos de aprendizagem.

Na sessão “aulas criativas”, por exemplo, há planos de aulas que o ajudam a ensinar sobre o uso das redes sociais, a realizar dinâmicas de reflexão sobre a história das mídias interativas no Brasil ou até mesmo a levar a história do hipertexto para a sala de aula. Na categoria “edição”, estão materiais que auxiliam na criação de vinhetas animadas ou vídeos literários. Enquanto em “mobilidade”, é possível achar conteúdos que orientam o professor a trabalhar temas como mídia e cidadania usando máquinas fotográficas e aparelhos celulares.

 

crédito aleciccotelli / Fotolia.com

 

O site é resultado de um trabalho realizado, desde 2009, pela ONG Casa da Árvore, nas escolas Arraial Novo do Bom Jesus (PE), Don Alano (TO) e Joaquim Alves (CE). A instituição vem capacitando professores para pensarem e produzirem aulas usando as novas tecnologias. E tudo que é realizado nessas escolas fica disponível para uso livre e aberto (em licença Creative Commons) e pode ser editado, modificado e reproduzido livremente por qualquer educador.

Segundo Aluísio Cavalcante, coordenador do projeto Telinha na Escola, o portal visa estimular professores a desenvolverem e mediarem aulas usando recursos como redes sociais, audiovisual e mapas digitais. “As aulas inovadoras e criativas realizadas pelos professores servem apenas como um ponto de partida para a construção da experiência em novas tecnologias”, afirma. “Nossa ideia é ter uma interface muito simples, que permita uma navegação mais autônoma onde cada um possa aprender aquilo que quer da forma que acha melhor”, diz Cavalcante.

Arraial Novo do Bom Jesus

Presente na escola municipal Arraial Novo do Bom Jesus, de Recife, desde o início do ano passado, o projeto está capacitando mais de 40 professores do ensino fundamental para o uso dessas ferramentas. Segundo Amanda Morais, diretora da escola, a cultura digital já existia no colégio, mas de modo muito superficial. “Se o professor domina as tecnologias, ele consegue envolver mais os alunos e trabalhar os conteúdos em novos formatos”, afirma. “A iniciativa trouxe um novo gás e aumentou a autoestima dos professores, que estão aprendendo na prática e na própria escola, o que tem ajudado também a fortalecer o trabalho em equipe”, diz.

De acordo com Amanda, uma das surpresas foi o fato de os alunos não dominarem tão bem as tecnologias como o previsto. “Achávamos que os estudantes tinham mais conhecimento do que os professores, mas descobrimos que eles precisavam aprender e se apropriar melhor dessa nova cultura. O que motivou ainda mais os professores.”


REDES SOCIAIS

Os enredados
Por Miguel Reale Júnior em 06/03/2012 na edição 684
Reproduzido do Estado de S. Paulo, 3/3/201; intertítulos do OI

     No círculo midiático de hoje, a reflexão e a assunção sopesada de convicções individuais, bem como o silêncio e a solidão, cederam passo a uma saraivada contínua de comunicações. Reage-se a esta prevalência do virtual de forma passiva ou com manifestações apressadas de cunho emocional. Neste mundo de inter-relações imediatas, vive-se com a mídia e pela mídia, segundo Manuel Castells, para quem, com as redes sociais se instala uma virtualidade real.
“Todos são iguais perante o Facebook”, eis o novo direito fundamental. Diversos enredados na rede social expõem a si próprios e cada qual passa a ter acesso ao mundo do outro. Se a televisão, o principal meio de comunicação em nosso país, está presente em todos os instantes, a criar, de um lado, o monólogo e, de outro, a audiência preguiçosa, com as crescentes redes sociais se torna viável que o enredado possa manifestar-se sem a preocupação de ser razoável.
Esse fenômeno carrega contraposições.
A primeira, relativa à minimização do valor da intimidade e da vida privada, um dos direitos da personalidade consagrados nas modernas Constituições democráticas, mas violado pelo descaso com que muitos dos enredados tratam sua própria área de exclusividade, em compulsão pelo compartilhamento de cada instante de sua vida.
Intimidade e voyeurismo
No inciso X do artigo 5.º da Constituição federal, no capítulo Dos Direitos e Garantias Fundamentais, consagra-se que “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra, a imagem das pessoas (...)”. O direito à privacidade constitui atributo da personalidade, requisito essencial à realização da pessoa humana, instaurando a expectativa de respeito à própria singularidade. A Constituição distingue entre intimidade e vida privada, estabelecendo dois campos: um de grande reserva e interioridade, ligada às próprias convicções e expressões de pensamento, bem como relativamente ao que se passa entre quatro paredes; outro, menos restrito, relativo à vida doméstica, aos hábitos cotidianos, acessível a pessoas próximas nas quais se confia.
Para Hannah Arendt, há uma zona de exclusividade onde sem cuidados se desenvolve a própria existência, definida por Judith Martins Costa como a especial esfera da vida em relação à qual é garantida a imunidade ao próprio modo de ser da pessoa, defesa à interferência alheia, pois é o locus, material e espiritual, em que cada qual fixa sua singularidade, seus gostos particulares a serem usufruídos reservadamente. Há uma diferença no grau de intensidade de exclusividade: a intimidade diz respeito ao modo de ser singular que cada qual tem no campo nuclear de sua existência, aos dados de foro o mais restrito, enquanto a vida privada diz respeito a formas de pensar e agir a serem sabidas apenas por poucos.
Vê-se agora, todavia, que a inserção numa rede social faz muitos dos fisgados desprezarem os limites quer da vida privada, de acesso limitado aos mais chegados, quer também do próprio núcleo mais fechado da vida íntima, como se viver só tivesse sentido ao se compartilhar e socializar com muitos outros, pela rede, todas as sensações e vivências, devendo-se divulgar aos demais todos os acontecimentos da existência. De um lado, franqueia-se a intimidade, de outro, instala-se um voyeurismo compulsivo: deixar-se ver e ver os outros.
Incitação ao ódio e à discriminação
A segunda contraposição decorre de ser o internauta alvo de comunicações em série, mas ao mesmo tempo ter a possibilidade de se manifestar livremente, sobre tudo e sobre todos, jorrando, sem compromisso, opiniões que vão do elogio apaixonado à agressividade desmedida, em aplauso ou crítica ao comportamento de alguém ou de algum grupo de pessoas.
A liberdade de manifestação de pensamento constitui gênero de primeira necessidade na vida democrática, condição essencial de desenvolvimento dos cidadãos, pois areja, alimenta a multiplicidade de opiniões, garante a difusão de pensamentos e a participação pelo conhecimento e pela crítica dos fatos. A amplitude da liberdade de manifestação, estatuída no artigo 220 da Constituição, exige, todavia, a observância da composição com outros valores, em especial a dignidade sexual, a honra e a vida privada, a não discriminação. Veem-se, contudo, em comentários de internautas, novatos no exercício da liberdade de pensamento, excessos, com violação da honra alheia, de sua intimidade ou incitando o ódio e a discriminação das mais variadas espécies. Só o tempo consertará tais exageros.
Tempos de urgência, exposição e interação
Por fim, a última contraposição surge da ilusão de que a plena possibilidade de manifestação de pensamento iguale o valor das diversas perspectivas. Não se deve, porém, confundir o direito de se exprimir com atribuir a mesma validade às diversas visões manifestadas, em inaceitável relativismo. A pessoa humana, enquanto titular dos direitos de não ser discriminada, de manter a integridade física e psíquica, de não ter violada sua honra ou intimidade, de exercer liberdade religiosa, constitui valor conquistado arduamente no processo histórico do Ocidente, a prevalecer como fonte nuclear de outros direitos fundamentais.
A maior intensidade valorativa da dignidade da pessoa humana não impede que se garanta a liberdade de opinar contra a liberdade religiosa, ou de imprensa, ou em favor do comandante Schettino (do Costa Concordia). O vertiginoso crescimento dos meios de manifestação, no entanto, traz o risco do relativismo que iguala o diferente e nega a prevalência de valores essenciais obtidos ao longo da História. A multiplicidade de opiniões exigiria avaliá-las criteriosamente e não dar a todas o mesmo peso.
Cabe, ao final, realçar: essas perplexidades não retiram os benefícios propiciados pelas redes sociais por aproximar pessoas e ventilar questões de interesse geral. Mas fica sempre o desafio de entender os valores dominantes nestes tempos de urgência, de exposição e interação contínuas.
***
[Miguel Reale Júnior é advogado e professor titular da Faculdade de Direito da USP]

Rádio Câmara

 Entrevistas e debates  Ponto de Vista

26/02/2013 00:01

Incubadoras de empreendimentos criativos no Brasil - Bloco 1

O Brasil costuma ser bem reconhecido no mundo pela criatividade dos seus artistas na música, no cinema e na pintura. Apesar disso, ironicamente o país é classificado como baixa intensidade criativa quando se fala em inovação nessa indústria que envolve conhecimento, pesquisa e inovação. Estudos recentes do IPEA e da Unesco mostram que o Brasil precisa melhorar os negócios que envolvem a chamada Economia Criativa, setor que reúne a produção de livros, música, cinema, softwares e outras artes e espetáculos. O Ponto de Vista recebe a pesquisadora Júlia Zardo para conversar sobre os fundos de investimento e incubadoras para empresas iniciantes. Ela faz doutorado sobre o tema e coordena o Centro de Cultura Empreendera da PUC do Rio de Janeiro. Júlia conta que já há mais de 400 incubadoras no Brasil e que a novidade é o surgimento das aceleradoras de negócio, mostra de que o mercado está amadurecendo.
Apresentador: Getsemane Silva
 

  Secretaria Municipal de Cultura promove segundo encontro #existedialogoemSP

No próximo dia 10 de abril, às 19h,o Centro Cultural São Paulo recebe mais um encontro do programa
ERRATA: O EVENTO OCORRERÁ NO DIA 10 DE ABRIL, ÀS 19H.

No próximo dia 10 de abril, às 19h, no Centro Cultural São Paulo, a Secretaria Municipal de Cultura inicia a série de encontros temáticos do programa #existediálogoemsp. Desta vez, o tema é hip-hop!  O encontro também será transmitido pela internet por meio deste link.

Criamos um evento no Facebook! Confirme sua presença!




 Assista ou reveja o primeiro #existediálogoemsp AQUI 

Zé Celso: 100 dias de Haddad ainda não bastam, mas apontam para uma Primavera Cultural


Por: José Celso Martinez Corrêa
Publicado em 06/04/2013, 14:05
Última atualização às 11:58

Zé Celso: 100 dias de Haddad ainda não bastam, mas apontam para uma Primavera Cultural
Zé Celso considera que Juca Ferreira, nome de 'porte ministerial', será capaz de mudar a cultura na cidade (Foto: Mastrangelo Reino/Folhapress) 
 
"Estes 100 dias começaram com o reconhecimento da cultura como valor de Infraestrutura de SamPã já com a nomeação de Juca Ferreira para a Secretaria de Cultura. Um quadro de porte ministerial capaz de assumir a renovação cultural transversal necessária em todos os domínios desta metrópole carente em todas as áreas: trânsito, diferenças abismais de condições de vida de seus moradores e consequente violência.
Esses pontos necessitam da criação de outros valores culturais para este caos asfixiado pela cultura da especulação imobiliária tecno-burocrática-dinheirista com seu poder ainda nas mãos de Papai$ões e Mamãe$onas nesta Capital do Capital.
A RBA publica uma série de reportagens sobre os primeiros 100 dias da gestão de Fernando Haddad como prefeito de São Paulo. As mudanças nas relações políticas, as iniciativas e os problemas enfrentados em áreas fundamentais para o dia a dia dos moradores da cidade. 
O valor dado à Cultura por Haddad, que vem de seu amor por esta cidade tão mal-amada, desafia apaixonadamente os Tecno-Artistas de todas as periferias: a cidade tem como inspiração esses pontos mais críticos pra sua imaginação criadora encontrar as saídas do dia a dia e também as estruturais.
A nomeação de John Neschling para o Teatro Municipal – que já está sendo desencalhado e ocupando o lugar que merece na cidade como ponto de encontro de todas as SamPãs – é outro fator.
Modéstia à parte, menciono como bons ventos destes 100 dias até o fato de Haddad ter tido a coragem de me convidar – mesmo sabendo que em torno de minha pessoa existe uma zecelsofobia de quem não é nem unanimidade – a participar do Conselho da Cidade, o primeiro convite em minha vida que recebi para ocupar uma função pública.
Aliás, deste conselho, desde representante da Bolsa de Valores fazem parte até demônios apontados pelo infeliz Feliciano, ponta de lança de um golpe no Estado Laico Brasileiro: gays, lésbicas, negros, travestis etc... Quer mais cultura nestes tempos que isso?
Há fatos concretos como as medidas diante das tempestades deste ano de iniciar a construção de tubulação maior pros rios da Pompéia, resolvendo o funcionamento permanente da Fábrica Cultural do Sesc Pompéia do 'arquiteto' mais contemporâneo internacional de hoje: Lina Bo Bardi.
Estas obras preparam assim o Centenário de Achi-Lina Bardi em 2014 sem as enchentes  que propiciavam até a pesca no fim da rua principal desta Fábrica da Cultura Paulistana.
A semeadura cultural inicial está sendo muito forte. 100 dias ainda não bastam mas apontam pra uma Primavera Cultural nunca vista na Paulicéia Desvairada - repito: na DESVAIRADA.
José Celso Martinez Corrêa
Presidente da Associação Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona"

 Leia também:  Outro Brasil? Somente com participação e arte. AQUI

Sugestões para os novos prefeitos, gestores de cultura dos municipios e vereadores eleitos em 2012.  AQUI

Paulistanos aprovam diálogo com prefeitura, mas esperam ações concretas

Próximo de completar 100 dias de governo, prefeito Fernando Haddad (PT) investe na conversa permanente com setores sociais para resolver os problemas da cidade

Por: Tadeu Breda e Eduardo Maretti, da Rede Brasil Atual
Publicado em 05/04/2013, 10:15
Última atualização às 15:17

Paulistanos aprovam diálogo com prefeitura, mas esperam ações concretas
Pessoas em situação de rua participam de encontro com Fernando Haddad, em março: disposição ao diálogo para soluções conjuntam marcam início de mandato (CC/Fernando Pereira/Secom)
São Paulo – Prestes a completar 100 dias no governo da cidade de São Paulo, o prefeito Fernando Haddad (PT) tem sido elogiado por grupos e movimentos sociais devido à sua disposição ao diálogo. Em pouco mais de três meses, os mais diversos setores da capital já foram recebidos por membros do alto escalão municipal: moradores de rua, empresários, artistas, militantes LGBT, lojistas, skatistas, funkeiros, sindicatos, entre outros. Eles se declaram satisfeitos pela abertura da nova gestão, mas preferem esperar para ver se tanta conversa se transformará em políticas públicas efetivamente participativas.
Talvez o maior símbolo da mudança de postura da prefeitura se expresse pela receptividade de Fernando Haddad às demandas do Movimento Nacional da População de Rua (MNPR), sem dúvida o grupo social mais excluído da cidade. "Já fui recebido seis vezes diretamente pelo prefeito: quatro vezes em reuniões do movimento e mais duas em eventos públicos", revela Anderson Lopes, coordenador do MNPR em São Paulo. "Nos oito anos anteriores, estivemos apenas uma vez com o chefe do Executivo, no caso, Gilberto Kassab (PSD), durante a posse de um conselho. Mas acabou a cerimônia, ele nem olhou na nossa cara e saiu correndo."
A RBA publica a partir de hoje (5) uma série de reportagens sobre os primeiros 100 dias da gestão de Fernando Haddad como prefeito de São Paulo. As mudanças nas relações políticas, as iniciativas e os problemas enfrentados em áreas fundamentais para o dia a dia dos moradores da cidade.
Anderson explica que alguns secretários da gestão anterior até abriram as portas à população de rua, mas lamenta que as conversas não tenham frutificado em ações. "A gente saía das reuniões e a Guarda Civil Metropolitana (GCM) voltava a sentar o cacete." O dirigente do MNPR atesta que bastou uma mudança de governo para que os funcionários da prefeitura deixassem de expulsá-los das áreas centrais com jatos d'água. "Isso acabou, não tem mais", garante. "Você pode ver que a população de rua está nas ruas, está mais visível. Antes, tínhamos medo."
O diálogo com o movimento já derivou em medidas concretas. Em março, Fernando Haddad assinou decreto criando o comitê intersetorial de políticas para a população de rua, que reúne nove secretarias municipais e nove representantes da sociedade civil – entre eles o MNPR. Outra consequência das conversas foi a criação de duas mil vagas em cursos profissionalizantes para os moradores de rua. O projeto foi viabilizado por recursos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e por uma parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Parcerias

Aliás, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, por enquanto também é só elogios ao novo prefeito. "Haddad já esteve aqui inúmeras vezes, eu já o visitei na prefeitura e fizemos um programa para pessoas em situação de rua", resume. Skaf é membro do Conselho da Cidade, criado pelo prefeito Fernando Haddad e formalizado no dia 26 de março. O conselho terá quatro reuniões por ano para discutir temas abrangentes para a cidade, como o Plano de Metas e o Plano Diretor.
É composto por membros representativos de toda a sociedade paulistana, como a presidenta do Instituto Ayrton Senna, Viviane Senna, o músico Arnaldo Antunes, o escritor Fernando Morais, o diretor teatral José Celso Martinez Corrêa, a empresária Luíza Trajano, presidenta do Magazine Luíza, o filósofo Vladimir Safatle, representantes das centrais sindicais, associações de classe como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), igrejas, religiões de matriz africana e movimentos sociais.
Skaf conta que a parceria entre prefeitura e Fiesp não vai se limitar aos cursos para moradores de rua. "Estamos estudando dois outros grandes projetos. Um, em frente à estação do metrô Itaquera, onde deveremos construir uma grande unidade do Senai e Sesi. Haverá um teatro para atender a zona leste de São Paulo, que tem 4 milhões de habitantes e não tem um teatro sequer", revela. "E ainda vamos fazer o Museu da Criança." De acordo com Skaf, Haddad está se esforçando para colocar à disposição o terreno necessário ao projeto, que será bancado pela entidade.
O presidente da Fiesp diz que há projeto também para um centro olímpico na capital. “Estamos estudando alternativas. Como não está decidido, não quero antecipar. Primeiro é discutir e depois definir o terreno.” Segundo ele, a partir do momento em que o terreno estiver disponível, o prazo para a entrega do centro olímpico seria entre um ano e meio e dois anos.

Expo 2020

Paulo Skaf menciona “uma parceria muito positiva em relação à Exposição Mundial 2020”, cuja sede ainda não está definida. São Paulo está na disputa, que deverá ser anunciada no final deste ano. A candidatura da cidade também foi tema de conversa entre a gestão municipal e a Associação Viva o Centro, mantida por bancos, empresas, instituições, sindicatos e igrejas interessados na "revitalização" da região central da cidade.
O superintendente geral da ONG, Marco Antonio Ramos de Almeida, diz que já se reuniu com a vice-prefeita, Nádia Campeão (PCdoB), para tratar do assunto. "Recebemos ainda a visita do subprefeito da Sé e do secretário de Desenvolvimento Urbano", afirma. "Em princípio, temos tido êxito nos diálogos. Os canais estão abertos."
Contudo, Ramos de Almeida ainda não vê nenhuma grande mudança de mentalidade na prefeitura com a nova gestão. "Nossa associação tem 22 anos de existência, já passamos por vários governos municipais e nos demos bem com todos. Temos uma atitude apartidária e nunca sofremos restrições." A Viva o Centro acompanha com atenção as modificações que serão realizadas pelo governo municipal nos projetos da Nova Luz e na reforma do Parque Dom Pedro II. "Queremos melhorias na limpeza, segurança, iluminação e manutenção geral do centro."

Zeladoria

A chamada “zeladoria” urbana, o trabalho rotineiro de manutenção da cidade, é uma das maiores fontes de críticas do vereador oposicionista Gilberto Natalini (PV) aos primeiros 100 dias de Haddad como prefeito, o qual ele considera “frouxo”. “O que sinto é um governo que na minha opinião não começou a fazer a zeladoria da cidade, os cuidados na sua totalidade desde o primeiro dia. Por exemplo, você vê uma quantidade enorme de praças com mato muito alto e a retirada de árvores caídas na rua em períodos de chuva”, critica o vereador. “No ano passado demorava um dia, esse ano teve várias árvores que ficaram até quatro dias.” 
Natalini também critica, entre outras coisas, a mudança na inspeção veicular. “Para cumprir a promessa de isenção da taxa que fez na campanha, ele ampliou o período da inspeção, e há uma ameaça de colocar a inspeção nas oficinas e autorizadas da cidade, misturando fiscalização com serviços no mesmo lugar, o que pode criar uma situação de fraudes incontroláveis”, diz o parlamentar do PV. Ele diz ainda que as subprefeituras estão praticamente paradas.
Essa morosidade parece não se refletir nas atividades do subprefeito da Sé, Marcos Barreto. Ele diz ter realizado mais de 120 reuniões com vários setores da sociedade paulistana apenas no mês de março. "A diretriz é portas abertas e diálogo constante", diz Barreto, para quem a conversa tem sido até agora uma das principais marcas da gestão – e uma diferença em relação à administração anterior. Sob Kassab, as subprefeituras estavam quase todas ocupadas por militares reformados. "Precisamos fazer valer a máxima cunhada pelo secretário da Cultura, Juca Ferreira: Existe Diálogo em SP."

Pé atrás

Oswaldo Pinheiro, integrante da Cia. Estável de Teatro e membro fundador da Cooperativa Paulista de Teatro, elogia a disposição para o diálogo de Juca Ferreira, mas tem ressalvas. “Isso, a disposição a dialogar, não é mentira. Mas é preocupante, porque acompanhei todo o ministério do Juca no Ministério da Cultura no governo Lula e essa sempre foi a prática dele: chamar os movimentos, as entidades, conversar e abrir sempre espaço. Mas as coisas não são encaminhadas como deveriam”, diz Pinheiro. 
Ele critica por exemplo o "não andamento" do Projeto de Lei 6722, de 2010, que cria o Procultura. “Ainda não foi aprovado. Isso já foi encaminhado desde a gestão do ex-ministro Gilberto Gil. O Juca fazia uma crítica pontual à Lei Rouanet, muito próxima à nossa. Mas depois nada se concretizou”, reclama Pinheiro. Segundo ele, os artistas reivindicam a ampliação da Lei de Fomento ao Teatro, criada na gestão municipal de Marta Suplicy, em 2002. “A Lei do Fomento é o que mais deu certo nos últimos dez anos na cidade”, diz. “A gente só pode avaliar se há ou não uma mudança [com o novo governo] se as coisas forem de fato encaminhadas”.
Para Fernanda Estima, do Núcleo LGBT de São Paulo, o diálogo começou até antes da eleição. “Construímos com o então candidato Haddad um programa de governo específico para a questão LGBT. No discurso de vitória do prefeito na Paulista ele fez questão de falar dos negros, mulheres e homossexuais”, afirma. “Começamos um governo sabendo que temos um aliado para o que desse e viesse. E é o que tem mostrado.”
O movimento LGBT foi um dos que participaram de conversas com o secretário de Direitos Humanos e Cidadania, Rogério Sottili, neste começo de mandato. A pasta comandada pelo gaúcho tem como uma de suas principais funções recolher as demandas sociais e conduzi-las a outras instâncias do governo municipal para que sejam levadas em conta durante a tomada de decisões.
"Os primeiros 100 dias são um momento de arrumar a casa, de construir as bases políticas do diálogo e ouvir muito a sociedade civil", analisa Sottili. A secretaria também já recebeu migrantes e representantes da juventude, como os movimentos hip hop, estudantil e negro. A promessa de Sottili é não deixar a peteca cair. "Nosso governo vai ter muita participação social como método de gestão", garante. "Vamos construir canais de participação para construção das políticas públicas."

  PITTY, GAL COSTA E TULIPA RUIZ CONFIRMAM PRESENÇA

A Virada Cultural 2013 será em 18 e 19 de maio, entre o fim da tarde do sábado e o início da noite do domingo. Prepare-se!
http://www.viradacultural.org/

Fan-Page sobre a Virada Cultural 2013 - Dias 18 e 19 de maio em São Paulo
https://www.facebook.com/viradacultural?fref=ts

Quais serão as surpresas que a Virada Cultural reserva para este ano? Falta pouco, dias 18 e 19 de maio em São Paulo.

Confirme a sua presença!
https://www.facebook.com/events/210257889098741/?ref=22

 Subprefeito da Sé elogia iniciativas culturais no centro e convida: 'Venham dialogar'

Em entrevista à RBA, Marcos Barreto, que tem violão no gabinete, afirma ainda que desafio é requalificar áreas urbanas da Sé: 'Queremos nos transformar em instância local de governo'

Publicado em 08/04/2013, 14:50
Última atualização às 16:05

Subprefeito da Sé elogia iniciativas culturais no centro e convida: 'Venham dialogar'
Festival Baixo Centro inunda a região da Sé com atividades culturais até o próximo domingo, 14 (Foto: Divulgação) 
 
São Paulo – O subprefeito da Sé, Marcos Barreto, espera que os movimentos culturais que defendem uma maior ocupação do centro de São Paulo devem mudar sua atitude em relação à prefeitura. “Esse grupos nasceram num momento de não diálogo”, lembra, fazendo referência à gestão Gilberto Kassab (PSD), que governou a cidade entre 2006 e 2012. “A orientação do prefeito Fernando Haddad (PT) é inversa: manter as portas abertas.”
O subprefeito entende que é da natureza de movimentos como Baixo Centro – que esta semana organiza um festival autônomo na região da Sé – ocupar espaços públicos sem pedir autorização a ninguém. “É a proposta deles”, reconhece. “A gente respeita, mas quer frisar que está junto: nosso papel é estimular a ocupação do centro com cultura, e não vetá-la. Se precisarem de alguma contribuição, a gente pode ajudar.”
Com um violão no canto do gabinete, Marcos Barreto afirma que, nestes 100 primeiros dias de governo, tem conversado muito com os diferentes setores sociais interessados no centro. Apenas em março, garante, manteve mais de 120 reuniões com grupos, entidades e movimentos.
Em entrevista à RBA, o subprefeito pontua que os maiores desafios de sua gestão passam pela requalificação do espaço urbano na região, enquanto a grande prioridade é fazer da subprefeitura uma instância de governo local. “As políticas públicas devem ser elaboradas pelas secretarias, mas quem deve executá-las são as subprefeituras.”
Como o sr. vê os movimentos culturais que pregam uma maior ocupação do centro?
Vejo com bons olhos: é um desejo legítimo de retomar os espaços públicos para manifestar arte, música, dança, fazer esportes, caminhar, andar de bicicleta etc. Esses movimentos nasceram num momento de não diálogo. A orientação do prefeito Fernando Haddad é inversa: manter as portas abertas para o diálogo. Isso vai sugerir uma mudança de comportamento desses movimentos. Por exemplo, estivemos conversando com o pessoal do Festival Baixo Centro, que tenta fazer as coisas no limite do que não precisa de autorização.
Eles acreditam que, sim, podem ocupar os espaços sem pedir autorização. Por isso, se resguardam a fazer eventos com características que se encaixam nesse desenho. A gente está respeitando isso, claro, mas estamos juntos. Se precisarem de alguma contribuição, nossa intenção não é vetar, mas aprovar e ajudar a organizar no que for possível e no que eles acharem que precisam do nosso apoio. Porque também é importante respeitar a autonomia do movimento: eles nasceram com essa característica e nós vamos respeitar isso sempre.
A retomada do carnaval de rua na cidade faz parte dessa estratégia?
Quando chegamos, nos deparamos com a véspera do carnaval. A orientação inicial era de que a gente só reconheceria os blocos legalizados, que estão ligados a duas associações. Mas chamamos todos os blocos que pretendiam desfilar e sentamos com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), Polícia Militar, Guarda Civil Metropolitana (GCM) e São Paulo Transportes (SPTrans) para organizar tudo. Isso não significa dar apoio de recurso ou logística a todos os blocos, porque não estava programado, mas se a gente sabe que eles vão sair, tem que, no mínimo, organizar o trânsito para dar segurança aos foliões.
A gente também tem de garantir limpeza adequada, policiamento e fiscalização pra que não tenha venda de bebida alcoólica para menores de idade. É uma série de ações que podemos fazer, e diria, que é obrigação do poder público fazer. Essa postura foi bastante acertada. Não podemos fingir que os blocos não existem, como acontecia antes. É uma questão de bom senso: estabelecer diálogo e organizar as coisas. É melhor pra cidade porque é bom que tenha carnaval no centro. O carnaval do sambódromo é midiático, é pra televisão. O carnaval que as pessoas podem brincar é o carnaval de rua. Então, que bom que existe.
Agora que há tempo para planejar, o que a subprefeitura pretende fazer?
No próximo ano, a ideia é começar mais cedo, fazer um edital no modelo do Rio de Janeiro. A gente acredita que este ano houve cerca de 80 blocos na cidade. No Rio foram 450. Talvez isso seja demais e nem tenhamos fôlego pra tanto, mas certamente temos espaço pra ter mais blocos. Vamos fazer algo sem conflito com os moradores, negociar tudo. Algumas pessoas ficam descontentes? Ficam, a cidade tem seu dinamismo. Mas negociar é sempre muito melhor do que ser surpreendido com movimentos da noite para o dia. O que estamos fazendo é dar uma racionalidade, apoiando esse movimento geral que vemos com muito bons olhos. É uma ocupação positiva do centro, que tem como carro-chefe a cultura, seja dança, música, teatro. Isso humaniza o centro, faz o centro ser melhor.
Nesse processo de diálogo, vocês mapearam alguns setores que se colocam contra esse tipo de ocupação cultural do centro?
Contra não. Às vezes alguns grupos de moradores pedem que haja mais diálogo com eles. Na Praça Roosevelt, por exemplo, eles reclamam não exatamente dos eventos que ocorrem por ali, mas de outras coisas: por que a caixa de som, em vez de ficarem viradas para os prédios, não ficam viradas para o outro lado da praça? São sugestões desse tipo, simples de solucionar, e que fazem sentido. Até porque eles sabem que moram numa praça e que a praça é de todos. Não é um condomínio fechado. Mas eles querem interagir e fazer sugestões.
Não há movimentos de moradores – pelo menos que se manifestem publicamente como uma maioria ou com força política – contrários aos skatistas, por exemplo. Mas querem preservar espaços onde possam caminhar sem serem atingidos por skates voadores. Por isso, acho que o diálogo vai fazer bem pra cidade. As pessoas têm de perceber que devem convencer os demais com suas ideias e abrir mão de algumas posturas pra garantir o que é mais importante: a convivência. Assim haverá entendimento.
Quais os maiores desafios da sua gestão?
São imensos. Por exemplo, não estou nada feliz com o padrão de zeladoria urbana que temos aqui. Acho que a Sé tem muito que melhorar em termos de coleta de lixo, varrição das ruas e na limpeza de uma forma geral. Em relação às áreas verdes, estamos longe de ter um padrão satisfatório. Ainda mais nesta época de chuvas, o mato está numa altura que não se justifica. Ao mesmo tempo, temos o desafio de fazer a subprefeitura ser aquilo que ela estava destinada a ser quando foi colocada na Lei Orgânica do Município, em 1991, e quando foi criada, em 2002: ser efetivamente uma instância local de governo.
Hoje, não é esse o papel da subprefeitura. As secretarias desenvolvem e executam as políticas. Cabe às subprefeituras apenas a regulação de uso e ocupação do solo e ações de zeladoria urbana, quando, na verdade, acho que a gente precisava ter no âmbito das subprefeituras a execução das políticas públicas. Claro, a formatação da política de habitação, saúde e educação tem de ser feita pelas secretarias, mas a execução dessa política poderia ser feita no âmbito da subprefeitura.
Outro desafio é requalificar determinadas áreas. Temos ruas comerciais incríveis no centro, com uma riqueza e faturamento muito grandes: 25 de Março, Santa Ifigênia, José Paulino. São ruas com muita força, mas que ainda não têm o padrão urbano que deveriam. A calçada é estreita, a iluminação deveria ser um exemplo, mas é ruim. A sujeira é grande. Temos de requalificar esses espaços e também os calçadões, que estão muito deteriorados: há vários buracos, alguns pedaços solapados pelo próprio peso dos carros que passam por ali pra levar mercadoria. E é um calçadão só de passagem, quando acho que deveria convidar o cidadão a permanecer por ali alguns momentos: não há bancos nem floreiras nem iluminação à altura.

Veja vídeo geral do encontro com Haddad e Callegari

Finalizamos as publicações da Série de Diálogos sobre educação na cidade de São Paulo com um vídeo geral do encontro, que resume as propostas dos participantes para formação de professores e gestores, educação infantil e alfabetização, avaliação, garantia da equidade e colaboração intersetorial.
O evento, realizado em parceria pelo Inspirare/Porvir e Todos pela Educação, aconteceu no dia 18 de fevereiro,  com a participação do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o secretário municipal de Educação, Cesar Callegari.

HADDAD QUER WIFI LIVRE EM 120 LOCAIS DE SÃO PAULO

HADDAD QUER LICITAÇÃO DE WIFI ESTE ANO, E VAI TROCAR REGULARIZAÇÃO DE ANTENAS DE CELULAR POR OFERTA DE PONTOS GRÁTIS.

Fernando Haddad, prefeito da cidade de São Paulo, afirmou na quinta-feira (04/04) que a o projeto de implantação de WiFi livre na cidade de São Paulo deve sair ainda este ano, e maior do que o inicialmente previsto pelo secretário de Serviços Simão Pedro. Segundo o prefeito da capital paulista, a intenção é estabelecer ao menos um ponto de acesso por distrito da cidade, o que significaria conexão em cerca de 120 locais.

"Subprefeitos já estão envolvidos no georreferenciamento dos pontos para determinar onde há maior demanda da população. Estamos na fase de orçamento, mas vamos ter seguramente, neste ano, a licitação de mais de uma centena de pontos", falou Haddad.

Disse ainda que o objetivo é oferecer uma conexão de 512 kpbs por usuário quando a rede estiver com o maior número de pessoas conectadas. O prefeito afirmou que o WiFi deve ser a prioridade da prefeitura para inclusão digital neste ano, uma vez que a procura por telecentros nos moldes dos implantados pelas gestões anteriores tem diminuído.

"O que estamos notando é que o grau de acessibilidade da população hoje é maior do que quando começamos a introduzir os telecentros. As escolas estão informatizadas. Temos laboratórios nas escolas estaduais e municipais e o trabalho é muito conectado. Estamos vendo uma diminuição da demanda do telecentro tradicional e aumento da demanda por WiFi", disse.

Segundo o prefeito, o número de locais com acesso livre pode ser ainda maior, graças à assinatura de termos de ajuste de conduta por parte das operadoras de telefonia móvel, que têm antenas irregulares no município. "O Minicom vai entrar em um certo sentido no projeto porque existem termos de ajuste de conduta, obrigando a telefonia móvel a oferecer para a cidade, como contrapartida, instalações WiFi. A Vivo foi a primeira que assinou esse ajuste. Certamente as outras vão seguir o exemplo. Então, além da licitação, teremos o reforço do PAC", observou.

No começo do ano, Simão Pedro, da secretaria de Serviços, responsável pelo projeto, afirmou que o projeto-piloto seria realizado em alguns pontos da cidade, como Av. Paulista e bairros da zona leste. Mas, segundo fonte ligada ao projeto, chegou-se à conclusão de que "se vai abrir o sinal, que o teste seja mais abrangente".

A intenção da secretaria é levar o edital da licitação a consulta pública dentro de 40 dias. A intenção é dividir a cidade em blocos, evitando que os pontos de acesso e sua manutenção dependam de apenas uma empresa. Pode ser, também, que os blocos sejam licitados em momentos diferentes.

As afirmações foram feitas durante o evento de lançamento do livro Cultura pela Palavra, de Gilberto Gil e Juca Ferreira. Ambos foram ministros da Cultura no governo Lula e adotaram medidas de incentivo de à Cultura Digital.

 A Escola Pernambucana de Circo informa:

# 12 de abril |  Festim Cultural - Em homenagem ao Circo, Teatro e Grafite #
A Escola Pernambucana de Circo convida a todos para participar do Festim Cultural que nesta edição homenageia o Circo, Teatro e Grafite, artes especialmente celebradas no dia 27 de março. Na EPC a comemoração continua no mês de abril e toma conta do nosso 1o FESTIM de 2013.
A festa será colorida com os números da Trupe Circus: "Los Macatchos" (malabares), Trapézio Triplo, Arame e Experimento cênico "Este circo da praia" e com as apresentações de artistas e grupos convidados: Dança do Ventre com Ítala Onâ, Parada de Mão com Rhayan Gomes, Apresentação de Hip Hop, Espetáculo "Pólo Marginal Opereta de Rua" dos Loucos e Oprimidos da Maciel.
FESTIM  é um evento que homenageia o circo numa festa estilo cabaré, com muitas atrações circenses, música e diversas outras linguagens artísticas.  O evento reune gratuitamente artistas, juventude e comunidade em nossa sede.
Vem comemorar conosco e homenagear o Circo, Teatro e Grafite.
SERVIÇO:
FESTIM Cultural - Homenageando o Circo, Teatro e Grafite
12 de abril
19h
Gratuito
Sede da Escola Pernambucana de Circo (Av. José Américo de Almeida, n. 05, Macaxeira, PE)
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Escola Pernambucana de Circo
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Agentes culturais debatem sobre gestão de grupos de teatro durante o III FEST
















Os dois últimos dias do III Festival Sergipano de Teatro também serão dedicados às reflexões e ao debate sobre a produção teatral. A programação acadêmica, que teve início na tarde desta segunda-feira, 08 de abril, no Palácio Museu Olímpio Campos, contou com o “Debate Vivo EnCena” e procurou instigar a classe artística a pensar o teatro de maneira dinâmica e criativa.Com o tema ‘Sustentabilidade e Prospecções para o Teatro: Gestão de Grupos’ e curadoria do pesquisador em gestão cultural, Expedito Araújo, representante do ‘Vivo EnCena’, o evento teve início com a apresentação de Tahíba Chaves, assessora Técnica de Produção Cultural na SESC Escola - RJ, que tratou da evolução histórica do teatro de grupo no Brasil a partir da perspectiva do mercado. Sua explanação abordou questões como a profissionalização dos artistas e a constituição da identidade de um grupo.As discussões prosseguiram com Ney Piacentini, presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, abordando a prática do teatro como um eterno aprendizado e destacando os desafios de se encontrar unidade em um grupo, e a partir daí atingir a sustentabilidade. Para Ney, que também é ator da Cia. Do Latão – SP, os fatores capazes de manter um grupo estão relacionados com a qualidade artística e estética que esse grupo apresenta. E continua, “A sustentabilidade é uma realidade que só pode ser construída por nós (a classe artística)”. Após as apresentações, a mesa foi aberta ao debate.Para Solange Gomes, produtora e jornalista, a importância de um espaço como este no III Festival Sergipano de Teatro está relacionada ao intercâmbio de conhecimentos. “O debate Vivo EnCena permitiu uma troca de informações com as visões dos que produzem teatro e de quem o consome”, destaca.
A programação acadêmica do III Festival Sergipano de Teatro segue até terça-feira, 09 de abril, das 15h às 18h. O próximo tema abordado será ‘Cultura, Digital e Mercado: Novas Práticas’ com participação de Priscilla D' Agostini, Gestora Cultural, Pesquisadora em Interações Midiáticas e Atriz do Grupo O Coletivo– MG, e Rubens Velloso, Diretor da Phila 7 e Produtor Cultural.
Sobre o Vivo EnCena
O Programa Cultural Vivo EnCena é uma iniciativa da Vivo que estimula o intercâmbio de projetos com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento do país e da sociedade como um todo. Neste âmbito, o teatro é pensado além do espetáculo, sendo estabelecida uma rede de ações com diversidade, empreendedorismo e criatividade, compartilhando histórias inspiradoras, conceitos inovadores e ideias transformadoras no âmbito da cultura.
O Vivo EnCena é realizado há três anos e está presente em 19 Estados, além de realizar ações próprias e a curadoria do Teatro Vivo, situado na capital paulista.
Sobre o III FEST
O III Festival Sergipano de Teatro é uma realização do Governo de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Cultura, e Instituto Banese. Apóiam o evento o Banese, Sated/SE, Fundação Aperipê e Shopping Riomar. A Vivo é a operadora oficial do evento.



Algumas imagens são capazes de resumir mil frases... No caso brasileiro, por exemplo, depois de 25 anos de ditadura militar, o uso das forças armadas para reprimir a sociedade se tornou desnecessário. O aparelho de repressão oficial deixou de ser o cassetete e o pau-de-arara e passou a ser a televisão, incutindo valores capitalistas e a visão de mundo estadunidense em grande parte da população. Hoje, nós somos nossos próprios CENSORES, nós mesmos nos reprimimos, nos vigiamos, nos podamos, nos controlamos. Várias gerações (sobretudo as que nasceram recebendo as lições matinais da "Xuxa"...) foram formadas com valores capitalistas intransigentes a repetir e defender uma visão de mundo norte-americana baseada no individualismo e no consumismo e que recusam (consciente ou inconscientemente) qualquer ideia que fuja do modelo "americano". Cercado por países de língua espanhola, o Brasil ignora a América Latina e é hoje um país absolutamente doutrinado pela música, pelo cinema e pela TV dos EUA, e mesmo os que se dizem mais críticos à "mídia", ao "sistema", à "Globo", ao "capitalismo", tem mais de 90% de suas referências culturais absolutamente restritas ao idioma inglês e sua cultura. Como temos dito desde o início, não basta descobrir que a Globo aliena, é preciso enxergar os efeitos dessa alienação perversa dentro de nós mesmos, que nos inviabiliza um outro mundo possível (ORG).




 12/05/2013 Tecnologia na Educação

Como a tecnologia está presente na sua sala de aula? Você sabe utilizar o computador, a internet, blogs, celulares, tablets, podcasts, projetores, câmeras e outros recursos para ensinar ainda melhor os conteúdos curriculares de cada disciplina? Navegue nos 108 links abaixo e dê um upgrade nas suas aulas. Há material para todos os segmentos. 

 AQUI

 

Site mostra como trabalhar a cultura digital na educação


Materiais produzidos por educadores de três escolas públicas de Pernambuco, Tocantins e Ceará estão sendo disponibilizados em um site para ajudar outros professores do ensino fundamental e médio a trabalharem a cultura digital em sala de aula. O recém lançado portal Telinha na Escola quer estimular educadores e alunos a experimentarem as novas tecnologias de uma forma criativa e que transforme os processos de aprendizagem.

Na sessão “aulas criativas”, por exemplo, há planos de aulas que o ajudam a ensinar sobre o uso das redes sociais, a realizar dinâmicas de reflexão sobre a história das mídias interativas no Brasil ou até mesmo a levar a história do hipertexto para a sala de aula. Na categoria “edição”, estão materiais que auxiliam na criação de vinhetas animadas ou vídeos literários. Enquanto em “mobilidade”, é possível achar conteúdos que orientam o professor a trabalhar temas como mídia e cidadania usando máquinas fotográficas e aparelhos celulares.

 

crédito aleciccotelli / Fotolia.com

 

O site é resultado de um trabalho realizado, desde 2009, pela ONG Casa da Árvore, nas escolas Arraial Novo do Bom Jesus (PE), Don Alano (TO) e Joaquim Alves (CE). A instituição vem capacitando professores para pensarem e produzirem aulas usando as novas tecnologias. E tudo que é realizado nessas escolas fica disponível para uso livre e aberto (em licença Creative Commons) e pode ser editado, modificado e reproduzido livremente por qualquer educador.

Segundo Aluísio Cavalcante, coordenador do projeto Telinha na Escola, o portal visa estimular professores a desenvolverem e mediarem aulas usando recursos como redes sociais, audiovisual e mapas digitais. “As aulas inovadoras e criativas realizadas pelos professores servem apenas como um ponto de partida para a construção da experiência em novas tecnologias”, afirma. “Nossa ideia é ter uma interface muito simples, que permita uma navegação mais autônoma onde cada um possa aprender aquilo que quer da forma que acha melhor”, diz Cavalcante.

Arraial Novo do Bom Jesus

Presente na escola municipal Arraial Novo do Bom Jesus, de Recife, desde o início do ano passado, o projeto está capacitando mais de 40 professores do ensino fundamental para o uso dessas ferramentas. Segundo Amanda Morais, diretora da escola, a cultura digital já existia no colégio, mas de modo muito superficial. “Se o professor domina as tecnologias, ele consegue envolver mais os alunos e trabalhar os conteúdos em novos formatos”, afirma. “A iniciativa trouxe um novo gás e aumentou a autoestima dos professores, que estão aprendendo na prática e na própria escola, o que tem ajudado também a fortalecer o trabalho em equipe”, diz.

De acordo com Amanda, uma das surpresas foi o fato de os alunos não dominarem tão bem as tecnologias como o previsto. “Achávamos que os estudantes tinham mais conhecimento do que os professores, mas descobrimos que eles precisavam aprender e se apropriar melhor dessa nova cultura. O que motivou ainda mais os professores.”



Algumas imagens são capazes de resumir mil frases... No caso brasileiro, por exemplo, depois de 25 anos de ditadura militar, o uso das forças armadas para reprimir a sociedade se tornou desnecessário. O aparelho de repressão oficial deixou de ser o cassetete e o pau-de-arara e passou a ser a televisão, incutindo valores capitalistas e a visão de mundo estadunidense em grande parte da população. Hoje, nós somos nossos próprios CENSORES, nós mesmos nos reprimimos, nos vigiamos, nos podamos, nos controlamos. Várias gerações (sobretudo as que nasceram recebendo as lições matinais da "Xuxa"...) foram formadas com valores capitalistas intransigentes a repetir e defender uma visão de mundo norte-americana baseada no individualismo e no consumismo e que recusam (consciente ou inconscientemente) qualquer ideia que fuja do modelo "americano". Cercado por países de língua espanhola, o Brasil ignora a América Latina e é hoje um país absolutamente doutrinado pela música, pelo cinema e pela TV dos EUA, e mesmo os que se dizem mais críticos à "mídia", ao "sistema", à "Globo", ao "capitalismo", tem mais de 90% de suas referências culturais absolutamente restritas ao idioma inglês e sua cultura. Como temos dito desde o início, não basta descobrir que a Globo aliena, é preciso enxergar os efeitos dessa alienação perversa dentro de nós mesmos, que nos inviabiliza um outro mundo possível (ORG).